Júlio Lázaro Torma*
" Para que o diálogo e a
comunicação sejam eficazes e fecundos
é necessário estar sintonizados numa mesma freqüência,
em âmbitos de encontros amigáveis e sinceros".
( Papa Bento XVI)
Por
iniciativa do Pontifício Conselho da Cultura e do Cardeal Gianfranco
Ravasi e com apoio dos Papas Bento XVI e Francisco. A Igreja tem desde
2010, buscado diálogo aberto, amigável e sincero com o mundo, como
falava o Papa emérito Bento XVI, ao anúnciar o " Átrio dos Gentios", na qual a " Igreja deveriá abrir uma espécie de Átrio dos Gentios", para dialogar com as diversas formas de pensamentos
encontrados na cultura contemporânea.
O Átrio dos Gentios, remete a uma grande esplanada que cercava o templo
de Jerusalém e que foi construido no tempo de Antioco III ( 223-187
a.C), o átrio dos " goyim".
Segundo as leis da época do Grande Templo, um estrangeiro não poderiá
pisar no Templo,pois poderia ser assassinado por ter violado e profanado
o Santuário.
Em 1871, o arqueólogo e orientalista Charles Clermont Ganneau (
1846-1923), encontrou a seguinte inscrição, advertindo o intrussso
pagão:
"
Nenhum estrangeiro pode entrar no interior da balaustrada e da cerca
que circundam a esplanada do Templo; seguir-se à a morte de quem for
apanhado".
Nesta esplanada ficava os sacerdotes e rabinos que dialogavam com os
estrangeiros que queriam conhecer a Religião Judaica.E neste local Jesus
diálogava e ensinava as pessoas que o procurava para
escutá-lo.
Com Jesus, o '' véu do templo se rasgou em duas partes de alto a
baixo" ( Mt 27,51), o que separava Deus da humanidade se extingue, pois
ele está no meio de nós. Ao mesmo tempo em que não há mais distinção
entre judeus e gregos, pois todos nós somos um em Cristo ( Rm 10,12; Gl
3,28).
Desde os primórdios é missão da Igreja dialogar com outras formas de religião, pensamento e culturas( At 2,1-13;17,16-32).
Pois
como escreve Santo Agostinho de Hipona ( 354-430):" Tudo o que é
realmente humano não nos será estranho" e " só podemos amar quem
realmente conhecemos".Se nós queremos conhecer algo e encontrar saídas
para algum problema devemos dialogar, com respeito, compreensão,
sinceridade, diante do outro e de ambos os lados, sem revanchismos.
Nos últimos tempos a Igreja tem organizado diversas iniciativas de
diálogo com pessoas crentes ou não crentes, como os ateus, agnósticos,
como foi s iniciativa do Cardeal Carlo Maria Martini ( 1927-2012),
quando estava a frente da Arquidiocese de Milão o " pórtico dos não
crentes", onde escutava e dialogava com pessoas que tinham formas
diferentes da sua de pensar.
O mundo atual avança em segundo e é necessário a Igreja dialogar com os
diversos setores, com o mundo da política, das artes, da música, do
esporte, do trabalho, da tecnologia;das ciências como a psicologia,
medicina, sociologia, filosofia, literatura, com os ateus, agnósticos e
os indiferentes, onde não podemos ficar alheios a sua forma de pensar e
nem aos avanços das ciências humanas e exatas.
Há também a necessidade de dialogar com as pessoas que se interrogam
sobre Deus e sobre o sentido da vida. Isso implica abrir instâncias de
diálogo com a cultura atual.Serve de inspiração a experiência do Pátio dos Gentios.
A própria fé necessita de diálogo e dinamismo, não só para aprofundar e
saber dar razão dela mesma, mas também para fazer-se permeável e
depurar-se de toda a rigidez, de todo o fundamentalismo,de toda a
posição deduzida e já incapaz de fecundidade pelo espírito.
Pois ao dialogar, escutar a opinião dos que pensam diferente, não
estamos perdendo a nossa identidade, mas sendo de fato Católica=
Universal, aberto a todos, e
a todas as formas de pensamento, dos homens mulheres de nosso tempo,
que desejam dialogar, com respeito, amizade e sinceridade.
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* Membro do Colegiado da Pastoral Operária Nacional
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