Cidade do Vaticano – Qual é a alegria de Deus? Foi
o que perguntou o Papa Francisco na manhã do domingo (15/9) antes de rezar a
Oração Mariana do Angelus na Praça São Pedro, cheia de fiéis apesar da chuva
que caía sobre a Cidade Eterna. A resposta do Santo Padre foi imediata: “É
perdoar; a alegria de Deus é perdoar! É a alegria de um pastor que reencontra a
sua ovelha; a alegria de uma mulher que reencontra a sua moeda; é a alegria de
um pai que recolhe em casa o filho que estava perdido, estava morto, e voltou à
vida. Aqui está todo o Evangelho, todo o Cristianismo!” O Papa disse isso
recordando que na liturgia deste domingo, lemos o capítulo 15 do Evangelho de
Lucas, que contém as três parábolas da misericórdia: a da ovelha perdida, a da
moeda perdida, e depois a mais longa de todas as parábolas, típico de Lucas, a
do pai e dos dois filhos, o filho “pródigo” e o filho que acredita ser o justo,
o santo. Todas estas três parábolas falam da alegria de Deus, da misericórdia
de Deus.
“Mas
olhem que não é sentimento, não é “ser bonzinho”! Pelo contrário, a
misericórdia é a verdadeira força que pode salvar o homem e o mundo do “câncer”
que é o pecado, o mal moral, espiritual. Só o amor preenche os espaços vazios,
os abismos negativos que o mal abre no coração e na história”.
Jesus é
todo misericórdia, todo amor: é Deus feito homem. Cada um de nós é a ovelha
perdida, a moeda perdida; cada um de nós é o filho que desperdiçou sua
liberdade seguindo ídolos falsos, ilusões de felicidade, e perdeu tudo. Mas
Deus não se esquece de nós, o Pai nunca nos abandona. Respeita a nossa
liberdade, mas permanece sempre fiel. E quando voltarmos a Ele, nos acolhe como
filhos, em sua casa, porque ele não para nunca, nem por um momento, de nos
esperar, com amor. E o seu coração está em festa por cada filho que retorna.
“Qual é o
perigo? Que supomos ser justos, e julgamos os outros. Julgamos também Deus,
porque pensamos que deveria punir os pecadores, condená-los à morte, em vez de
perdoar. Então, sim, corremos o risco de ficar fora da casa do Pai! Como o
irmão mais velho da parábola, que, em vez de ficar feliz porque seu irmão
voltou, fica com raiva do pai, que o acolheu e faz festa. Se no nosso coração,
não há misericórdia, a alegria do perdão, não estamos em comunhão com Deus,
mesmo se observamos todos os preceitos, porque é o amor que salva, não só a
prática dos preceitos. É o amor a Deus e ao próximo, que realiza todos os
mandamentos”.
E o Papa
pediu, então, que os fiéis reunidos na Praça São Pedro rezassem em silêncio por
aquela pessoa com a qual se desentenderam. “Eu peço uma coisa agora – disse -,
em silêncio, todos, vamos pensar, cada um pense a uma pessoa com a qual se
desentendeu, que não nos faz estar bem”. “Vamos pensar naquela pessoa e em
silêncio vamos rezar por ela e assim nos tornaremos misericordiosos com ela”.
Se
vivermos de acordo com a lei “olho por olho, dente por dente”, jamais sairemos
da espiral do mal, continuou o Papa Francisco. O Maligno é inteligente, e nos
ilude que com a nossa justiça humana podemos nos salvar e salvar o mundo. Na
realidade, somente a justiça de Deus pode nos salvar! E a justiça de Deus se
revelou na Cruz: a Cruz é o julgamento de Deus sobre todos nós e sobre este
mundo. Mas como Deus nos julga?
Dando a
vida por nós! Eis o ato supremo de justiça que derrotou, uma vez por todas, o
Príncipe deste mundo; e esse ato supremo de justiça é também ato supremo de
misericórdia. Jesus chama todos a seguirem este caminho: “Sede misericordiosos,
como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6:36).
Festa da
Exaltação da Santa Cruz – O mistério da Cruz é um grande mistério para o homem e do qual se
pode aproximar somente através da oração e das lágrimas: foi o que observou o
Papa Francisco no sábado na Missa presidida por ele na capela da Casa Santa
Marta, no dia em que a Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz.
No
mistério da Cruz – disse o Papa em sua homilia – encontramos a história do
homem e a história de Deus, sintetizadas pelos Pais da Igreja, na comparação
entre a árvore do conhecimento do bem e do mal, no Paraíso, e a árvore da Cruz:
“Aquela
árvore tinha feito tanto mal, e esta árvore nos leva à salvação, à saúde.
Perdoa aquele mal. Este é o caminho da história humana: um caminho para encontrar
Jesus Cristo Redentor, que dá a sua vida por amor. De fato, Deus não enviou o
seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por
Ele. Esta árvore da Cruz nos salva, todos nós, das consequências daquela outra
árvore, onde teve início a auto-suficiência, o orgulho, a soberba de querer
conhecer, – nós -, tudo, de acordo com a nossa mentalidade, de acordo com os
nossos critérios, também segundo a presunção de ser e de se tornar os únicos
juízes do mundo. Esta é a história do homem: de uma árvore a outra árvore”.
Na cruz,
se encontra também “a história de Deus” – prosseguiu o Papa Francisco –,
“porque podemos dizer que Deus tem uma história”. De fato, “Ele quis assumir a
nossa história e caminhar conosco”: inclinou-se, se tornando homem, enquanto
nós queríamos nos elevar, e assumiu a condição de servo, sendo obediente até a
morte na cruz, para nos levantar:
“Deus faz
este caminho por amor! Não há outra explicação: somente o amor faz essas
coisas. Hoje olhamos para a Cruz, a história do homem e a história de Deus.
Olhamos para esta cruz, onde se pode provar mel de aloe, o mel amargo, a doçura
amarga do sacrifício de Jesus. Mas esse mistério é tão grande que por si só não
podemos compreender bem este mistério, não tanto para entender – sim, entender
… – mas experimentar profundamente a salvação deste mistério. Antes de tudo o
mistério da Cruz. Somente se pode entender um pouquinho, de joelhos, em oração,
mas também através das lágrimas: são as lágrimas que nos aproximam deste mistério”.
“Sem
chorar, chorar no coração – disse o Papa – não se poderá jamais entender esse
mistério”. É o choro do arrependimento, o choro do irmão e da irmã que olham
para tantas misérias humanas” e as vêem em Jesus, mas “de joelhos e chorando” e
“nunca sozinhos, nunca sozinhos!”
“Para
entrar neste mistério, que não é um labirinto, mas se assemelha um pouco, temos
sempre necessidade da Mãe, da mão da Mãe. Que Ela, Maria, nos faça experimentar
quão grande e quão humilde é este mistério; tão doce como mel e tão amargo como
o aloe. Que seja ela a nos acompanhar neste caminho, que nenhum outro pode
fazê-lo além de nós mesmos. Cada um deve fazê-lo! Com a Mãe, chorando e de
joelhos”. (SP)
Fonte:
Rádio Vaticano
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=45678#sthash.vfPnIJVn.dpuf
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