23 de mar. de 2013

" Eis-me aqui, envia-me"


                                    Júlio Lázaro Torma*
       O lema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2013, o Ano da Fé e da Jornada Mundial da Juventude que ocorrerá em julho no Rio de Janeiro.
      O lema " Eis me aqui, envia-me" ( Isaías 6,8), é tirado do livro do Profeta Isaías, do Primeiro Isaías( 1-39), datado entre( 740-690 a.C), no Reino do Sul sob o Reinado de Josias.
    O Profeta é chamado no Templo, no " Santuário", local sagrado, onde é a morada de Deus.Ele faz a sua experiência de Deus.Deus o chama para ir profetizar, " ir a frente de..."
  A frase tem para nós hoje um sentido duplo, sentido diante da dura realidade em que se encontra e vive a nossa juventude.
  Ela é o clamor, grito dos nossos jovens que estão as margens, excluídos da sociedade, da política, da Igreja e das religiões, que querem serem ouvidos, participar e que não encontram nenhuma resposta e todos se fecham contra e diante deles.
  Este fechamento pode ser o medo do novo em que a juventude nos apresenta.
   Pois cada geração é diferente daquela de outros tempos, a minha geração é diferente da dos meus pais, avós; e destes jovens na qual acompanho são diferentes da minha época, mesmo que tenhamos os mesmos ideais.
    Somos de tempos diferentes e devemos saber trabalhar esta realidade.
    A resposta do profeta deve ser a resposta da Igreja,de ir ao seu encontro, escutar, está juventude o seu jeito e maneira de ser jovem.
   Muitas vezes dizemos a " juventude é rebelde", '' alienada", " não quer nada com nada".
   Não queremos ouvi-los e acabamos nos impondo, como se nós fôssemos os donos da verdade, esquecendo que um dia nós também passamos pela bela fase da adolescência e juventude.
   Vivemos está realidade, os seus medos, anceios, angústias e incertezas diante ao futuro e o mundo que se desenha.
   Onde muitos jovens sem perspectivas de vida, futuro acabam perambulando pelas ruas, avenidas, campos.Juventude está que esta nos campos, vilas, favelas, bairros que são vitimas de um genocídio diário, da violência em grande escala nos acidentes de trânsito, trabalho, nos esportes radicais, durante festas,baladas, contaminados por doenças sexualmente transmissíveis, drogas e pela sociedade de consumo que os mata psicologicamente e espiritualmente.
   Além de serem jogados no precário sistema prisional que não reabilita ninguém, que os joga na criminalidade, sendo soldados do crime, narcotráfico,onde matam vidas inocentes e são eles próprios executados barbaramente por um sistema iníquo.
  Onde valoriza se mais o financeiro do que o ser humano e que executa sem piedade aqueles que ele mesmo joga as suas margens.
   Estes jovens são julgados e condenados antes de serem amados e valorizados.Não damos atenção, espaço ao seu jeito, a sua cultura ( músicas, filmes,documentários) e deixar que eles e elas falam de seus anceios, angustias e medo.
   Nós vivemos numa cultura do falar, do barulho e não paramos para o silêncio, dialogar e escutar o outro.
  Se fala em evangelizar a juventude na nossa grei, mas não paramos para ser evangelizados pelos jovens.
   A Juventude quer ser ouvida,quer participar na Igreja, na família e na sociedade. Ela nos grita " Eis me aqui", mas ficamos surdos, cegos mudos diante do seu clamor e grito ao mesmo tempo ficamos mudos diante de uma sociedade que excluí e ao mesmo tempo mata os seus jovens.
   Devemos ter esperança na mudança que nasce na força e vontade de viver da juventude.
   E devemos nos desarmar das concepções formadas que temos e como o profeta Isaías responder sem medo " Eis me aqui, Senhor".
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   * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

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