Júlio Lázaro Torma*
"A Classe roceira e a classe operária/ ansiosa espera a reforma agrária/sabendo
que ela dará solução para a situação que está precária/Saindo o projeto do chão brasileiro de cada roceiro plantar sua
área,/sei que na miséria ninguém viveria/e a produção já aumentaria/"( Francisco Lázaro Zilo e Zalo)
Durante esta semana está ocorrendo a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária.Lembrando os 17 anos do massacre de 21 trabalhadores rurais sem terra do Movimento Sem Terra ( MST) em Eldorado dos Carajás ( PA).
Quando no anoitecer de 17 de Abril de 1996 na curva do S, foram
atacados barbaramente e covardemente pala Policia Militar, enquanto
reivindicavam e defendiam o seu direito a terra.
Olhando a atual conjuntura vemos que o
Brasil está muito bem na foto, com alto índice de desenvolvimento e o
crescimento do PIB ( Produto Interno Bruto), em relação a outros países
atingidos pela crise econômica de 2008.
Se de um lado estamos bem na foto do outro ainda persiste a secular
luta pela terra e a concentração de terras nas mãos do latifúndio e do
agronegócio que tem recebido milhões de reais dos cofres públicos.
Onde temos 150 mil familias sem terra acampadas,morando debaixo de
lonas pretas em beira de rodovias ou áreas ocupadas; além de 4 milhões
de famílias pobres no campo,que recebem o Bolsa Família para não
morrerem de fome, uma medida paliativa que não resolve o problema da
pobreza mas ameniza.
E milhares de
trabalhadores rurais assalariados vitimas de baixos salários e da
precarização do trabalho, em alguns casos vitimas do
tráfico humano e da escravidão.
Enquanto isso o Brasil utiliza 10% de sua área total; 85% das melhores
terras são utilizadas para a monocultura de soja,cana de açúcar,
fruticultura e silvicultura e 10% dos grandes proprietários rurais
possuem áreas acima de 500 hectares.
Além de muitas áreas já estarem em mãos de estrangeiros, ferindo e
deixando em risco a soberania nacional e alimentaria do povo brasileiro.
No processo democrático de 1985-2010, foram assassinados 1.614
trabalhadores rurais( sindicalistas, indígenas, quilombolas,lideranças
camponesas...). Destes só 91 casos foram a julgamentos e os mandantes
estão livres, como o caso recente do mandante do assassinato do casal de
extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo,
executados em 2011.
Entre 1985-1989, houve 685 conflitos envolvendo 614 mil pessoas.
Nos últimos dez anos ( 2003-2012), foram 1757 conflitos envolvendo 992
mil pessoas no governo Lula; 1.363 conflitos envolvendo 600.925 pessoas
no governo Dilma.De 2000-2012 foram 458 mortos, desde 2000 há 54 mortes
anunciadas no campo e em 2011-2012 o número de assassinatos subiu de 29
para 32.
Tais conflitos tem
acontecidos pela lentidão do processo de desapropriação e lentidão da
reforma agrária.Bem como o processo de contra reforma agrária,
organizado pelo poder judiciário e órgãos público, bancada ruralista,
como o que vem acontecendo pelo avanço do agronegócio em vastas regiões
do Brasil profundo.
Onde longe dos
grandes centros urbanos e da mídia tem acontecido a expulsão de famílias
camponesas, povos tradicionais e originários de suas
terras, bem como a destruição da biodiversidade e recursos naturais
pelo agronegócio e por empresas transnacionais como a mineradoras...
Um país sem pobreza e democrático, só ira acontecer de fato quando
quebrar a espinha dorsal do latifúndio, que tem trazido fome, pobreza,
miséria e subdesenvolvimento para o país.
Devemos democratizar o acesso a terra com uma ampla reforma agrária e
revolução agricula que beneficie a toda a população rural.Só com a
realização da reforma agrária com a desapropriação dos latifúndios
improdutivos e produtivos, teremos de fato um país rico e sem pobreza.
Ao lutarmos pela Reforma Agrária estamos lutando pela soberania
nacional, alimentária e justiça pelo sangue derramado das vitimas da
violência no campo.
Devemos
desflaudar a bandeira e colocar a Reforma Agrária na pauta do dia e do
Congresso Nacional, da opinião pública.Queremos que o governo realize a
Reforma Agrária de fato e que ela não sege medida paliativa para tapar
conflitos.
Queremos ver quais são os
partidos políticos que querem a reforma agrária de fato e de direito.Ou
a parte que sobra deste latifúndio é as mortes no campo de lutadores
sociais como temos visto.
TERRA, TRABALHO, JUSTIÇA!
CHEGA DE IMPUNIDADE! JUSTIÇA AOS TRABALHADORES MORTOS NO CAMPO!
DEMOCRACIA É REFORMA AGRÁRIA !
POR UM BRASIL SEM LATIFÚNDIO!, ESTA LUTA É
NOSSA!
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* Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS
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