17 de jan. de 2015

Jesus, aproximação histórica

Trata-se de uma excelente novidade editorial da Vozes. Refere-se à nona edição de um livro que vem se tornando bestseller na Espanha, com traduções ao Catalão (Claret), Euskera (Idatz), Italiano (Borla) e Inglês (Paperback). A primeira edição do livro foi publicada na Espanha em setembro de 2007 pela editora PPC (dos religiosos marianistas) e logo alcançou grande sucesso, chegando à oitava edição em fevereiro de 2008. Foi uma acolhida “muito mais ampla e positiva” que a esperada pelo próprio autor, José Antonio Pagola, com formação em teologia e ciências bíblicas pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Pontifício Instituto Bíblico de Roma e Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. A obra provocou igualmente criticas negativas e reações do episcopado espanhol. A primeira delas partiu de Mons. Demetrio Fernández, bispo de Tarazona, que em carta pastoral de dezembro de 2007 assinalou que a “tentação ariana” assoma a obra em seu conjunto. Veio em seguida a apreciação crítica de José Rico Pavés, diretor do Secretariado Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), que sinaliza o risco de um “dissenso sutil e daninho” na investigação histórica realizada por Pagola sobre o ensinamento de Jesus. Todas as reações culminaram na nota de clarificação sobre o livro feita pela Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CEE, publicada em junho de 2008, que apontou deficiências da obra tanto no plano metodológico como doutrinal. A preocupação maior relacionava-se ao que consideravam uma “apresentação reducionista de Jesus como um mero profeta” e a “negação de sua consciência filial divina”, além de outras questões conexas. Leia mais em:

9 de jan. de 2015

O Céu Aberto

                                                                                                          Júlio Lázaro Torma*
                                        " Tu es meu Filho amado, em ti ponho meu bem querer"
                                                                                                           ( Mc 1,110
   Estamos em nossas comunidades celebrando a Festa do Batismo do Senhor. O batismo está ligado a Festa da Epifania. Onde encerramos o Ciclo Natalino e iniciamos o tempo comum até a quarta feira de cinzas.
    Marcos inicia o seu Evangelho, dando destaque ao Batismo de Jesus no rio Jordão.  No seio das comunidades de Marcos havia um debate entre aqueles que aderiram a fé e aqueles que ingressaram nas comunidades mediante a pregação apostólica. Os discípulos de João Batista, os mandeus, como Apolo e outros haviam aderido a comunidade do " caminho", como os encontrados na comunidade de Éfeso ( At 18,24-19,7).
   O Batismo de Batista era um batismo de conversão e de purificação. Na qual vem ao encontro do desejo de todo o homem e mulher de mudar de vida, reorganizar e organizar a sua vida, procurando um novo estilo de vida diferente daquele em que vivemos.
    João Batista pregava: " Fazei penitência, endireitai os vossos caminhos". Isso vai ao encontro ao que vem do fundo da nossa consciência, quantas vezes nós não falamos, " eu vou mudar", ' preciso mudar", ' quero mudar", ' não vou mais fazer isso", ' devo ser melhor", " preciso agir de maneira mais digna" e " não vou fazer mais isso ou aquilo", " devo fazer tudo diferente do que eu fiz até agora".
    Essa vontade de purificação é nobre e indispensável, mas não basta. Esforçamos para corrigir os nossos erros, defeitos, mudarmos as nossas atitudes, ser mais responsáveis, cumprir os nossos deveres e propósitos.
     E acabamos caindo na mesmice e praticando os mesmos erros e atos de sempre. O João Batista reconhece o limite de seu esforço:" Eu batizo vocês com água, mas ele vos batizara com o Espírito Santo com fogo" ( Mt 3,11).
     O Batismo de Jesus supera radicalmente a mensagem de João Batista. O céu que estava fechado agora se abre não para os castigos, nem o machado está na mão para cortar, nem a pá para atirar no fogo" ( Mt 3,7-12), como anunciava João Batista e os outros movimentos batistas ao longo do rio Jordão.
    Se pelo pecado de Adão ( Gn 3) o céu se fechou sobre a terra e o gênero humano, Pelo batismo de Jesus o novo Adão, o céu se abriu para o gênero humano e a criação. Pois o céu se abre e Deus fonte de Amor, nos derrama o seu amor. Se Deus é Amor, então ele só pode nos dar Amor, Paz, Bondade mesmo que nós erramos. Em Cristo nos tornamos os " filhos e filhas de Deus". Nos tornamos " Filho e Filha muito amado". A mensagem nos deixa claro, que com Jesus os céus outrora fechados, agora está aberto, mesmo que a gente erra e viva na mesmice ou numa vida medíocre. Pois a voz que Jesus escutou de Deus nos fala para cada um de nós:" Tu és meu filho amado; em ti ponho meu bem querer" ( Mc 1,11).
    Mesmo que vivemos numa vida errada, devemos nos purificar constantemente, mas como dom da " dignidade de filhos e filhas de Deus', da qual devemos cuidar com alegria e agradecimentos.
      Para quem vive está fé, a sua vida está cheia de momentos de graça, o nascimento de um filho, o contato com uma pessoa boa, a experiência de um amor puro,  honesto, sincero e verdadeiro... que põe em nossa vida uma luz e um calor novos.
      De repente parece -nos  ver o " céu aberto". Algo novo começa em nós, sentimo-nos vivos, desperta o melhor que existe em nosso coração. O que talvez tenhamos sonhado secretamente nos é dado agora de forma inesperada; um novo inicio, uma purificação diferente, um " batismo do Espírito". Por trás destas experiências está Deus amando- nos como Pai. Está seu Amor e o seu Espírito " doador de vida"(1)
   1.José Antonio Pagola:" O Caminho Aberto por Jesus- Marcos, Ed Vozes. Petrópolis, 2013
                                                 Mc 1, 7-11
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   * Membro do colegiado Nacional da Pastoral Operária