9,6 milhões de jovens brasileiros,
entre 15 e 29 anos, não estudam nem trabalham.
(
Foto: Reprodução)
Minha
amiga, Gilda Portugal Gouvêa, diz que seu partido político se chama
educação. Quem dera os partidos no poder não tratassem a educação com
tanto descaso. Basta dizer que o PNE (Plano Nacional de Educação),encaminhado ao Congresso em 2010, foi votado no Senado somente agora em
dezembro de 2013. E retorna à Câmara dos Deputados ano que vem…
Talvez convenha aos “300 picaretas” do Congresso que a nossa gente prossiga inculta. Caso contrário, eles não seriam eleitos, reeleitos, imortalizados na política brasileira, tratando-a como seu feudo.
O Pisa, que mede a qualidade da educação de alunos de 6 a 15 anos no mundo, acaba de divulgar seu relatório 2003-2012. Entre 65 nações, o Brasil ocupa o vergonhoso 58o lugar, embora tenha tido o maior avanço em matemática entre alunos de 15 anos. Porém, pioramos dois pontos em matéria de leitura (haja TV e internet!) e não avançamos nem um ponto em ciências.
Nosso governo investe pouco em educação. Pouco mais de 5% do PIB. O PNE propõe subir para 10%. O ideal seriam 12 a 15%, como fizeram os países da Ásia que, hoje, ocupam os primeiros lugares em educação de qualidade.
Não há árvore sólida sem raízes profundas. O Brasil jamais investiu e incentivou a educação infantil, de 0 a 6 anos. Ela é a base para que as pessoas venham a ter melhor desempenho na escola e na atividade profissional.
Nosso país gasta o equivalente a US$ 26.765 (cerca de R$ 63 mil) por aluno entre 6 e 15 anos. Menos de 1/3 do que é mundialmente recomendado: US$ 83.382 (cerca de R$ 196 mil) por estudante ao longo de 9 anos. Entre 49 países, ocupamos a 38a posição em gastos com a educação.
Nos países melhor avaliados, os recursos destinados à educação são mais equitativamente distribuídos entre escolas que atendem pobres e ricos. Aqui não. O ensino público está sucateado, os professores ganham mal e não dispõem de tempo de pesquisas e aprimoramento, as instalações são precárias, e a falta de tempo integral dos alunos na escola nos impede de vir a ser uma nação culta, com profissionais altamente qualificados. Nem sequer dispomos de um plano de valorização do professor.
O Vietnã, por exemplo, gasta apenas US$ 6.969 (cerca de R$ 16,4 mil) por aluno entre 6 e 15 anos, mas o faz tão bem que ocupa o 15º lugar na avaliação do Pisa, 41 postos acima do Brasil. Aliás, o Vietnã venceu os EUA pela segunda vez: a primeira, ao derrotá-los na guerra (1965-1975) e, agora, superou-os nas avaliações de matemática e ciências.
Entre os estados do Brasil, o que recebeu melhor nota no Pisa 2012 foi o Espírito Santo. O Distrito Federal ficou em 2º lugar. Minas, em 6º, São Paulo em 7º. E Rio em 10º. Na rabeira figuram Maranhão e Alagoas, governados até hoje por oligarquias políticas.
Entre 2003 e 2012 foram incluídos nas escolas 420 mil crianças e jovens. O governo federal se gaba disso. Mas, e a qualidade do ensino? Por que o Brasil se sai tão mal nas avaliações do item educação?
Pesquisa recente em 100 universidades dos países emergentes (Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul, Turquia, Polônia, Taiwan e Tailândia) apontou apenas 4 de nossas universidades no ranking: USP (11ª), Unicamp (24ª), UFRJ (60ª) e Unesp (87ª). A China aparece no topo, e com 23 universidades entre as 100.
Dados do IBGE (Pnad 2012) divulgados na última semana de novembro revelam algo estarrecedor: 9,6 milhões de jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, não estudam nem trabalham. É a turma do “nem nem”. Isto equivale a 1 entre cada 5 pessoas da respectiva faixa etária. Mais do que a população de Pernambuco, que no Censo de 2010 somava 8,7 milhões de pessoas.
Diante desse dado, não surpreende a força do narcotráfico e o alto número de jovens daquela faixa de idade que são assassinos ou assassinados. Como viver ou se ocupar sem estudar e¤ou trabalhar?
Neste Natal, se ainda acreditasse em Papai Noel, eu pediria a ele o único presente capaz de salvar a nação brasileira: educação. Como a ilusão acabou, resta a mim e a todos a ação cidadã, para que educação seja considerada prioridade nacional. A começar pela aprovação do projeto do senador Cristovam Buarque, que obriga todo político a matricular seus filhos em escolas públicas.
Talvez convenha aos “300 picaretas” do Congresso que a nossa gente prossiga inculta. Caso contrário, eles não seriam eleitos, reeleitos, imortalizados na política brasileira, tratando-a como seu feudo.
O Pisa, que mede a qualidade da educação de alunos de 6 a 15 anos no mundo, acaba de divulgar seu relatório 2003-2012. Entre 65 nações, o Brasil ocupa o vergonhoso 58o lugar, embora tenha tido o maior avanço em matemática entre alunos de 15 anos. Porém, pioramos dois pontos em matéria de leitura (haja TV e internet!) e não avançamos nem um ponto em ciências.
Nosso governo investe pouco em educação. Pouco mais de 5% do PIB. O PNE propõe subir para 10%. O ideal seriam 12 a 15%, como fizeram os países da Ásia que, hoje, ocupam os primeiros lugares em educação de qualidade.
Não há árvore sólida sem raízes profundas. O Brasil jamais investiu e incentivou a educação infantil, de 0 a 6 anos. Ela é a base para que as pessoas venham a ter melhor desempenho na escola e na atividade profissional.
Nosso país gasta o equivalente a US$ 26.765 (cerca de R$ 63 mil) por aluno entre 6 e 15 anos. Menos de 1/3 do que é mundialmente recomendado: US$ 83.382 (cerca de R$ 196 mil) por estudante ao longo de 9 anos. Entre 49 países, ocupamos a 38a posição em gastos com a educação.
Nos países melhor avaliados, os recursos destinados à educação são mais equitativamente distribuídos entre escolas que atendem pobres e ricos. Aqui não. O ensino público está sucateado, os professores ganham mal e não dispõem de tempo de pesquisas e aprimoramento, as instalações são precárias, e a falta de tempo integral dos alunos na escola nos impede de vir a ser uma nação culta, com profissionais altamente qualificados. Nem sequer dispomos de um plano de valorização do professor.
O Vietnã, por exemplo, gasta apenas US$ 6.969 (cerca de R$ 16,4 mil) por aluno entre 6 e 15 anos, mas o faz tão bem que ocupa o 15º lugar na avaliação do Pisa, 41 postos acima do Brasil. Aliás, o Vietnã venceu os EUA pela segunda vez: a primeira, ao derrotá-los na guerra (1965-1975) e, agora, superou-os nas avaliações de matemática e ciências.
Entre os estados do Brasil, o que recebeu melhor nota no Pisa 2012 foi o Espírito Santo. O Distrito Federal ficou em 2º lugar. Minas, em 6º, São Paulo em 7º. E Rio em 10º. Na rabeira figuram Maranhão e Alagoas, governados até hoje por oligarquias políticas.
Entre 2003 e 2012 foram incluídos nas escolas 420 mil crianças e jovens. O governo federal se gaba disso. Mas, e a qualidade do ensino? Por que o Brasil se sai tão mal nas avaliações do item educação?
Pesquisa recente em 100 universidades dos países emergentes (Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul, Turquia, Polônia, Taiwan e Tailândia) apontou apenas 4 de nossas universidades no ranking: USP (11ª), Unicamp (24ª), UFRJ (60ª) e Unesp (87ª). A China aparece no topo, e com 23 universidades entre as 100.
Dados do IBGE (Pnad 2012) divulgados na última semana de novembro revelam algo estarrecedor: 9,6 milhões de jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, não estudam nem trabalham. É a turma do “nem nem”. Isto equivale a 1 entre cada 5 pessoas da respectiva faixa etária. Mais do que a população de Pernambuco, que no Censo de 2010 somava 8,7 milhões de pessoas.
Diante desse dado, não surpreende a força do narcotráfico e o alto número de jovens daquela faixa de idade que são assassinos ou assassinados. Como viver ou se ocupar sem estudar e¤ou trabalhar?
Neste Natal, se ainda acreditasse em Papai Noel, eu pediria a ele o único presente capaz de salvar a nação brasileira: educação. Como a ilusão acabou, resta a mim e a todos a ação cidadã, para que educação seja considerada prioridade nacional. A começar pela aprovação do projeto do senador Cristovam Buarque, que obriga todo político a matricular seus filhos em escolas públicas.
Frei Betto é escritor e religioso dominicano. Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Foi assessor especial da Presidência da República entre 2003 e 2004. É autor de "Batismo de Sangue", e "A Mosca Azul", entre outros.
Fonte: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4014
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