Júlio Lázaro Torma*
" Pois todo o que se exaltar será humilhado,
e quem se humilhar será exaltado" ( Lc 18,14)
O Evangelista Lucas, nos fala nos critérios para acolher o Reino de
Deus, em nossa vida. Pois o Reino é algo invisível.Mas o nosso ingresso
se dá mediante a nossa prática.
Jesus nos conta uma Parábola do " FARISEU E DO PUBLICANO" ( Lc 18,10-14), para '' alguns que se vangloriavam como se fossem os justos e desprezavam os outros" ( Lc 18,9).
A prática da
justiça não é o dever de alguns, mas é um dever de todos.No mundo
semita antigo,o rei devia governar o povo com justiça e defender os mais
necessitados entre o povo.
Jesus Ben Sirac ( 190-124 a.C),
escreve para a juventude burguesa de Jerusalém, como eles deveriam se
comportar e acolher os mais pobres.
Não se deve manipular
Deus, colocando de seu lado para justificar a injustiça.Pois o grito do
pobre chega até Deus e Deus se coloca ao lado dele e restabelece a
justiça( Eclo 35, 15b-17.20-22a).
Na parábola não sabemos
se Lucas, crítica os fariseus de seu tempo ou se eram da época de
Jesus. Os fariseus eram pessoas religiosas, que práticavam todos os
rituais sagrados e viviam no templo rezando.
E se
consideravam os puros,os honestos, melhores do que os outros, se
separavam do povo e criticavam os outros por não seguirem a forma de
vida
deles.
Os publicanos eram colaboradores das tropas de
ocupação romana, eram mau visto pelo povo por causa da
desonestidade,sonegação, corrupção e extorquíam o povo na cobrança de
taxas de impostos e enriqueciam rapidamente, como fala Zaqueu.
" Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e,se tiver de fraudado alguém, restituirei o quádruplo" ( Lc 19,8).
Os fariseus se declaravam uma seita ( secta= separados) e desprezavam os outros por não cumprir a Pureza ritual e as mais de 600 leis com aplicação minuciosa.
Jesus olha o homem além das aparências, ele olha com olhos de
oração,pois sua vida era uma constante oração. Elee práticava o que
falava e ao mesmo tempo o que ele rezava ao Pai.
Não basta
ser perseverante e insistente.É preciso reconhecer e confessar
a própria pequenez, recorrendo a misericórdia de Deus. De nada adianta o
homem justificar a si mesmo,pois a justificação é dom de Deus.
Julgamos a pessoa pela aparência, se for uma pessoa bonita, bem
vestida, de dinheiro ou por que é fulano ou ciclano, lhe tratamos bem. E
desprezamos aquele que está mau vestido, sem dinheiro e até temos medo
dele.
Muitas pessoas porque tem poses, cargos ou é
parente de autoridades( primos, tios), se acham que são melhores do que
os outros e se dão o direto de humilhar e desprezar os outros.
E falam " sabe com quem você esta falando?", como se isso fosse critério, algo bom e que dá status.
Exercer função pública na política ou eclesial não é algo de
exaltação, mas é um serviço,onde eu me torno o menor para bem poder
servir o outro.
Não devemos condenar o outro por não praticar
os rituais sagrados em que praticamos ou por não participar da comunidade, não ter a mesma orientação sexual em que temos.
Pois nós não somos melhores do que aqueles que nós criticamos e
condenamos. Nos achando que por vivermos dentro da igreja somos melhores
do que os outros, por que tenho dinheiro, cargo sou melhor do que os
outros, sou melhor do que um ateu, agnóstico.
Diante de uma pergunta de um jornalista,o Papa Francisco respondeu:" Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julga-la?"
Sua resposta suprende a todos. Ao parecer nada se esperava de uma
resposta tão sensivel e evangélica de um Papa Católico. Sem embargo essa
é a atitude de quem vive em verdade diante de Deus.
Pois ele olha com os olhos da fé, quem tem fé não faz distinção de pessoa vê no outro,como outro eu, como um
irmão, filho de um mesmo Pai.Lc 18,9-14
___________________________
* Membro do Colegiado da Pastoral Operária Nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário