Júlio Lázaro
Torma*
" Não houve quem voltasse para dar glória a Deus a não ser este
estrangeiro"
( Lc 17,18)
O Evangelista Lucas, nos apresenta a terceira etapa da caminhada de
Jesus para Jerusalém, estamos na reta final. Agora Jesus nos fala do invisível que
é o Reino de Deus que se anuncia em nosso meio.
Jesus caminha pela Galiléia ( Norte), Samaria ( Centro), rumo a
Jerusalém ao sul. Neste percurso ele encontra dez portadores de
hanseníase e um deles era um estrangeiro natural da Samaria.
Os samaritanos eram pessoas desprezadas pelos judeus,por terem sido
colonizados no século VII a.C,por povos estrangeiros trasladados pela
política de instalação do império Assírio (II Rs 17,24-41), onde houve
uma micegenação com a população pobre que havia ficado no territorio
após a destruição do Reino do Norte.
Os portadores de hanseníase segundo a lei Mosaíca (Lv 13-14), deveriam
ficar longe das pessoas para evitar o contágio e era considerado impuro
quem tivesse algum contato com eles. A comprovação de sua cura
era reconhecido pelo Sumo Sacerdote, a autoridade máxima que tinha a
missão de reintegra-los ao convivio da comunidade e da sociedade.
O Evangelista faz um paralelo entre a missão de Jesus e de Elias.Jesus
nas comunidades lucanas é o " novo Elias". Aqui a cura do samaritano é o
paralelo ao sírio Naamã ( II Rs 5,14-17), curado pelo profeta Eliseu,
como falava Jesus:
" Igualmente no tempo de Eliseu havia muitos leprosos, mas nenhum deles foi limpo senão o sírio Naamã ( Lc 4,27).
Lucas não está interessado, como se deu a cura dos portadores de
hanseníase ( lepra), mas na fé deles.Onde nos fala do encontro de Jesus
com aqueles que mais sofrem e que estão jogados as margens da sociedade
que cada vez mais exclui as pessoas.
Jesus cura dez portadores de hanseníase, que se
alegram ao integrar a sociedade.O estrangeiro volta a Jesus para
agradecer a dupla inclusão a sociedade em que estava excluído por ser
estrangeiro e por estar portando uma doença endêmica.
Olhando a passagem nos mostra de que a Igreja ( comunidade), não deve
ficar fechada, isolada em ritualismos, normas e dogmas que acabam
afastando as pessoas da FÉ, mas que deve ligar as pessoas a mensagem
libertadora trazida por Jesus.
E
ao mesmo tempo em que nós não devemos privatizar a mensagem de Jesus
como se nós fôssemos os únicos e verdadeiros destinatários.
A Fé ela transpõe as barreiras, que divide o ser humano, onde através
da fé o estrangeiro Naamã e o samaritano, considerados impuros,
excluídos, são lavado" batizado" (
purificado) e curado, resgatado e começam a participar da comunidade e
tem a vida.
O samaritano não crente, agradece a Jesus por te-lo dado a vida e a dignidade.
Muitas vezes nós crentes nos esquecemos de glorificar e agradecer a
Deus. Enquanto aqueles que não estão na nossa grei, não conhecem Jesus e
que ficam indiferente, não práticam a religião.Sentem a maior admiração
por Jesus, do que nós cristãos.
Bento XVI, advertia que um agnóstico em busca pode estar mais próximo de
Deus do que um cristão rotineiro que é só por tradição e herança.
Uma Fé que não gera nos crentes alegria é uma fé enferma.
Boas meditações
Lc 17,11-19
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* Membro do Colégiado da Pastoral Operária Nacional
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