Uma anaslise comparativa de um novo estudo da Universidade da Califórnia revela que nos últimos 135 anos a temperatura do mar aumentou 0,33°C em média e 0,59°C na superfície, oferecendo novas informações sobre a elevação do nível do mar. Artigo de Jéssica Lipinski. Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais.
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Uma pesquisa
do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia (UC)
em San Diego traz novos dados que poderão ajudar a esclarecer o aumento
do nível do mar que ocorre desde o século XIX e alguns aspetos das
mudanças climáticas. Nesta semana, a instituição apresentou um estudo
que revela que o aquecimento das temperaturas oceânicas é mais antigo do
que se acreditava.
De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Nature Climate
Change, a elevação das temperaturas marinhas ocorre há cerca de 135
anos, e numa taxa duas vezes maior do que a estimada anteriormente.
Para chegar a essas conclusões, a equipa do Instituto Scripps fez
uma análise comparativa entre informações recolhidas atualmente pelo
Programa Argo, que conta com sondas flutuantes em 3.500 pontos nos
oceanos, e dados recolhidos pela expedição do navio HMS Challenger,
ocorrida entre 1872 e 1876.
O exame revelou que, durante esse período de mais de um século, a
temperatura oceânica sofreu um aumento médio de 0,33°C, atingindo uma
elevação de 0,59°C na superfície marinha (até 700 metros). Já em faixas
mais profundas (abaixo de 900 metros), a temperatura subiu 0,12°C.
Mesmo com as imprecisões e os erros cometidos nas medições feitas no
século XIX, como falhas nas leituras e problemas nos instrumentos, a
análise possibilitou que os cientistas de hoje concluíssem que o
aquecimento dos oceanos ocorre há mais tempo do que os cerca de 50 anos
imaginados anteriormente, e que, além disso, as taxas desse aquecimento
são o dobro do esperado.
“A importância desse estudo não é apenas vermos uma diferença de
temperatura que indica aquecimento numa escala global, mas que a
magnitude da mudança de temperatura desde 1870 é o dobro do que a
observada nos últimos 50 anos. Isso sugere que a escala de tempo para o
aquecimento do oceano não é apenas dos últimos 50 anos, mas pelo menos
dos últimos 100 anos”, explicou Dean Roemmich, físico oceanógrafo da UC
de San Diego.
Roemmich observou que os resultados do estudo ajudarão a elucidar
algumas questões relacionadas com as mudanças climáticas e o aumento do
nível do mar, que, entre outras causas, ocorre devido à dilatação da
água que acontece quando as temperaturas sobem.
“A temperatura é um dos descritores mais fundamentais do estado
físico do oceano. Além de simplesmente saber que os oceanos estão a
aquecer, [os resultados] ajudar-nos-ão a responder a algumas questões
climáticas. O aquecimento do oceano já foi ligado anteriormente ao
derretimento glacial e ao descoramento massivo de corais”, comentou
Roemmich ao portal LiveScience.
O pesquisador também acredita que as conclusões terão implicações
importantes para entender a absorção de calor pelos oceanos. Estudos
anteriores revelaram que a Terra tem absorvido mais calor do que está a
irradiar, e que 90% desse excesso de calor que está a ser acrescentado
ao sistema climático desde a década de 1960 tem sido armazenado nos
oceanos.
“Então isso significa que as temperaturas oceânicas são
provavelmente a medida mais direta que temos do desequilíbrio energético
de todo o sistema climático”, finalizou Roemmich.
Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais.
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