28 de nov. de 2011

Extremos climáticos mais prováveis no futuro


Rui Curado Silva
Rui Curado Silva
Investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra
 
 
Foi classificado como provável (>60% de certeza) que os ciclones tropicais no futuro ocorram menos vezes por ano, no entanto em média estes serão cada vez mais intensos. Foto U.S. Geological Survey/Flickr.

O IPCC lançou esta semana um relatório que estabelece como provável (grau de certeza superior a 60%) o aumento da frequência de fenómenos climáticos extremos, caso prossiga o aquecimento global do planeta.
O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) lançou esta semana um resumo para decisores políticos baseado num relatório científico sobre fenómenos climáticos extremos a ser publicado em fevereiro de 2012. Este relatório surge a pedido de um conjunto de chefes de estado de países recentemente afetados por catástrofes naturais fora do comum. O relatório foi elaborado por 220 investigadores de 62 países diferentes, teve 18784 comentários e revisões realizadas pelos melhores especialistas em cada domínio e foi baseado em milhares de artigos científicos publicados nas melhores revistas da especialidade com arbitragem pelos pares.
O relatório estabelece como provável (grau de certeza superior a 60%) o aumento da frequência de fenómenos climáticos extremos, caso prossiga o aquecimento global do planeta. Classifica-se como muito provável (certeza superior a 90%) que o aumento das emissões de gases de efeito de estufa seja responsável pela maior ocorrência de dias e noites muito quentes e pela diminuição do número de dias e de noites muito frias. Pela mesma razão aumentou a duração média das secas bem como a sua intensidade. Foi classificado como provável (>60% de certeza) que os ciclones tropicais no futuro ocorram menos vezes por ano, no entanto em média estes serão cada vez mais intensos. 
No entanto, o IPCC ressalva que os extremos climáticos são fenómenos raros, sobre os quais há menos dados e alguns deles estudados apenas desde há algumas décadas. Outra dificuldade neste trabalho é o facto de alguns destes fenómenos serem muito localizados a certas regiões do mundo, por exemplo os fenómenos climáticos extremos que ocorrem nos pólos são muito diferentes dos que ocorrem nos trópicos. Ilhas, regiões costeiras, regiões montanhosas e periferias urbanas muito recentes construídas em mega-cidades foram identificadas como as zonas onde os fenómenos climáticos extremos têm maior impacto. Estes são também fenómenos de maior complexidade sobre os quais é mais difícil estabelecer com maior certeza os aspetos científicos (física, química, geologia, etc.) que estão na sua origem. Apesar desta ressalva, a probabilidade elevada (> 60%) e os elevados custos económicos e em vidas humanas que comportam estas catástrofes naturais, por precaução, seria desejável que o combate às alterações climáticas prosseguisse com maior determinação.

fonte: esquerda net

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