29 de fev. de 2012

     Francisco foi um homem de Oração e jejum. O seu jejum era extremo ao ponto de sofrer por falta de alimento. Certa vez chegou a fazer uma Quaresma inteira de Jejum. Tinha no Jejum uma fonte de vida espiritual. Buscava no jejum uma intimidade com o Senhor. leia mais:

Fraternidade e saúde pública

Frei Betto é escritor e religioso dominicano. Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Foi assessor especial da Presidência da República entre 2003 e 2004. É autor de "Batismo de Sangue", e "A Mosca Azul", entre outros. 




O título deste artigo é o tema da Campanha da Fraternidade 2012, promovida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Iniciada na Quarta-Feira de Cinzas, a campanha se estende até o domingo de Páscoa e tem como lema um versículo do livro do Eclesiástico: “Que a saúde se difunda sobre a Terra” (38, 8).

Saúde e tradição cristã estão intimamente associadas. Nos evangelhos, Jesus prima por curar física, psíquica e espiritualmente. Ao longo da história ocidental, a Igreja se destacou como provedora da saúde. De sua iniciativa surgiram os primeiros hospitais, sanatórios e, no Brasil, Santas Casas de Misericórdia.

Nos santuários, de Aparecida a Juazeiro do Norte, a manifestação de fé do povo na cura - bênção de Deus por intercessão de santos -, aparece das “salas dos milagres”, onde se enfileiram os ex-votos.

Os bispos reconhecem os avanços da saúde no Brasil, como a redução da mortalidade infantil (na qual a Pastoral da Criança, iniciativa da Dra. Zilda Arns, desempenha papel fundamental). Em 1980, eram registrados 69,12 óbitos por 1.000 nascidos vivos. Em 2010, o índice caiu para 19,88.

A expectativa de vida no Brasil apresenta evolução significativa nas últimas décadas. Em 2008, a esperança de vida dos brasileiros, ao nascer, chegou a 72 anos, 10 meses e 10 dias. A média entre homens é de 69,11 anos e, entre mulheres, 76,71.

De 1980 a 2000, a população de idosos cresceu 107%, enquanto a dos jovens de até 14 anos apenas 14% (Ministério da Saúde, 2011). Em 1980, as crianças de 0 a 14 anos correspondiam a 38,25% da população e, em 2009, representavam 26,04%. Entretanto, o contingente com 65 anos ou mais de idade pulou de 4,01% para 6,67% no mesmo período. Em 2050, o primeiro grupo representará 13,15%, ao passo que os idosos ultrapassarão os 22,17% da população total.
A melhoria, no Brasil, das condições de vida em geral trouxe maior longevidade à população. O número de idosos já chega a 21 milhões de pessoas. As projeções apontam para a duplicação deste contingente nos próximos 20 anos, ou seja, ampliação de 8% para 15%. Porém, o percentual de crianças e jovens está em queda. Uma das causas é a diminuição do índice de fecundidade por casal, que, em 2008, caiu para 1,8 filhos, o que aproxima o Brasil dos países com as menores taxas de fecundidade.

Como a mortalidade infantil ainda é alta em relação aos melhores indicadores - 19,88/1.000 - verifica-se a preocupante diminuição percentual da faixa etária mais jovem. Portanto, uma impactante transição demográfica está em curso no país.

A julgar pelas projeções, essa transição demográfica mudará a face da população brasileira. Segundo estimativas, em 2050, haverá 100 milhões de indivíduos com mais de 50 anos, causando reflexos diretos no campo da saúde. Hoje, a hipertensão afeta metade dos idosos. Dores na coluna, artrite, reumatismo são doenças muito comuns entre as pessoas de 60 anos ou mais.

O consumismo e a falta de educação nutricional mudam, agora, o padrão físico do brasileiro. O excesso de peso ou sobrepeso e a obesidade explodiram. Segundo o IBGE, em 2009, o sobrepeso atingiu mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade; cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos; 48% das mulheres; 50,1% dos homens acima de 20 anos[1] <#_ftn1> . Em suma, 48,1% da população brasileira estão acima do peso, e 15% são obesos.

Trata-se de verdadeira epidemia. Desde 2003, a POF (Pesquisa Orçamentária Familiar) indica que as famílias estão substituindo a alimentação tradicional na dieta do brasileiro (arroz, feijão, hortaliças) pela industrializada, mais calórica e menos nutritiva, com reflexos no equilíbrio do organismo, podendo resultar em enfermidades como o descontrole da pressão arterial e o diabetes.

Apesar dos avanços, a Campanha da Fraternidade considera o SUS um “caos, sobretudo perante os olhos dos mais necessitados de seus serviços”.

Garantir para a população direitos e recursos previstos na Constituição sobre a Seguridade Social (Assistência Social, Previdência Social e Saúde) é um dos principais desafios na atualidade. Na contramão do que prevê a Constituição, são as famílias que mais gastam com saúde.

Dados do IBGE mostram que o gasto com a saúde representou 8,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em 2007. Do total registrado, 58,4% (ou R$ 128,9 bilhões) foram gastos pelas famílias, enquanto 41,6% (R$ 93,4 bilhões) ficaram a cargo do setor público.

Nos países ricos, 70% dos gastos com saúde são cobertos pelo governo e apenas 30% pelas famílias. Para especialistas na área de Saúde Pública, o gasto total com a saúde, em 2009, foi de R$ 270 bilhões (8,5% do PIB), sendo R$ 127 bilhões (47% dos recursos ou 4% do PIB) de recursos públicos e R$ 143 bilhões (53% dos recursos ou 4,5% do PIB) de recursos privados.

O orçamento da União para a Saúde, em 2011, foi de R$ 68,8 bilhões. Deste total, somente R$ 12 bilhões foram investidos na atenção básica à saúde, por meio de programas do Ministério da Saúde.

O Brasil conta com mais de 192 milhões de habitantes e 5.565 municípios. Entretanto, vários municípios, principalmente das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, não dispõem de profissionais de saúde para os cuidados básicos, sendo que, em centenas deles, não há médicos para atendimento diário à população.

Cerca de 150 (78% da população) milhões de brasileiros dependem do SUS para ter acesso aos serviços de saúde. Pois não têm o privilégio da parcela de 40 milhões que pagam planos privados de saúde, com medo da ineficiência do SUS.

“Vim para que todos tenham vida e vida em abundância”, disse Jesus (João 10, 10). Se assim não ocorre, resta-nos fazer de nosso voto e cidadania pressão e exigência de uma nação saudável.

27 de fev. de 2012

Mudanças climáticas podem levar 600 espécies de aves tropicais à extinção

Pode haver menos aves para os ornitólogos verem no mundo à medida que o planeta aquece. As mudanças climáticas, em combinação com o desmatamento, podem levar entre 100 e 2.500 espécies de aves tropicais à extinção antes do final do século, de acordo com nova investigação publicada no Biological Conservation. Por Jeremy Hance
O quetzal resplandecente, que era venerado por Maias e Astecas como o “deus do ar”, é uma das espécies em perigo - Foto de toryporter / Flickr
O quetzal resplandecente, que era venerado por Maias e Astecas como o “deus do ar”, é uma das espécies em perigo - Foto de toryporter / Flickr
 
A ampla gama de espécies depende da extensão do clima e de quanto habitat será perdido, mas os investigadores dizem que a gama mais provável de extinção é entre 600 e 900 espécies, o que significa 10 a14% das aves tropicais, excluindo as espécies migratórias.
“As aves são um sinal perfeito para mostrar os efeitos das mudanças globais nos ecossistemas mundiais e nas pessoas que dependem desses ecossistemas”, disse o principal autor e ornitólogo Çağan Şekercioğlu, da Universidade de Utah.
“Comparadas às espécies de clima temperado, que frequentemente experimentam uma ampla faixa de temperatura numa base anual, as espécies tropicais, especialmente aquelas limitadas a florestas tropicais com climas estáveis, são menos propensas a acompanhar as mudanças climáticas rápidas.”
Şekercioğlu e os seus colegas investigaram 200 estudos científicos relacionados com aves tropicais e mudanças climáticas para desenvolver a sua estimativa, que acompanha estimativas anteriores do declínio de aves ligado ao aquecimento do planeta.
As aves mais suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas incluem espécies de altitudes elevadas, que podem literalmente ficar sem habitat, e as já restritas a faixas pequenas. Um aumento nos eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, pode também colocar em perigo algumas espécies.
A intensidade crescente de furacões, mesmo se a frequência diminuir, pode ameaçar aves costeiras, enquanto longas secas podem prejudicar a capacidade das aves de encontrar alimento durante a estação de reprodução. A Amazónia, por exemplo, sofreu duas secas recordes nos últimos sete anos, levando muitos cientistas a temer pela flexibilidade ecossistémica frente às mudanças climáticas.
As doenças podem também representar um problema. A malária deve espalhar-se para altitudes e latitudes mais altas, possivelmente, colocando em risco algumas espécies de aves tropicais. O aumento do nível do mar pode também representar um problema para aves costeiras e insulares.
“Nem todos os efeitos das mudanças climáticas são negativos, e mudanças nos regimes de temperaturas e de precipitação beneficiarão algumas espécies”, afirmou Şekercioğlu. Por exemplo, o tucano de peito amarelo (Ramphastos sulfuratus) viu a sua faixa aumentar para altitudes mais altas como resultado das mudanças climáticas.
No entanto, o seu ganho foi a perda de outra espécie: o quetzal resplandecente (Pharomachrus mocinno), uma ave de altitudes mais altas, tem agora que competir com o tucano por ninhos e enfrentar a ameaça de tucanos predando os ovos e filhotes de quetzal. A competição súbita entre o tucano de peito amarelo e o quetzal resplandecente mostra como as mudanças climáticas podem afetar as espécies de formas inesperadas.
Mesmo que um mundo mais quente possa beneficiar algumas poucas espécies, Şekercioğlu acrescentou que “as mudanças climáticas não beneficiarão muito” e o resultado final será uma perda significativa na biodiversidade das aves.
Atualmente, o clima global aqueceu cerca de 0,8 graus Celsius desde a Revolução Industrial. Enquanto os governos globais se comprometeram a manter o aquecimento abaixo dos dois graus Celsius, as promessas atuais de cortes de emissões passam longe dessa meta. Porém, alertam os cientistas, um único grau adicionado no aquecimento poderia levar à extinção de 100 a 500 espécies de aves tropicais a mais.
Os cientistas recomendam mais investigações e uma melhor monitorização das aves tropicais. Além disso, as áreas protegidas devem ser criadas ou expandidas para preencher as lacunas para espécies de aves e terras degradadas restauradas. A transferência de algumas espécies também pode tornar-se necessária.
“No entanto, tais esforços serão correções temporárias se não conseguirmos atingir uma mudança social importante na redução do consumo, no controle das emissões de gases do efeito de estufa e na interrupção das mudanças climáticas”, escreveram os autores.
“Caso contrário, enfrentamos a perspetiva de um clima fora de controle que não levará apenas a um enorme sofrimento humano, mas provocará a extinção de milhares de organismos, entre os quais as aves tropicais serão apenas uma fração do total.”
 fonte: esquerda net
Artigo de Jeremy Hance, publicado em Mongabay, traduzido por Jéssica Lipinskipara Instituto Carbono Brasil

Finalidade

“obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.” (1 Pedro 1:9 ARA)
Eu nunca me imaginei com 40 anos. Talvez por trabalhar desde cedo, quando me dei conta tinha 30, daí a aceleração aumentou e quando vi, estava com 40. Agora, alguns anos depois, olho e vejo que nem tudo na minha vida foi sendo dirigido com a merecida objetividade. Seja na familia, na carreira profissional, no ministério cristão, ou mesmo no aspecto emocional, é indispensável saber onde se quer chegar.
A correria engole a gente e é preciso desacelerar e olhar para si mesmo de fora. Há poucas semanas tive oportunidade de fazer isso e agora estou espantado comigo. Primeiro, olhei e vi um paspalho correndo para fazer mais do que precisava; segundo, vi alguém que nem sempre decidiu olhando para o alvo. Este versículo ajudou numa destas vigílias noturnas de noites mal dormidas, me ensinando algo valioso que preciso repartir.
Nossa fé não é para nosso agrado e nem para servir de bandeira, mas para produzir nossa salvação. Somos salvos por fé e por fé devemos viver, desenvolvendo nossa salvação com temor e tremor. Nossa fé pode produzir muita coisa e servir para muita coisa, mas seu objetivo ou finalidade é nossa salvação.
Evidente que isso permite uma segunda interpretação, amparada pelo idioma original: nossa salvação extermina nossa fé, pois é quando ela chega ao fim. Isso se encaixa no sentimento que vivo, pois será a consumação da minha salvação que me permitirá não precisar mais de fé, pois estarei com o Senhor e lá tudo está consumado, nada está mais pendente, não há em que crer por fé - eu verei tudo, estarei Lá. Isso me conforta, me consola e me dirige para frente.
Tudo termina quando tudo começa - na eternidade. Basta a cada dia seu mal, o amanhã não nos pertence. Nesta vida precisamos de mais equilíbrio, de mais objetividade, de mais transparência com nosso alvo. Sem olhar para frente, bem para frente, tudo vira correria.
Convido a pensar na correria e no fim de tudo. No fim "objetivo" e no fim "final". Dá na mesma.
"Senhor, que canseira. Que energia dissipada. Tem misericórdia de mim e me ajuda a ver para onde devo andar."
Mário Fernandez
Fonte site: http://www.ichtus.com.br/dev/2012/02/26/finalidade/

25 de fev. de 2012

O encontro com o Ressuscitado é fundamento para a Vida Consagrada, afirma dom Jaime


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O encontro com o Ressuscitado é fundamento para a Vida Consagrada, afirma dom Jaime

  Dom Jaime Spengler, bispo auxiliar de Porto Alegre e membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada fala sobre o seu trabalho na Comissão e reflete questões pertinentes à Vida Religiosa Consagrada, no Seminário promovido pela CRB em Itaici, SP. O evento conta com a presença de …leia mais:

24 de fev. de 2012

Papa ao Círculo São Pedro: a caridade é o coração da vida cristã



Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI recebeu em audiência nesta sexta-feira, na Sala dos Papas, no Vaticano, uma delegação do Círculo São Pedro.

"O encontro com o outro e o abrir o coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de beatitude." Foi o que disse o Pontífice encontrando os sócios do Círculo São Pedro, na proximidade da Festa da Cátedra de São Pedro, celebrada domingo passado, uma circunstância que oferece ao organismo "a ocasião de manifestar a peculiar fidelidade à Sé Apostólica".
O Santo Padre saudou todos os membros – cerca de 35 –, acompanhados do assistente eclesiástico, Mons. Francesco Camaldo, e do Presidente-Geral, Duque Leopoldo Torlonia, que em sua saudação recordou que o Círculo São Pedro busca "responder da melhor forma possível, com o empenho de todos", aos crescentes pedidos de ajuda dos últimos tempos.
De fato, a caridade como "coração da vida cristã" foi o núcleo do discurso do Santo Padre ao organismo fundado em Roma em 1869 e engajado em múltiplas atividades caritativas e assistenciais.
A Quaresma há pouco iniciada "é um tempo propício a fim de que, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, nos renovemos na fé e no amor", quer a nível pessoal, quer a nível comunitário – recordou Bento XVI. "É um percurso marcado pela oração e pela partilha, pelo silêncio e pelo jejum, à espera de viver a alegria pascal."
A autenticidade da nossa fidelidade ao Evangelho "se verifica também segundo a atenção e solicitude concreta que nos esforçamos de manifestar para com o próximo, especialmente para com os mais fracos e marginalizados", ressaltou o Pontífice, desejando, ademais, "o bem, sob todos os aspectos: físico, moral e espiritual":
"Embora a cultura contemporânea pareça ter perdido o sentido do bem e do mal, é preciso reiterar com veemência que o bem existe e vence. A responsabilidade para com o próximo significa querer e fazer o bem do outro, desejando que ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão significa abrir os olhos às suas necessidades, superando a dureza de coração que nos torna cegos aos sofrimentos dos outros. Assim o serviço caritativo se torna uma forma privilegiada de evangelização, à luz do ensinamento de Jesus, o qual considerará como feito a si mesmo aquilo que teremos feito aos nossos irmãos, espacialmente a quem, dentre eles, é pequeno e desassistido."
Em seguida teve lugar uma reflexão sobre o sentido de abertura ao próximo: partindo da Carta aos Hebreus, Bento XVI exortou a se dar "atenção uns aos outros, para estimular-nos reciprocamente na caridade e nas boas obras":
"É necessário harmonizar o nosso coração com o coração de Cristo, a fim de que a amorosa ajuda oferecida aos outros se traduza em participação e consciente partilha dos seus sofrimentos e das suas esperanças, tornando assim visível, de um lado, a infinita misericórdia de Deus para com o homem – que brilha no rosto de Cristo – e, do outro, a nossa fé n'Ele. O encontro com o outro e o abrir o coração à sua necessidade são ocasião de salvação e beatitude."
Por outro lado, disse o Santo Padre, "hoje como ontem, o testemunho da caridade toca o coração dos homens de modo particular". A nova evangelização, especialmente numa cidade cosmopolita como Roma, "requer – observou o Pontífice – grande abertura de espírito e sapiente disponibilidade para com todos".
Nesse contexto se insere a obra do Círculo São Pedro e "bem se coloca – disse aos sócios – a rede de intervenções assistenciais que vocês, todos os dias, realizam em favor daqueles que se encontram em situação de necessidade": a "generosa obra" nos refeitórios, no abrigo noturno, na casa família e no centro multifuncional, bem como "o silencioso, mas eloquente testemunho" dado em favor dos doentes e de seus familiares na Fundação Hospitalar de Roma, como também "o empenho missionário no Laos e as adoções à distância".

Os componentes do Círculo São Pedro – como todos os anos – entregaram a Bento XVI o "óbolo para a caridade do Papa", fruto da coleta feita nas paróquias romanas:
"Ele representa uma ajuda concreta oferecida ao Sucessor de Pedro para que possa responder aos inúmeros pedidos que lhe são feitos de todas as partes do mundo, especialmente dos países mais pobres."
O agradecimento do Santo Padre foi estendido a toda a atividade realizada "generosamente" e "com espírito de sacrifício" pelo Círculo, que nasce "da fé de vocês, da relação com o Senhor cultivada todos os dias", recordou o Papa.
Em seguida, os votos de Bento XVI foram de que "fé, caridade e testemunho continuem sendo as linhas-mestras" do apostolado de todo membro da organização, empenhado também em fazer-se presente "durante as Celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro, ocasião com a qual demonstra "a constante dedicação e a devota fidelidade" à Sé do Apóstolo Pedro.
Por fim, o Santo Padre concedeu a sua Bênção Apostólica aos participantes a fim de que o Senhor os ajude "a realizar a própria vocação cristã" em família, no trabalho e no seio da associação. (RL)
fonte: Rádio do Vaticano

22 de fev. de 2012

Como as reservas de combustíveis fósseis estão ligadas a negociações climáticas

O editor Duncan Clark do “The Guardian” utilizou dados da Revisão Estatística da Energia Mundial da BP para calcular quanto CO2 cada país tem a possibilidade de emitir e como isso influencia na posição das nações sobre um acordo climático. 
Artigo Jéssica Lipinski do Instituto CarbonoBrasil
Fonte: Esquerda.net
Campo de extração de petróleo na Califórnia, Estados Unidos - Foto de Storm Crypt / Flickr
Campo de extração de petróleo na Califórnia, Estados Unidos - Foto de Storm Crypt / Flickr

Muitas vezes, a demora no progresso das negociações climáticas faz-nos perguntar por que as lideranças mundiais estão a demorar tanto para combater as emissões de gases do efeito estufa (GEEs), que contribuem para as mudanças climáticas.


Pensando nessa relação, o editor de meio ambiente do jornal The Guardian, Duncan Clark, utilizou os dados da Revisão Estatística da Energia Mundial da BP para calcular quanto de GEEs cada país pode emitir, e traçou uma relação entre as reservas de combustíveis fósseis das nações e suas posições a respeito de acordos climáticos.
Clark exemplificou a sua análise com o caso das negociações climáticas da 17ª Conferência das Partes (COP17), que ocorreu no final de 2011 em Durban, na África do Sul: quem defendeu mais fortemente a extensão do Protocolo de Quioto e criação de um novo acordo mundial foram a União Europeia, a África e a Aliança de Pequenos Estados Insulares (AOSIS), que, segundo o editor, têm juntas menos de 14% das reservas de combustíveis fósseis mundiais.
Analisando a posição oposta, Clark também chegou a resultados semelhantes: a Arábia Saudita, o Canadá, a China, os EUA, a Índia e a Rússia, que juntos detêm quase 60% de todas as reservas mundiais de combustíveis fósseis, frequentemente se posicionam, em maior ou menor grau, contra acordos climáticos globais.
O Canadá, por exemplo, anunciou recentemente a sua retirada do Protocolo de Quioto, enquanto a China e os EUA, os maiores emissões de GEEs do mundo, nunca fizeram parte do tratado.
Mesmo em escala regional, parece haver ligação entre as duas situações: enquanto a maioria dos países da América Latina se mostra favorável a um pacto climático mundial, a Venezuela, que detém grandes reservas de petróleo e areia betuminosa, se posicionou contra um acordo e entrou em confronto com a presidência da ONU, alegando que os países emergentes estavam a ser ‘negociados’ nos debates climáticos.
O editor do The Guardian ressaltou que a sua análise não é científica e que há casos em que a relação entre reservas de combustíveis fósseis e posicionamento climático não se concretiza, mas lembrou que é interessante ponderar a questão sobre esse ponto de vista, para que talvez se possa entender melhor o andamento das negociações climáticas.
Leia a íntegra da análise (inglês)

20 de fev. de 2012

Reis e Ratos' tenta fazer humor com golpe militar de 64


A trama de 'Reis e Ratos' pretende fazer rir, mas parece não se dar conta do quanto é difícil arrancar algo de engraçado de um tema tão sério (Foto: Divulgação)

Por:Alysson Oliveira 
fonte: dontotal.com

Para se  terceiro longa como diretor, Mauro Lima ("Meu Nome Não É Johnny") vai buscar inspiração na história real - o golpe militar no Brasil, em 1964 - para inventar teorias de conspiração e personagens um tanto caricatos. A trama de "Reis e Ratos", assinada pelo diretor, pretende fazer rir, mas parece não se dar conta do quanto é difícil arrancar algo de engraçado de um tema tão sério.
Uma das coisas que mais chama a atenção em "Reis e Ratos" são as interpretações antinaturalistas. Selton Mello é Troy, agente da CIA que tem uma sapataria no Brasil, que lhe serve de fachada. Suas falas seguem a entonação de dubladores de filmes noir antigos. Cauã Reymond é Hervê, locutor de rádio de voz fanhosa, que tem transes mediúnicos no meio de seus programas. Rodrigo Santoro é Roni Rato, um vigarista sujo e de dentes estragados que vive de golpes e da venda de livros de porta em porta. Já a cantora Amélia Castanho (Rafaela Mandelli) usa o seu sotaque gaúcho ao natural.
Junto desses personagens também estão outros americanos que têm como objetivo evitar que o Brasil se torne comunista - como é o caso de Skutch Sanders (Kiko Mascarenhas), que fala com o sotaque de americano em novela e veio ao Brasil investigar a fidelidade de Troy ao seu país natal.
O filme mostra diversos momentos, por meio dos pontos de vista desses e outros personagens, dos dias que antecedem o golpe militar. Uma bomba explode numa comemoração de uma pequena cidade do interior do Rio, onde Amélia se apresentaria. Ela é salva por um transe do radialista, que solta mensagens no ar sobre a explosão que ele prevê.
Os personagens se movem por cenários luxuosos dos bastidores do poder enquanto Troy e o major Esdras (Otavio Müller) veem de perto o desenrolar de um golpe de Estado - ou algo parecido. O roteiro é confuso, especialmente quando entra, no meio do filme, um longo flashaback em preto e branco.
Os diálogos mostram-se exagerados e forçados, tentando ser, ao mesmo tempo, informativos e pop. Mais perto do fim, quando o personagem de Cauã se transforma num espadachim viking, parece ser a prova de que Lima queria fazer um filme completamente sem nexo. E conseguiu.
Confira o trailer e onde o filme está em cartaz na Agenda BH!

19 de fev. de 2012

Cardeais promotores de Comunhão

Papa quer cardeais promotores de comunhão e testemunhas do «amor de Cristo». Bento XVI apresenta reflexão sobre a sua missão e a vivência da fé na comunidade católica 


  Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Amados Irmãos e Irmãs!



Na solenidade da Cátedra de São Pedro Apóstolo, temos a alegria de nos reunir à volta do altar do Senhor, juntamente com os novos Cardeais que ontem agreguei ao Colégio Cardinalício. Para eles, em primeiro lugar, vai a minha cordial saudação, agradecendo ao Cardeal Fernando Filoni as amáveis palavras que me dirigiu em nome de todos. Estendo a minha saudação aos outros Purpurados e a todos os Bispos presentes, como também às ilustres Autoridades, aos senhores Embaixadores, aos sacerdotes, aos religiosos e a todos os fiéis, vindos de várias partes do mundo para esta feliz ocasião, que se reveste de um carácter especial de universalidade.
Na segunda leitura, há pouco proclamada, o apóstolo Pedro exorta os «presbíteros» da Igreja a serem pastores zelosos e solícitos do rebanho de Cristo (cf. 1 Ped 5, 1-2). Estas palavras são dirigidas antes de mais nada a vós, amados e venerados Irmãos, que sois reconhecidos no meio do Povo de Deus pelos vossos méritos na obra generosa e sábia do ministério pastoral em dioceses relevantes, ou na direcção dos dicastérios da Cúria Romana, ou ainda no serviço eclesial do estudo e do ensino. A nova dignidade que vos foi conferida pretende manifestar o apreço pelo vosso trabalho fiel na vinha do Senhor, homenagear as comunidades e nações donde provindes e de que sois dignos representantes na Igreja, investir-vos de novas e mais importantes responsabilidades eclesiais e, enfim, pedir-vos um suplemento de disponibilidade para Cristo e para a comunidade cristã inteira. Esta disponibilidade para o serviço do Evangelho está fundada firmemente na certeza da fé. De facto, sabemos que Deus é fiel às suas promessas e aguardamos, na esperança, a realização destas palavras do apóstolo Pedro: «E, quando o supremo Pastor Se manifestar, então recebereis a coroa imperecível da glória» (1 Ped 5, 4).
O texto evangélico de hoje apresenta Pedro que, movido por uma inspiração divina, exprime firmemente a sua fé em Jesus, o Filho de Deus e o Messias prometido. Respondendo a esta profissão clara de fé, que Pedro faz também em nome dos outros Apóstolos, Cristo revela-lhe a missão que pensa confiar-lhe: ser a «pedra», a «rocha», o alicerce visível sobre o qual será construído todo o edifício espiritual da Igreja (cf. Mt 16, 16-19). Esta denominação de «rocha-pedra» não alude ao carácter da pessoa, mas só é compreensível a partir dum aspecto mais profundo, a partir do mistério: através do encargo que Jesus lhe confere, Simão Pedro tornar-se-á aquilo que ele não é mediante «a carne e o sangue». O exegeta Joachim Jeremias mostrou que aqui está presente, como cenário de fundo, a linguagem simbólica da «rocha santa». A propósito, pode ajudar-nos um texto rabínico onde se afirma: «O Senhor disse: “Como posso criar o mundo, sabendo que hão-de surgir estes sem-Deus que se revoltarão contra Mim?” Mas, quando Deus viu que devia nascer Abraão, disse: “Vê! Encontrei uma rocha, sobre a qual posso construir e assentar o mundo”. Por isso, Ele chamou Abraão uma rocha». O profeta Isaías alude a isto mesmo, quando recorda ao povo: «Considerai a rocha de que fostes talhados (…). Olhai para Abraão, vosso pai» (51, 1-2). Pela sua fé, Abraão, o pai dos crentes, é visto como a rocha que sustenta a criação. Simão, o primeiro que confessou Jesus como o Cristo e também a primeira testemunha da ressurreição, torna-se agora, com a sua fé renovada, a rocha que se opõe às forças destruidoras do mal.
Amados irmãos e irmãs! Este episódio evangélico, que escutámos, encontra subsequente e mais eloquente explicação num elemento artístico muito conhecido, que enriquece esta Basílica Vaticana: o altar da Cátedra. Quando, depois de percorrer a grandiosa nave central e ultrapassar o transepto, se chega à abside, encontramo-nos perante um trono de bronze enorme, que parece suspenso em voo mas na realidade está sustentado por quatro estátuas de grandes Padres da Igreja do Oriente e do Ocidente. E na janela oval, por cima do trono, resplandece a glória do Espírito Santo, envolvida por um triunfo de anjos suspensos no ar. Que nos diz este conjunto escultório, nascido do génio de Bernini? Representa uma visão da essência da Igreja e, no seio dela, do magistério petrino.
A janela da abside abre a Igreja para o exterior, para a criação inteira, enquanto a imagem da pomba do Espírito Santo mostra Deus como a fonte da luz. Mas há ainda outro aspecto a evidenciar: de facto, a própria Igreja é como que uma janela, o lugar onde Deus Se faz próximo, vem ao encontro do nosso mundo. A Igreja não existe para si mesma, não é o ponto de chegada, mas deve apontar para além de si, para o alto, acima de nós. A Igreja é verdadeiramente o que deve ser, na medida em que deixa transparecer o Outro – com o “O” grande – do qual provém e para o qual conduz. A Igreja é o lugar onde Deus «chega» a nós e donde nós «partimos» para Ele; a este mundo que tende a fechar-se em si próprio, a Igreja tem a missão de o abrir para além de si mesmo e levar-lhe a luz que vem do Alto e sem a qual se tornaria inabitável.
A grande cátedra de bronze contém dentro dela uma cadeira em madeira, do século IX, que foi considerada durante muito tempo a cátedra do apóstolo Pedro e, precisamente pelo seu alto valor simbólico, colocada neste altar monumental. Na realidade, exprime a presença permanente do Apóstolo no magistério dos seus sucessores. Podemos dizer que a cadeira de São Pedro é o trono da verdade, cuja origem está no mandato de Cristo depois da confissão em Cesareia de Filipe. A cadeira magistral renova em nós também a lembrança das seguintes palavras dirigidas pelo Senhor a Pedro no Cenáculo: «Eu roguei por ti, para que a tua fé não desapareça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos» (Lc 22, 32).
A cátedra de Pedro evoca outra recordação: a conhecida expressão de Santo Inácio de Antioquia, que, na sua Carta aos Romanos, designa a Igreja de Roma como «aquela que preside à caridade» (Inscr.: PG 5, 801). Com efeito, o facto de presidir na fé está inseparavelmente ligado à presidência no amor. Uma fé sem amor deixaria de ser uma fé cristã autêntica. Mas as palavras de Santo Inácio contêm ainda outro aspecto, muito mais concreto: de facto, o termo «caridade» era usado pela Igreja primitiva para indicar também a Eucaristia. Efectivamente a Eucaristia é Sacramentum caritatis Christi, por meio do qual Ele continua a atrair a Si todos nós, como fez do alto da cruz (cf. Jo 12, 32). Portanto, «presidir à caridade» significa atrair os homens num abraço eucarístico – o abraço de Cristo – que supera toda a barreira e estranheza, criando a comunhão entre as múltiplas diferenças. Por conseguinte, o ministério petrino é primado no amor em sentido eucarístico, ou seja, solicitude pela comunhão universal da Igreja em Cristo. E a Eucaristia é forma e medida desta comunhão, e garantia de que a Igreja se mantém fiel ao critério da tradição da fé.
A grande Cátedra é sustentada pelos Padres da Igreja. Os dois mestres do Oriente, São João Crisóstomo e Santo Atanásio, juntamente com os latinos, Santo Ambrósio e Santo Agostinho, representam a totalidade da tradição e, consequentemente, a riqueza da expressão da verdadeira fé da única Igreja. Este elemento do altar diz-nos que o amor apoia-se sobre a fé. O amor desfaz-se, se o homem deixa de confiar em Deus e obedecer-Lhe. Na Igreja, tudo se apoia na fé: os sacramentos, a liturgia, a evangelização, a caridade. Mesmo o direito e a própria autoridade na Igreja assentam na fé. A Igreja não se auto-regula, não confere a si mesma o seu próprio ordenamento, mas recebe-o da Palavra de Deus, que escuta na fé e procura compreender e viver. Na comunidade eclesial, os Padres da Igreja têm a função de garantes da fidelidade à Sagrada Escritura. Asseguram uma exegese fidedigna, segura, capaz de formar um conjunto estável e unitário com a cátedra de Pedro. As Sagradas Escrituras, interpretadas com autoridade pelo Magistério à luz dos Padres, iluminam o caminho da Igreja no tempo, assegurando-lhe um fundamento estável no meio das transformações da história.
Depois de termos considerado os diversos elementos do altar da Cátedra, lancemos um olhar ao seu conjunto. Vemos que é atravessado por um duplo movimento: de subida e de descida. Trata-se da reciprocidade entre a fé e o amor. A Cátedra aparece em grande destaque neste lugar, não só porque está aqui o túmulo do apóstolo Pedro, mas também porque ela encaminha para o amor de Deus. Com efeito, a fé orienta-se para o amor. Uma fé egoísta seria uma fé não-verdadeira. Quem crê em Jesus Cristo e entra no dinamismo de amor que encontra a sua fonte na Eucaristia, descobre a verdadeira alegria e torna-se, por sua vez, capaz de viver segundo a lógica do dom. A verdadeira fé é iluminada pelo amor e conduz ao amor, conduz para o alto, como o altar da Cátedra nos eleva para a janela luminosa, para a glória do Espírito Santo, que constitui o verdadeiro ponto focal que atrai o olhar do peregrino quando cruza o limiar da Basílica Vaticana. O triunfo dos anjos e os grandes raios dourados conferem àquela janela o máximo destaque, com um sentido de transbordante plenitude que exprime a riqueza da comunhão de Deus. Deus não é solidão, mas amor glorioso e feliz, irradiante e luminoso.
Amados irmãos e irmãs, a nós, a cada cristão, está confiado o dom deste amor: um dom que deve ser oferecido com o testemunho da nossa vida. Esta é de modo particular a vossa missão, venerados Irmãos Cardeais: testemunhar a alegria do amor de Cristo. À Virgem Maria, presente na comunidade apostólica reunida em oração à espera do Espírito Santo (cf. Act 1, 14), confiamos agora o vosso novo serviço eclesial. Que Ela, Mãe do Verbo Encarnado, proteja o caminho da Igreja, sustente com a sua intercessão a obra dos Pastores e acolha sob o seu manto todo o Colégio Cardinalício. Amen!
Fonte: Rádio Vaticano