A Alemanha conseguiu a cumplicidade da
presidência lituana da União Europeia para assegurar o terceiro
adiamento consecutivo da votação de uma proposta no sentido de limitar
as emissões de dióxido de carbono por veículos automóveis a 95 gramas
por quilometro em 2020.
Alemanha bloqueou pela terceira vez um compromisso europeu para reduzir emissões de CO2 nos automóveis.
A organização Transport & Environment
(T&E) adverte que a Alemanha pretende que os gigantes da sua
indústria automóvel continuem a tirar vantagem do fabrico de veículos
que não estejam submetidos a limites mais restritos de emissões apesar
de, segundo informa, as provas demonstrarem que é tecnicamente possível
atingir o limite de 95g/Km até 2020, um esforço que será compensado do
ponto de vista econômico em dois a três anos.
Segundo a informação de T&E, a Alemanha alega que estará pronta
para votar o assunto “quando houver indícios autênticos de que a nossa
proposta tem apoios suficientes”. A organização responde que este “abuso
grosseiro do processo democrático na União Europeia tem como objectivo
garantir vantagens competitivas à BMW e à Daimler, que já beneficiam de
níveis mais elevados do que a média da concorrência, obtêm lucros
recorde através disso enquanto se orgulham da sua engenharia de
excelência”.
Greg Archer, responsável pela área de veículos limpos da T&E,
considera que o Conselho Europeu deveria tomar uma decisão “e depressa”.
Ou ratifica um acordo que tem o apoio generalizado de fabricantes,
consumidores e da maioria dos países da União Europeia ou então
rejeita-o e reabre negociações com o Parlamento Europeu. Archer propõe
que se o acordo continuar a ser bloqueado o Parlamento Europeu deve
insistir nos seus objectivos de 68 gramas de dióxido de carbono por quilômetro para 2025.
A Alemanha, segundo T&E, tem vindo a exercer fortes pressões sobre
países da União, principalmente os da sua área de influência econômica e
nos quais baseia o fabrico de componentes para a sua indústria
automóvel. Essa táctica tem vindo a ser bem sucedida em termos de
protelar as decisões.
T&E lembra que dentro de um mês estão previstas as negociações
climáticas no âmbito da conferência da ONU, onde o resto do mundo
aguarda as posições da União Europeia em emissões de carbono. “Reduzir
as ambições dos níveis de CO2 dos veículos automóveis aos padrões
norte-americanos será um golpe fatal na credibilidade da União
Europeia”, afirmou Greg Archer.
Segundo o último relatório anual,
quatro fabricantes de automóveis atingiram já o nível de 130 gramas de
dióxido de carbono por quilômetro para 2015 e a maioria está no bom
caminho para chegar aos 95g/Km em 2020.
Fonte: http://www.esquerda.net
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