Frei Mauro Alves da Rosa, ofmcap
054 96866390
Podemos falar de amor de várias formas: amor físico,
amor platônico, amor materno, amor a Deus, amor à vida. O
amor possui muitas
conotações, mas essa diversidade de termos acaba criando uma dificuldade para definirmos o que é o amor. Isto ocorre não só nos idiomas modernos, mas
também no grego e no latim.
O grego possui várias palavras
para amor, cada qual denotando
um sentido diferente e específico. No latim,
encontramos amor, dilectio, charitas, bem como Eros,
quando se refere ao amor personificado numa deidade,
numa pessoa que se admira. Amar também tem o sentido de gostar muito e, sendo assim, torna-se possível amar qualquer ser vivo ou, até mesmo, um objeto.
Mas, qual a
compreensão cristã sobre o amor? A
compreensão cristã é que o amor vem de Deus, porque
Deus é amor, o amor é uma virtude teologal. O amor
do homem e da mulher (éeros, em grego), bem como o amor altruísta (ágape),
são frequentemente contrastados como um amor
"ascendente" e "descendente", respectivamente. Mas, estes
dois tipos de amor são, em última instância, a mesma coisa.
Não
sei se existe uma teologia sobre o amor, mas existem teólogos e pensadores
cristãos que escrevem sobre o amor. Os teólogos cristãos vêem
Deus como fonte de amor, aquele espelhado no ser
humano e em seus próprios relacionamentos amorosos. Entre esses especialistas,
podemos citar C. S. Lewis, influente teólogo anglicano, que escreveu vários livros sobre
o amor, especificamente o The Four Loves (Os quatro amores). O Papa
Bento XVI, na sua encíclica Deus Caritas Est (ou seja, Deus é Amor),
também pretendeu refletir sobre o amor divino para com o ser humano e a relação
entre o ágape e o eros.
Falar
de amor hoje em dia pode ser algo estranho, mas, o
ser humano nasceu para viver no amor, para o amor e com amor. Quando se ama
alguém, procura-se conhecer sua vontade
e cumpri-la. Jesus Cristo deu-nos um
mandamento novo que é de nos amarmos uns aos outros como Ele mesmo nos amou.
Pois, é no amor de um ao outro que nos reconheceremos como discípulos de Jesus Cristo (Cf. Jo
13,34-35).
Nos
evangelhos – e especificamente no evangelho e nas
cartas de João – o acento principal é o amor. Na primeira carta, João
escreve: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros,
porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao
conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus
é amor.” (1Jo 4,7-8)
O discípulo amado retoma o tema da caridade fraterna, pois é pela
caridade que a comunidade vai ser reconhecida como discípula de Jesus. A
caridade, e não a esmola.
A caridade desprendida de toda ambição manifesta o amor de Deus entre os homens e no meio da comunidade. Todo cristão, toda a comunidade são
“espelhos ou ‘portadores (as)’ de Cristo para os
outros seres humanos (C.S Lewis).
Neste sentido, a caridade “é um amor
dirigido a um vizinho, alguma pessoa, que não possui nenhuma qualidade adorável que o objeto do amor possui”.
(C.S Lewis, In os Quatros Amores). Pela caridade, “mantém-se viva a esperança em meio às injustiças e
adversidades.” (Documento de Aparecida nº
26).
Conforme Lewis, o cristianismo inverte a lógica:
"o mundo não existe principalmente para que possamos amar a Deus, mas para
que Ele possa amar-nos” (C.S Lewis, In os Quatros Amores). E este Deus que nos ama caminha
ao nosso lado. O Deus apresentado por Jesus é um Deus amoroso e com compaixão.
Assim, todo
cristão deve “experimentar o amor de Deus de forma verdadeira e não ilusória,
portanto, é experimentá-lo como nossa rendição à Sua exigência, nossa
conformidade ao Seu desejo.” (C.S Lewis, In os Quatros Amores). Ou seja, “Amar a Deus com todo o
teu coração, mente e força e amar ao teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12-31).
O amor de Deus pelo ser humano é como o amor do pai pelo filho mais
novo que esbanjou todos os bens em
festas. Alegra-se com a volta do filho e faz festa.
Assim sendo, podemos dizer que o amor de Deus é um “amor paciente”.
O
amor é paciente, o amor não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz
de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda
ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor jamais passará. (1Cor 13:4-8).
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