1 de mai. de 2010

A Filosofia Agostiniana e suas contribuições para a educação.

Agostinho inspirou-se no neoplatonismo e considerou a filosofia como a maneira para encontrar parte da solução aos problemas de sua vida - a solução integral viria somente mais tarde através do cristianismo. Sendo assim, nos deixou consubstanciadas em suas obras, verdades resultantes de um conhecimento intuitivo, por isso não há como testar o conhecimento agostiniano por meio de observações e experimentos. A relação entre a filosofia, que já o fascinava, e a religião foi por ele utilizada como instrumento para construir seu pensamento para a prática.

O esforço de conciliar as verdades reveladas pela fé às idéias filosóficas fazia parte da filosofia Patrística (no conceito católico o conjunto dos escritores da antiga literatura católica) e Agostinho buscou sintetizar os componentes da Patrística para manter as relações entre razão e fé em suas obras na tentativa de racionalizar os dogmas cristãos. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. Os principais temas que abordou foram as relações entre a fé e a razão, a natureza do conhecimento, o conceito de Deus e da criação do mundo, a questão do mal e a filosofia da história. Por isso o que podemos chamar de pensamentos agostinianos, une a filosofia e a teologia.

Nessa busca por algo que lhe suprisse tanto a fé quanto o intelecto, Agostinho passou por diversas experiências de contato humano e assim desenvolveu suas capacidades, mostrando-se habilidoso orador, escritor e professor, construindo ao longo de sua vida os pontos centrais de seus pensamentos.

As questões filosóficas que formam a base para a construção da chamada filosofia agostiniana são: o conhecimento, a sabedoria, e a amizade.

Enfatiza-se ainda a importância da linguagem porque Agostinho destaca a palavra como estímulo do homem que, ao descobrir a verdade sobre o que lhe for dito, aprende. E para tanto se tornam importantes o diálogo e a confiança explicitados pelas potencialidades do trabalho em comunidade.

Na educação a visão agostiniana contribui para o reconhecimento de que, paralelamente à conquista do domínio dos conteúdos, o aluno precisa ser orientado a relacionar esse conhecimento a uma realidade maior onde se torna indispensável a formação de valores que prezam a integração e a verdade.

Nesse contexto, o que se espera do professor não são apenas conhecimentos científicos, mas uma dose equilibrada de autoridade e sensatez, competência de quem sabe persuadir sem massificar e de quem sabe se fazer respeitar enquanto ensina. Nas realidades das atuais sociedades que cultuam o consumo, o papel humanizador da cultura deve ser reafirmado.

Na escola agostiniana, a cultura não será consumida, mas assumida através de um processo que inclui a criatividade, o desafio, o progresso e a disciplina. Procura-se informar sim, mas inerente à informação formar cidadãos livres que compreendam o significado da democracia e da autoridade e capazes de estabelecer relações de reciprocidade e respeito.
Denise Accioli Tsonis.