Israel se disse ‘desapontado’; Mahmoud Abbas será recebido
pelo papa no sábado, véspera da canonização de duas freiras nascidas em
território palestino
Por Opera Mundi
O Vaticano anunciou nesta quarta-feira (13/04) que vai reconhecer o
Estado palestino e defender a solução de dois Estados para a resolução
do conflito com Israel. O texto com a decisão, que ainda será assinado,
pretende ajudar no reconhecimento de uma Palestina “independente”.
Israel, por sua vez, afirmou estar “desapontado” pela decisão do
Vaticano, como afirmou o Ministério das Relações Exteriores. Para o
governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o acordo com os
palestinos “não contribui para levar a Palestina para a mesa de
negociações” pela paz.
No marco das relações entre Vaticano e Palestina, o presidente da ANP
(Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, será recebido em
audiência pelo papa Francisco no próximo sábado (16/05), na véspera da
canonização de duas freiras nascidas em território palestino antes da
criação do Estado de Israel.
Ainda não há prazo para que o texto — fruto de um acordo entre a
Santa Sé e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) em 2000 —
seja firmado, mas o Vaticano fala que isso ocorrerá em um “futuro
próximo”. Segundo o comunicado da Santa Sé, o acordo fala sobre fomentar
as bases para o funcionamento da religião católica no território.
O subsecretário do Vaticano para as Relações com os Estados, Antoine Camilleri, disse ao jornal L’Osservatore Romano que
“seria positivo” que o acordo “pudesse ajudar” a “estabelecer e
reconhecer um Estado Independente da Palestina, soberano e democrático”.
“Esta seria uma bela contribuição para paz e estabilidade em uma
região que há tanto tempo esteve assolada por conflitos, e por parte da
Santa Sé e da Igreja local desejamos colaborar em um caminho de diálogo e
de paz”, acrescentou Camilleri.
Antecedentes
“A discussão é fruto do acordo base entre a Santa Sé e a OLP
(Organização para a Libertação da Palestina), firmado em 15 de fevereiro
de 2000.
O relacionamento oficial entre a Santa Sé e a OLP foi estabelecido em
26 de outubro de 1994 e, em seguida, foi constituída uma comissão
bilateral permanente de trabalho que levou à aprovação do acordo de
2000″, explicou Camilleri a L’Osservatore Romano.
As negociações dessa etapa do acordo começaram a ser travadas em
2010, após a visita do então papa Bento XVI à Terra Santa, em 2009.
Camilleri também se referiu à adoção, em 29 de novembro de 2012, da
resolução das Nações Unidas que reconheceu a Palestina como Estado
observador não-membro. “No mesmo dia a Santa Sé, que também tem o
estatuto de observador na ONU, publicou uma declaração que fazia
referência à solução dos ‘dois Estados’”, afirmou.
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