GERAÇÃO “CABEÇA BAIXA”
É bom que se diga que a tecnologia não é coisa de hoje. Não foi Bill
Gates que lha inventou. Conforme suas origens na Grécia Antiga, a
tecnologia é o conhecimento científico (teoria) – teoria quer dizer ver
com o espírito - transformado em técnica (habilidade). “A tecnologia
envolve um conjunto organizado e sistematizado de diferentes
conhecimentos científicos, empíricos e até intuitivos, voltados para um
processo de aplicação na produção e na comercialização de bens e
serviços” (GRISPUN, 1999, 49). Isso quer dizer que todas as gerações
vivem a sua tecnologia. Antigamente, uma geração era definida a cada 25
anos. Nos tempos atuais, no entanto, não é preciso esperar muito e -
afirma-se - que a cada 10 anos surge uma nova geração. Nesse sentido, a
história registrou a Geração Baby Boomer (os nascidos após a Guerra de
1945), a Geração X (geração diretas já e o fim da ditadura), a Geração Y
(a geração da tecnologia e da inovação a qualquer custo) e a Geração Z
(os jovens nascidos na década de noventa do século passado, cujo perfil é
imediatista, com características nano tecnológicas). Como uma espécie
de subgrupo da geração Y e Z, surge a “Geração Cabeça Baixa”. Não
entenda “cabeça baixa” como uma atitude de respeito ao interlocutor,
atenção aos mais velhos ou uma obediência cega, muito pelo contrário. A
Geração “Cabeça Baixa” é imposição, é aquela que não olha no olho porque
não tira o olho do seu brinquedo eletrônico (iphone, ipad, tablet e
todas as mídias digitais). Essa geração está estabelecendo uma relação
interpessoal com as coisas e uma relação coisificada com as pessoas. Que
paradoxo! Não se levanta a cabeça para falar com o outro porque o
entretenimento privativo é a regra maior. Afinal de contas, hoje, no
Brasil, por exemplo, tem mais celular habilitado do que gente registrada
nos Cartórios de Pessoas Naturais. Foi-se observado – pasmem!- que as
pessoas se reúnem em bares, eventos sociais e até casais em momentos de
intimidade, mas não são capazes de conversar viva voz, de estabelecer
uma comunicação direta, e sim mediante as ferramentas digitais
oferecidas pelo mercado, muitas vezes em tom de exibicionismo,
exclusividade e, por conseguinte, status. Hoje, já é possível observar
uma roda de amigos e cada um – em silêncio – com o seu instrumento
eletrônico mais moderno, última geração, teclando com aqueles que estão
longe. E aqueles que estão próximos? A verdade é que não basta ser
alfabetizado e conhecer os “ícones” para dominar a tecnologia,
precisa-se, de fato, de uma educação tecnológica que deixe on line as
pessoas de longe e, sobretudo, as pessoas de perto. Portanto, a “Geração
Cabeça Baixa” está encurvada diante de si mesma ou, o que é pior, está
adorando o digital em detrimento do analógico, o ser humano. Aqui,
analógico quer dizer, a terapia do abraço, da atenção, do cafuné, do bom
dia, do “verdadeiro mundo real”, da pessoa humana em “tempo real”. Por
isso, é preciso viver de cabeça erguida, com os olhos fixos na
verdadeira vida, que está n’ Ele, o Ressuscitado, vivo e glorioso. Com
isso, faz-se eco a um bordão de um famoso radialista chamado Newton
Moura Costa, que hoje surge como um apelo: “Levante a cabeça. Não
esmoreça. Pra frente é que se anda!”
Sobre o autor
Frei José Jorge Rocha
Professor na Universidade
Católica do Salvador, Formador do Pós-Noviciado I e II, Guardião da
Fraternidade Frei Urbano em Salvador-BA.
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