Uma família de classe média almoçava em um restaurante quando o filho de apenas quatro anos, gritou animado: “olá amigo!” batendo na mesa com suas mãozinhas gordas. Com muita satisfação ele ria se retorcendo. Os pais olharam em volta e viram que a razão de seu contentamento: era um homem em farrapos, com casaco jogado nos ombros, sujo, engordurado, rasgado, suas calças eram trapos, com costuras abertas pela metade e seus dedos apareciam através do que um dia foram sapatos. Sua camisa estava suja, seu cabelo não era penteado por muito tempo. Estava longe, na entrada, mas seguramente cheirava mal.
Suas mãos começaram a se mexer para saudá-lo:
“Olá nenê, como está? – disse o homem para Daniel.
O casal se olhou, pensando no que fazer?
Daniel continuou rindo e respondeu: “olá amigo, olá”.
Todos do restaurante olharam ora para o casal, ora para o mendigo. Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o menino como um bebê, ninguém via no que o homem estava fazendo algo de simpático. Pensavam apenas que obviamente ele estava bêbado. Os pais da criança estavam envergonhados, comendo em silêncio, menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo seu repertório ao desconhecido a quem conquistava com suas criancices.
Finalmente terminaram de comer e se dirigiam à porta, a mãe foi pagar a conta.
O velho se encontrava muito perto da saída – “Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que esse louco fale com Daniel” – pensou o Pai enquanto caminhava em direção ao homem.
Estufou um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um pouco do ar que ele pudesse estar exalando. Enquanto o pai assim agia, Daniel soltou-se rapidamente e foi correndo na direção daquele velhinho, estendeu seus braços na posição de carregá-lo. Antes que alguém pudesse impedir Daniel se jogou nos braços do homem. Rapidamente o velho e o menino se abraçaram.
Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão recostou sua cabeça no ombro do desconhecido. O velhinho fechou os olhos e se viam lágrimas correndo em sua face. Sua velhas e mal tratadas mãos, cheias de cicatrizes de trabalhos duros, suavemente acariciava as costas de Daniel.
Nunca dois seres haviam se amado tão profundamente em tão pouco tempo. O velho homem, com Daniel em seus braços, por um momento abriu seus olhos e olhando diretamente para os olhos do pai e da mãe do garoto, disse com voz forte e segura: “Cuida deste menino”. De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, o pai respondeu: “assim o farei”.
Ele afastou Daniel do seu peito, lentamente como se sentisse uma dor e disse: “Deus o abençoe senhor. Me deu um presente maravilhoso”.
O pai e a mãe confidenciaram que haviam presenciado o amor de Cristo através da inocência de um pequeno menino, que não via pecado e que não fazia juízo. O menino que viu a alma e os adultos que viram um montão de roupa suja.
O casal se viu como cristãos cegos, carregando um menino que não era seu! E sentiam que Deus estava perguntando se estavam dispostos a dividir seu filho por um momento?” quando ele compartilhou seu Filho por toda eternidade!
O velho sujo inconscientemente fez ambos recordarem – Aquele que não aceite o Reino de Deus como um menino não entrará nele!
Fonte: Contando Historias de Frei Cícero Araújo da Silva
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