Autor: Fabiano Ávila
Fonte: Instituto CarbonoBrasil
Índice avaliou 178 países em diversas categorias, sendo que o Brasil se destaca negativamente principalmente na questão do saneamento básico, no desmatamento e na tendência de aumento da intensidade de carbono na economia
Pesquisadores
das Universidades de Yale e Colúmbia, ambas nos Estados Unidos, em
parceria com o Fórum Econômico Mundial, divulgaram nesta semana o Environmental Performance Index 2014
(EPI), classificando 178 países de acordo com dois grandes temas:
“Proteção da saúde humana das ameaças da natureza”, que inclui questões
como saneamento básico e impactos da poluição do ar e da água; e
“Vitalidade dos ecossistemas”, que engloba, entre outros fatores, leis
de proteção da biodiversidade e impactos da matriz energética no meio
ambiente.
Considerando todos os critérios, a Suíça aparece como o líder do
ranking, seguida por Luxemburgo, Austrália, Singapura e República
Tcheca.
“Muitos dos países que figuram no topo neste ano são os mesmos de
edições passadas. Isso demonstra como um bom desempenho ambiental está
relacionado com políticas de longo prazo que priorizem a proteção dos
ecossistemas e que comprometam investimentos neste sentido”, afirmou
Angel Hsu, principal autor do índice.
Entre as grandes potências, a Alemanha é a melhor classificada, em
sexto lugar. O Reino Unido está em 12º, o Japão, em 26º, a França, em
27º, e os Estados Unidos, em 33º.
Já
os países emergentes apresentaram modestas melhoras no ranking, mas
ainda ocupam baixas posições, devido principalmente à sua urbanização
desordenada, crescimento acelerado – movido muitas vezes pela destruição
de ecossistemas – e pela ausência de leis de proteção ambiental.
A África do Sul está em 72º, a Rússia, em 73º, o Brasil, em 77º, a China, em 118º e a Índia aparece bem ao fim da lista, em 155º.
A posição ruim do Brasil se justifica pelo seu péssimo desempenho em
alguns dos critérios. Em mortalidade infantil, por exemplo, apesar dos
avanços dos últimos anos, o país ainda é o 95º no ranking. Em acesso a
saneamento básico, que também resulta na alta mortalidade infantil, é o
98º.
Em “tendência para o aumento de intensidade de carbono”, o Brasil
está em 93º, um sinal de que a economia e o setor de energia estão
seguindo um caminho de mais emissões de gases do efeito estufa, algo que
é facilmente constatado pelo maior uso de termoelétricas e pelas
promessas do governo de mais investimentos em carvão.
Mas a pior classificação do país é em “mudança de cobertura
florestal”, 105º, destacando o aumento do desmatamento no ano passado,
que pode estar relacionado com o enfraquecimento do Código Florestal,
alterado em 2012.
No entanto, nem tudo é ruim para o Brasil; aparecemos em primeiro no
item “poluição do ar – exposição a particulados (PM 2,5)”. Isso se deve
ao grande número de habitantes do país que não vive metrópoles, e que,
portanto, não está exposto a tanta poluição de automóveis e fábricas. A
nossa atual matriz energética baseada em hidroeletricidade também
explica o bom resultado.
Todas as cinco piores nações do ranking, Somália, Mali, Haiti, Lesoto
e Afeganistão, estão envolvidas em conflitos civis ou em caos social
devido a catástrofes naturais. É o caso do Haiti, que ainda está
buscando se recuperar do terremoto de 2010, um reflexo de que, sem
estabilidade política e institucional, não há proteção do meio ambiente,
afirma o EPI.
“O nosso índice pode ajudar a direcionar os esforços internacionais
na busca por cumprir as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações
Unidas. Porém, ainda vemos que existe uma falta de estrutura política
para que se acelere a transformação necessária para um modelo econômico e
social realmente sustentável”, concluiu Hsu.
Imagem: Crianças brincam perto de esgoto a céu aberto em Brasília / Valter Campanato / AgenciaBrasil.O desmatamento voltou a crescer no Brasil em 2013 / Wikimedia Commons
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