17 de jan. de 2013

A Margem do Sagrado


                                      Júlio Lázaro Torma*
                                              " Fazei o que ele vos disser"
                                                                ( Jo 2,5)
  Vamos em nossas comunidades cristãs, neste segundo final de semana do Tempo Comum; ler, meditar e rezar sobre as Bodas de Caná.
  Onde as comunidades joaninas nos apresentam o Primeiro Milagre de Jesus em nosso meio.
  O primeiro relato do " Livrinho dos Sinais"( Jo 1,1-12,50), em que revelam Jesus aos homens e mulheres,não acontece num ambiente sagrado, fechado no meio dos puros e considerados santificados.
  Não é na capital Jerusalém, no meio da elite,dos chamados formadores de opinião, no templo o local sagrado,onde morava o Senhor ( Sl 121).
  O Templo era o local sagrado, símbolo da unidade nacional e da religião oficial,com as suas normas e ritos.
  O primeiro sinal de Jesus inicia as margens do poder o que simboliza a sua vida pública e a sua redenção.
  Estamos em Caná da Galiléia, uma pequena aldeia á 10 km de Nazaré, rodeada de verdejantes olivais, um ambiente poético e romântico para uma festa de casamento e para Jesus realizar o seu primeiro sinal.
  Entre rústicos, pobres camponeses, numa aldeia Jesus, Maria e os discípulos estão presentes.As bodas durava dias e reunia parentes, amigos dos noivos, parava a aldeia, era regada com muita comida, música, dança e vinho.
  Faltar vinho era sinal de mau agouro ou desrespeito aos convidados da festa, seriá uma grande decepção dos recém casados.
  Jesus convida os primeiros discípulos a ir a " bebedeira", a festa de casamento.Alguns deles estão decepcionados com Jesus, ele destruiu as sua expectativas. Eles eram membros do movimento batista, João era rígido e severo( Mt 3,1-12) e Jesus não era assim o que leva a deixa de João Batista " És tu o que há de vir ou devemos esperar outro"( Lc 7,19) e Jesus " come e bebe"( Lc 7,34).
  No meio da Festa falta vinho, a alegria; decepção e tristeza para o jovem casal e seus familiares.Maria pede a Jesus que faça alguma coisa,ele fala que não chegou a sua hora.
A hora de se revelar ao mundo,da sua glória que acontecerá o grande mistério pascal da sua morte e ressurreição.
  Ele não desrespeita e nem despreza o pedido de sua mãe amada, ao contrário escuta e atende o seu pedido e alegra aquela multidão com o melhor vinho de bom sabor e agradável ao paladar.
  Segundo o Pe. Marcel Domergue ( S.J); " Caná é a maneira pela qual João prefigura a glória do Cristo, todo dedicado as suas bodas pascais com a humanidade,está cena revela o que Jesus é e o que ira cumprir".
  Se na festa de matrimônio na casa ,Jesus mostrou seu amor e compaixão para com o jovem casal e santificou o amor entre homem e mulher, dois seres que se amam.
  No alto da cruz, onde de seu corpo jorrou sangue e água ( Jo 19,34) e no terceiro dia após a sua morte ressuscitou,selou o seu Amor com toda a humanidade,onde ele próprio se entregou na cruz por amor e nos redimiu de toda a culpa e pecado.Onde no ambiente profano do Calvário ele faz uma aliança com todos nós.
  Ele usa os locais de rituais de purificação do povo, onde eles se purificavam.Para mostrar que a verdadeira religião não tem medo do pecado.O importante é receber o Espírito. Este vinho novo faz com que a gente rompa com o velho homem, com o passado.
Com as normas, regras que nos aprisionam e nos afastam de DEUS e dos irmãos mais sofridos.
  Ao receber o Espírito somos impulsionados a ir ao encontro do outro, ver no outro um irmão, outro " eu" e que ele é também Filho e Filha de Deus e romper com a minha mesquinhez e arrogância da minha vã sabedoria.
  O episódio de Caná é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de toda a atividade de Jesus: com a sua palavra e ação, Jesus transforma as relações dos homens com Deus e dos homens entre si.
  E toda ação de Jesus acontece e se realiza as margens dos poderes oficiais e constituídos, acontece no absurdo onde ninguém quer ver.
 Estão todos/as convidados/as e bom final de semana e boas meditações Jo 2, 1-11.

  * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

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