Fonte: domtotal.com
Agradecemos a Deus pela vida de Dom Helder Câmara, verdadeira e bela obra de arte.
Dom Helder: sem dúvidas, um homem a frente de seu tempo.
Por Geovane Saraiva*
Diante do decreto de autorização para abertura do processo de
beatificação de Dom Helder Câmara, agradecemos ao bom Deus por sua vida
como verdadeira e belíssima obra de arte, pela simplicidade em viver,
conviver e dialogar, indo ao encontro de todos e amando-os
indistintamente. Assim dizia Mahatma Gandhi: "A arte da vida consiste em
fazer da vida uma obra de arte". Deus foi extremamente generoso e de
uma bondade sem limites com o artífice da paz, tornando-o instrumento de
seu amor e de sua paz.
O processo de beatificação de Dom Helder faz-nos pensar em Karl
Rahner, sacerdote jesuíta, nascido na Alemanha (1904-1984); que foi um
dos maiores e mais importantes teólogos do século XX, certamente o
influenciou enormemente, deixando marcas profundas e forte presença no
meio cristão, pela sua ação concreta em favor da Igreja, também seus
dons e inteligência privilegiada, destacando-se assessor do Concílio
Vaticano II. Além de desempenhar um relevante papel, incentivando a
Igreja Católica para que se abrisse ao mundo e às diversas tradições e
culturas. Dizia ele com a coragem profética, bem dentro do espírito de
Dom Helder, que lhe era peculiar, que o cristão do futuro será um
místico ou não será nada.
Dom Helder, foi sem dúvidas um homem a frente de seu tempo, sendo um
místico profundamente marcado pela graça de Deus, com dons e talentos
colocados a serviço do próximo, homem dos grandes sonhos e utopias,
totalmente voltado para Deus através da realidade dura das pessoas, com
os pés firmes no chão, antevendo e percebendo, de modo lúcido, os
desafios, as exigências e as dificuldades de sua época, sempre com
enorme vontade de superá-las. Como Arcebispo de Olinda e Recife, assim
se expressou: "Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre
ou rico estiver desesperado, terá lugar no coração do bispo".
Como místico, tornou-se conhecido no Brasil e no mundo inteiro, por
sua luta em favor de uma humanidade livre, especialmente, os
desafortunados da vida, os empobrecidos, os "sem voz e sem vez", como
ele costumava dizer. Neste momento em que inicia o processo de sua
beatificação, saibamos olhá-lo, na sua espiritualidade genuína e
cristalina, quando sua oração ao Deus altíssimo se transforma em ação e
poesia: “Fomos nós, as tuas criaturas que inventamos teu nome!? O nome
não é, não deve ser um rótulo colado sobre as pessoas e sobre as coisas…
O nome vem de dentro das coisas e pessoas, e não deve ser falso… Tem
que exprimir o mais íntimo do íntimo, a própria razão de ser e existir
da coisa ou da pessoa nomeada… Teu nome é e só podia ser amor".
*Geovane Saraiva é escritor, blogueiro,
colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo
Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE - geovanesaraiva@gmail.com.
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