28 de mai. de 2014

A Bíblia e o tráfico humano na atualidade

Por Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
fonte: http://vidapastoral.com.br/artigos/temas-sociais/a-biblia-e-o-trafico-humano-na-atualidade/
A ação de Deus de libertar os escravos do Egito aparece como situação privilegiada para entender o tema da escravidão, tal como foi tratada pela Bíblia, e qual posicionamento se deve ter ao ler esse texto. A história de José no Egito, como narrativa exemplar, é o coroamento da reflexão bíblica sobre o tema da escravidão e nos motiva a uma ação eficaz de combate ao tráfico humano na atualidade.
Milhares de pessoas, todos os anos, são traficadas por máfias que as exploram na prostituição e no trabalho escravo. Esse diagnóstico aterrador de nossa época mobiliza ONGs, polícias federais de vários países e a ONU e até foi tema de filmes no exterior e de novela no Brasil. Já era tempo de a Igreja propor uma Campanha da Fraternidade que denunciasse essa situação.
A antiguidade do tráfico humano é atestada pela Bíblia e, não obstante a maior parte dessa literatura ter sido escrita em um contexto no qual a escravidão era tratada com normalidade, as Escrituras o denunciam em um relato amplo (Gn 37-50). Trata-se da história de José do Egito, a qual tem, coincidentemente, o mesmo enredo dos dias atuais. Por isso, esse relato bíblico servirá de base para nossa reflexão e poderá iluminar nossas ações no contexto hodierno.
1. Uma história antiga e nova
A finalidade do relato sobre José, o filho de Jacó vendido como escravo ao Egito, é mostrar como um jovem hebreu deve permanecer fiel a Deus em qualquer situação e como o Deus da aliança pode agir discretamente nos grandes dramas da vida humana. Tudo isso com um realismo impressionante e desprovido de manifestações teofânicas ou de menções a grandes prodígios.
As narrativas bíblicas sobre os patriarcas mais antigos estão marcadas pelo culto, pela guerra santa, pelo carisma de pessoas especialmente eleitas e por manifestações extraordinárias do poder de Deus. O relato de José do Egito, ao contrário, é a história de uma pessoa comum, igual a tantas outras, que cultiva sonhos e anseios de uma vida melhor, que almeja a realização plena de seus carismas e capacidades pessoais. É uma história bem diferente das narrativas bíblicas anteriores, pois foi escrita em um ambiente intelectual e religioso bem diverso, a saber, a época da monarquia salomônica.
Naquele novo contexto histórico, houve um contato mais intenso entre os povos, maior trânsito de pessoas de um país a outro, considerável desenvolvimento do comércio ambulante por meio de caravanas, pois no reinado de Salomão foram realizadas muitas alianças de paz com os povos da região. Naquele ambiente também, por causa desses fatores, as pessoas estavam mais conscientes de suas capacidades intelectuais e havia quem sonhasse com uma vida melhor, com algo mais que cuidar dos rebanhos da família.
O relato bíblico sobre José do Egito é sui generis na Torá (Pentateuco). É uma narrativa que descreve a tempestade íntima dos personagens, seus dramas internos. Está focado mais nas situações psicológicas das pessoas que em ações extraordinárias realizadas por alguns escolhidos de Deus. Não menciona a vingança, a justiça feita com as próprias mãos, embora isso não signifique que a culpabilidade seja subestimada, e sim que há mais serenidade diante dela.
A narrativa de José do Egito é uma história de sofrimento, na qual Deus, de forma discreta, escondida, vai agindo por meio da inspiração e da criatividade, ordenando todas as coisas ruins para o bem e para a salvação.
É a história sobre um jovem que foi traficado como escravo para um país estrangeiro e ali vivenciou muitos sofrimentos, mas com o qual Deus estava, inspirando-o de modo que transformasse os acontecimentos ruins em algum bem a favor daqueles com quem compartilhava a mesma situação. Nesse relato não se menciona um fatalismo do destino, mas os eventos históricos são interpretados como consequência das ações boas ou más praticadas pelas pessoas.
Além de descrever as situações psicológicas de José, o relato se preocupa em expor o drama moral da família dele, responsável pelo desencadeamento dos fatos desastrosos vivenciados por aquele que fora vendido como escravo.
A narrativa sobre José do Egito não é tão diferente das histórias atuais. As circunstâncias nas quais nasceu são marcadas pela competição: primeiramente o pai, Jacó, competiu com o irmão, Esaú, pela primogenitura, e a mãe, Raquel, competiu com a irmã, Lia, pelo amor do marido. Influenciado por essa situação familiar, José logo aprendeu a competir com os irmãos dele (STEVENS, 2006, p. 107; 172).
A grande tentação de José era ser o arquiteto da própria realização pessoal numa oposição aos demais irmãos, os filhos de Jacó. Essas pretensões se traduziam externamente em boas roupas e sonhos de grandeza (cf. Gn 37,2).
A situação familiar teve como consequência uma hostilidade tal, que levou José a ser sequestrado pelos próprios irmãos e vendido como escravo ao Egito. Durante o tempo em que foi escravo, sofreu assédio sexual e calúnia que puseram sua vida em perigo.
José, longe de seus parentes, precisa construir novas relações sociais, as quais, a princípio, são desastrosas, já não por causa da inveja, mas porque a esposa de seu senhor se apaixona por ele e o assedia. Esse episódio provoca o desenvolvimento da trama (Gn 39-41), fazendo que José, na prisão, construa novos relacionamentos sociais: com o copeiro-mor e o padeiro-mor da corte do faraó.
Por causa do assédio e das armadilhas montadas por essa pessoa rica e influente – a mulher de Putifar –, José é tirado de um ambiente onde já estava estabelecido e é colocado na prisão. Mas, em meio aos sofrimentos, que vão se acumulando cada vez mais, ele não está abandonado por Deus, que age discretamente na história, fazendo o copeiro-mor e o padeiro-mor ter sonhos que seriam interpretados por José. Os sonhos de ambos são o que favorece o desenvolvimento da trama, forçando a situação para que José seja libertado.
Outra situação que mostra o agir discreto de Deus na história é a forma como José se reuniu com sua família (Gn 42,1-47,26). Houve um período de escassez, e os irmãos de José foram ao Egito para comprar alimentos. Os irmãos são forçados a encarar sua culpa, mas também são perdoados por José. O ápice da trama é o clímax da pressão psicológica e da liberação de todos os sentimentos. O pranto compulsivo mostra essa realidade.
2. As Escrituras mencionam, mas não aprovam, a escravidão
A Bíblia foi escrita num tempo em que a escravidão era aceita com naturalidade. Mas isso não significa que a Bíblia a aprove. O Deus revelado nas Sagradas Escrituras é o criador e o libertador. Os dois eventos bíblicos, criação e libertação, destacam a ação exclusiva de Deus. São os fundamentos da fé judaica. Todo o sistema de bênçãos, orações, festas e rituais está alicerçado na fé em Deus criador e na memória do êxodo do Egito.
Esses dois eventos servem como fundamento das relações interpessoais e da ética. Se Deus é o criador, então todos os seres humanos são irmãos. E, sendo Deus o libertador, não há nenhuma justificativa para qualquer tipo de escravidão. Portanto, a Bíblia jamais justificou essa prática e, mesmo quando não a rejeitou explicitamente, o fez indiretamente por meio de várias leis.
Em nada a escravidão mencionada nas Escrituras se parece com a escravidão dos povos africanos nas Américas. Na Bíblia, é muito severa a punição por sequestrar, manter ou vender alguém, em outras palavras, por promover a escravidão sistemática, como a que aconteceu durante séculos nas Américas. Da mesma forma, as condições atuais de subempregos, trabalhos forçados, trabalho infantil, tráfico humano, tudo isso se enquadra naquilo que está previsto no texto bíblico como crime hediondo, punido com a pena capital (cf. Ex 21,16). Esse tipo de escravidão era praticada pelo Egito, e contra isso o próprio Deus se posicionou a favor dos escravos, libertando-os e condenando a escravidão para sempre.
Quando o Antigo Testamento menciona a existência de escravos na terra de Israel promovida pelo povo da aliança, principalmente durante o período da monarquia, está referindo-se à escravidão por dívidas. Em uma época na qual não havia projetos e organizações de ajuda social e humanitária, nem seguros de vida ou de patrimônio, nem previdências sociais, e em que era usual a imposição de altos impostos para manter a corte real, facilmente alguém podia cair na escravidão por dívidas.
O escravo mais comum era alguém que se tinha oferecido voluntariamente, ou tinha sido vendido por seus pais, para pagar uma dívida. Em alguns casos, o trabalho de um devedor era necessário para a sobrevivência da família, então escolhas difíceis tinham de ser feitas. Se um pai se tornasse escravo para pagar uma dívida, seria incapaz de sustentar a própria família; então, diante do risco de toda a família passar fome, muitas vezes um adolescente era dado ao credor em pagamento da dívida. A família iria sobreviver, e o menor oferecido como escravo teria ao menos suas necessidades básicas atendidas (cf. 2Rs 4,1).
Essa terrível situação é condenada por Deus por meio dos profetas:
Vendem por prata o justo, e por um par de sandálias o pobre.
Pisam a cabeça dos necessitados como pisam o pó da terra,
e negam justiça ao oprimido (Am 2,6b-7).
A mesma condenação está no Pentateuco, que traz diversas leis a serem cumpridas pelos proprietários de escravos, um avanço para aquela época (cf. Dt 15,12-15; Lv 25,39-46). A Lei mosaica deu aos escravos o direito ao sábado (Ex 23,12), exigiu uma indenização significativa para o abuso (Ex 21,20.26-27.32), deu proteção específica para mulheres (Ex 21,7-11) e ordenou que todos os escravos fossem libertados no Ano do Jubileu (Lv 25,39-41). Muitas vezes, se um homem não tinha herdeiro, a sua propriedade passava para um escravo (Gn 15,2-3). Nessas concessões se observa a intolerância com a prática de um ser humano ser proprietário de outro.
As bases lançadas pela antiga aliança tiveram seu desfecho no Novo Testamento. Paulo de Tarso escreveu uma epístola com o propósito de restaurar o relacionamento de Filemon com seu escravo fugitivo, Onésimo, a quem aquele deveria receber “como companheiro e irmão no Senhor” (Fm 16). Se essa foi a instrução aos cristãos que viviam no contexto do império romano, numa época em que se via a escravidão com naturalidade, quanto mais severa não é a instrução aos cristãos de hoje, depois de toda a conscientização a respeito dos direitos humanos.
3. O tráfico humano na atualidade
A história do tráfico de pessoas é tão antiga quanto nova. Mas causa perplexidade o número altíssimo de vítimas que, apesar de grande conscientização a respeito dos direitos humanos, ainda são traficadas na atualidade.
O tráfico internacional de pessoas é a terceira atividade ilegal mais lucrativa do mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e de armas. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, havia, em 2010, 140 mil mulheres traficadas na Europa e exploradas sexualmente. Juntas, elas fariam cerca de 50 milhões de programas sexuais por ano, a um valor médio de 50 euros cada, o que representa um lucro anual de 2,5 bilhões de euros, ou 6,5 bilhões de reais (SANCHES, 2012).
Conforme a maioria dos depoimentos de pessoas resgatadas da escravidão (SEVERO, 2012), geralmente o início de tudo está nos sonhos de grandeza alimentados pelas vítimas, no modo como a família delas está envolvida nesses sonhos, unindo-se a isso a falta de escrúpulos de pessoas oportunistas e gananciosas que se utilizam desses fatores para enriquecimento ilícito por meio do tráfico humano.
A oportunidade do traficante de pessoas para a escravidão surge pela porta dos sonhos das vítimas. A cada ano, grande número de pessoas são traficadas para a exploração de sua força de trabalho ou para a prostituição.
(…) as vítimas são homens, mulheres e crianças mantidos em condições análogas à escravidão, normalmente, em trabalho agrícola ou fabril (…). “Tem aumentado também a frequência do tráfico internacional de jogadores de futebol, modelos e até de cozinheiros de restaurantes étnicos”, afirma a ministra Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior (…) (SANCHES, 2012).
As vítimas, geralmente, compartilham um mesmo tipo de situação familiar e econômica. São adultos que moram com os pais, estão desempregados ou em um subemprego. Essa situação gera acusações a respeito de despesas, cobranças de uma colaboração mais efetiva na renda familiar e extravasamento das tensões psicológicas pela procura frequente de ambientes de diversão, como boates e bares.
Tal situação econômica e familiar é responsável pelo surgimento de sonhos de uma mudança de vida. As futuras vítimas da escravidão se sentem capacitadas para uma vida melhor, sentem que o futuro lhes reserva uma oportunidade ideal, que surgirá como num passe de mágica. Seus anseios por uma vida melhor são o tema principal de suas conversas nos ambientes que frequentam. E então surge o traficante, que será considerado como o Mágico de Oz,[1] alguém que com sua varinha de condão transformará radicalmente o espantalho em ser humano.
O traficante[2] se aproxima para fazer amizade. Narra a vida difícil que tinha e como a situação mudou radicalmente quando foi trabalhar no estrangeiro. Antes era pobre e sofrido, a família o humilhava, e agora tem casa, carro e dinheiro para se divertir à vontade. Tem o respeito das pessoas e desperta paixões.
A vítima não desconfia desse relato de enriquecimento fácil e rápido; fica hipnotizada com a narrativa. Seu pensamento está fixo na possibilidade de realizar seu sonho. O traficante dá provas de que está falando a verdade. A vítima tem acesso ao carro e à casa do traficante. Pessoas do círculo de amizade do traficante confirmam a história, para que a vítima se certifique de que tudo o que foi contado é verdade.
4. O papel solidário e profético da comunidade de Jesus
Atualmente, a maioria dos cristãos ainda ignora a situação do tráfico humano ou lhe é indiferente. Hoje o tráfico de pessoas é tão perverso quanto no tempo em que as Américas estavam sendo colonizadas. Há suspeitas de que as receitas provenientes do tráfico humano superem as do comércio ilegal de armas e de que, em breve, esse crime ultrapassará o tráfico de drogas para chegar ao topo das atividades ilegais no mundo.
É tarefa dos cristãos, em nome de Jesus de Nazaré, que deu a própria vida na cruz para nos resgatar do pior tipo de escravidão que é o pecado, empenhar esforços para que os milhões de vítimas do tráfico sexual sejam libertados e as vítimas do tráfico de mão de obra voltem para junto de suas famílias.
Nos tempos bíblicos, a escravidão se instaurou por causa do pagamento de dívidas familiares. Hoje, a “necessidade” que gera a escravidão é muito mais ilusória e vil: a fabricação de produtos com baixo custo – para lucrar cada vez mais – e o sexo barato. A Bíblia se preocupa em promover práticas trabalhistas justas (1Tm 5,18) e relações sexuais saudáveis, sem exploração da pessoa humana (1Cor 7,2).
Apesar disso, há o silêncio da maioria dos cristãos que dizem praticar as Escrituras. Há conivência com a adoção ilegal, sem que se perguntem de onde a criança veio e se não teria sido raptada de seus pais. A maioria dos cristãos se cala quando se trata de multinacionais que usam mão de obra em condições de escravidão. Essa postura é uma antítese do cuidado bíblico para com os servos. Os cristãos, alicerçados na lei do amor (1Jo 3,16), são convocados a gastar suas energias em favor daqueles que estão escravizados; devem ajudar a levar vida plena, pois todos já foram libertados em Cristo.
E não podemos concluir este artigo sem uma palavra de esperança para as pessoas traficadas e para as famílias das vítimas. No fim da narrativa, José faz uma leitura positiva dos acontecimentos dolorosos pelos quais passou (Gn 50), Deus havia convertido o mal em grande bem. Esse final convida as famílias de hoje, mesmo quando há vítimas fatais, a ver a ação discreta de Deus como companhia nos sofrimentos, como presença eficaz ao lado de quem sofre, na certeza de que a vítima não foi abandonada por ele em nenhum momento.
O Senhor disse: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor por causa dos seus opressores, pois eu conheço as suas angústias. Por isso desci a fim de libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel (…). Agora, o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vai, pois, e eu te enviarei ao Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo, os filhos de Israel” (Ex 3,7-10). 
Os verbos empregados indicam a presença constante de Deus junto ao povo: eu vi, eu ouvi, eu conheço as angústias dele, eu desci, eu te envio. Que os seguidores de Jesus não desconsiderem esse apelo do Senhor, que conta conosco para novamente tirar seu povo da escravidão e da mão do opressor.

BIBLIOGRAFIA
SANCHES, Adriana. Tráfico humano: histórias reais que inspiraram a novela Salve Jorge. Marie Claire, Rio de Janeiro, n. 260, nov. 2012. Disponível em: <http://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2012/11/trafico-humano-historias-reais-que-inspiraram-novela-salve-jorgex.html>. Acesso em: 22. ago. 2013.
SEVERO, Julio. Tráfico sexual humano: a moderna escravidão que não foi abolida. Disponível em: . Acesso em: 9 jul. 2013.
STEVENS, R. Paul. A espiritualidade na prática: encontrando Deus nas coisas simples e comuns da vida. Viçosa: Ultimato, 2006.

[1] No romance homônimo de L. Frank Baum, os personagens procuram o falso mágico achando que ele vai realizar seus sonhos, mas, na verdade, os personagens já têm dentro de si mesmos aquilo que mais procuram e não o sabem, pois acham que sua realização pessoal está em algo extraordinário e fora de si.
[2] Homem, mulher ou homossexual.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj

Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
E-mail: aylanj@gmail.com

20 de mai. de 2014

Teologia e literatura (afinidades e segredos compartilhados)

Há uma afinidade constitutiva e uma irmandade ancestral entre teologia e literatura. Graças à espiritualidade, ambas decorrem da inspiração. Atraindo-se como dois polos relacionais, ambas as disciplinas fazem o ser humano mais humano e a vida mais bela e digna de ser vivida.  Parábola  É muito difícil esconder o... leia mais


14 de mai. de 2014

Grupo brasileiro comprou à CGD hospitais a baixo preço, confirma administrador

O administrador dos Hospitais Privados de Portugal (HPP) confirma que o grupo brasileiro Amil comprou os hospitais à Caixa Geral de Depósitos (CGD) por um valor baixo e afirma que o setor privado vai crescer na saúde “porque hoje as pessoas têm dificuldade de acesso no Serviço Nacional de Saúde (SNS), naquelas coisas que são mais simples”.
Administrador dos HPP afirma que o setor privado vai crescer na saúde “porque hoje as pessoas têm dificuldade de acesso no SNS, naquelas coisas que são mais simples”
Há 14 meses, o grupo HPP foi adquirido pelo grupo brasileiro Amil à CGD, por 85,6 milhões de euros. A partir desta quarta-feira, o grupo passa a chamar-se Lusíadas Saúde e é composto por cinco hospitais (Lisboa, Porto, Albufeira, Faro e Lagos) e duas clínicas de proximidade no Fórum Algarve e no Parque das Nações.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente do conselho de administração do agora Lusíadas Saúde, José Carlos Magalhães, diz: “Essa tal de crise criou oportunidades para fazer bons negócios. Não nos assustou”.
Magalhães refere que “talvez em outras épocas os HPP não custassem o que custaram. Talvez custassem muito mais”, mas salienta “é o momento que faz o preço”. A compra incluiu as dívidas do grupo que totalizavam 49 milhões de euros.
José Carlos Magalhães diz que está apostado em fazer do Lusíadas Saúde o “melhor grupo privado de saúde em Portugal” e pensa que não faltará mercado.
“Há hoje uma grande procura dos clientes pela medicina privada, neste momento pela conveniência, porque hoje as pessoas têm dificuldade de acesso no Serviço Nacional de Saúde (SNS), naquelas coisas que são mais simples”, afirma o presidente do grupo Lusíadas Saúde.
José Carlos Magalhães diz que o SNS funciona bem se as pessoas estão muito doentes, mas demora a responder se não estiverem muito doentes.
O presidente do grupo explica o investimento do grupo Amil, dizendo que pesou a convicção de que “o negócio da saúde vai mudar” e que “a participação do privado vai crescer” porque “a inflação da saúde cresce a uma velocidade tal que o orçamento do Estado não consegue acompanhar”.
José Carlos Magalhães assinala ainda que “ajuda fazer parte de um grande grupo”, referindo-se ao facto da Amil ser “a maior empresa do setor da saúde privada do Brasil” e pertencer ao Unitedhealth Group, que atende mais de 85 milhões de pessoas no mundo.
Fonte: http://www.esquerda.net/artigo/grupo-brasileiro-comprou-cgd-hospitais-baixo-preco-confirma-administrador/32639 

A arte de cuidar dos enfermos



Leonardo Boff (*)
Nos últimos anos tenho trabalhado de forma aprofundada a categoria do cuidado especialmente nos livros Saber Cuidar e O Cuidado Necessário (Vozes). O cuidado mais que uma técnica ou uma virtude entre outras, representa uma arte e um paradigma novo de relação para com a natureza e com as relações humanas, amoroso, diligente e participativo. Tenho tomado parte de muitos encontros e congressos de operadores da saúde com os quais pude dialogar e aprender, pois o cuidado é a ética natural desta atividade tão sagrada.
Retomo aqui algumas idéias referentes às  atitudes que devem estar presentes em quem cuida de enfermos seja em casa seja no hospital. Vejamos algumas delas entre outras.
Compaixão: é  a capacidade de colocar-se no lugar do outro e sentir com ele. Não dar-lhe a impressão que está só e entregue à sua própria dor.
Toque da carícia essencial: tocar o outro é devolver-lhe  a certeza de que pertence à nossa humanidade. O toque da carícia é uma manifestação de amor. Muitas vezes, a doença é um sinal de que  o paciente quer se comunicar, falar e ser ouvido. Quer identificar um sentido na doença. O enfermeiro ou a enfermeira ou médico e a médica podem ajudá-lo a se abrir e a falar. Testemunha uma enfermeira: “Quando te toco, te cuido; quando te cuido te toco; se és um idoso te cuido quando estás cansado; te toco quando te abraço; te toco quando estás chorando; te cuido quando não estás mais podendo andar”.
Assistência judiciosa: O paciente precisa de ajuda e a enfermeira ou o enfermeiro deseja cuidar. A convergência destes dois movimentos  gera a reciprocidade e a superação do sentimento de uma relação desigual. A assistência deve ser judiciosa: tudo o que o paciente pode fazer, incentivá-lo a fazer  e assisti-lo somente quando já não o pode fazer por si mesmo.
Devolver-lhe  a confiança na vida: O que o paciente mais deseja é recuperar a saúde. Daí ser decisivo devolver-lhe a confiança na vida: em suas energias interiores, físicas, psíquicas e espirituais, pois elas atuam como verdadeiras medicinas. Incentivar gestos simbólicos, carregados de afeto. Não raro, os desenhos que a filhinha traz para o pai doente, suscita nele tanta energia e comoção que equivale a um coquetel de vitaminas.
Fazê-lo acolher a condição humana. Normalmente o paciente se interroga perplexo: “Por que isso foi acontecer comigo, exatamente agora em que tudo na vida estava dando certo? Por que, jovem ainda, sou acometido de grave doença”? Tais questonamentos remetem a uma reflexão humilde sobre a condition humaine que é, em  todo o momento, exposta ariscos  e à vulnerabilidades inesperadas.
Quem é sadio sempre pode ficar doente. E toda doença remete à saúde que é o valor de referência maior. Mas não conseguimos saltar por cima de nossa sombra e não há como não acolher a vida assim como é: sadia e enferma, bem-sucedida e fragilizada, ardendo por vida e tendo que aceitar eventuais doenças e, no limite, a própria morte. É nestes momentos em que os pacientes fazem profundas revisões de vida. Não se contentam apenas com as  explicações científicas (sempre necessárias), dadas pelo corpo médico mas anseiam por um sentido que surge a partir de um diálogo profundo com seu Self  ou da palavra sábia de um parente, de um sacerdote, de um pastor ou de uma pessoa espiritual. Resgatam, então, valores cotidianos que antes sequer percebiam, redefinem seu desenho  de vida e amadurecem. E acabam tendo paz.
Acompanhá-lo na grande travesia. Há um momento inevitável que todos, mesmo a pessoa mais idosa do mundo, devem morrer. É a lei da vida, sujeita à morte: uma travessia decisiva. Ela deve ser preparada por toda uma vida que se guiou por valores morais generosos, responsáveis e benfazejos.
Mas para a grande maioria, a morte é sofrida como um assalto e um sequestro, gerando sentimento de impotência.  E então dá-se conta de que, finalmente, deve se entregar.
A presença discreta, respeitosa da enfermeira ou do enfermeiro ou do parente próximo ou da amiga, pegando-lhe a mão, susurrando-lhe palavras de conforto e de coragem, convidando-o a ir ao encontro da Luz e ao seio de Deus que é Pai e Mãe de bondade, podem fazer com que o moribundo saia da vida sereno e agradecido pela existência que viveu.
Sussurar-lhe ao ouvido, se possui uma referência religiosa, as palavras tão consoladoras de São João: Se teu coração te acusa, saiba que Deus é maior que teu coração (3,20). Pode entregar-se, tranquilamente, a Deus cujo coração é de puro amor e de misericórdia. Morrer é cair nos braços de Deus.
Aqui, o cuidado se revela muito mais como arte que como  técnica e supõe no agente de saúde densidade de vida, sentido espiritual  e um olhar que vai para além da morte. Atingir este estágio é uma missão a que o enfermeiro e enfermeira e também os médicos e médicas devem buscar para serem plenamente servidores da vida. Para todos valem as sábias palavras: “A tragédia da vida não é a morte, mas aquilo que deixamos morrer dentro de nós enquanto vivemos”.
(*) Leonardo Boff, téologo e filósofo, é autor de Vida para além da morte,  Vozes 2012.
fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=57932#sthash.LMjoOSBX.dpuf

13 de mai. de 2014

Uma Ordem de Irmãos

Nas origens da fraternidade
Em 1209, quando Frei Francisco pede ao papa a aprovação do seu grupo, a forma institucional identificativa é a da fraternitas e não a de uma “Ordem” religiosa. Vivem todos a comum dimensão de vida cujos traços de identidade o Testamento resume em: opção pela pobreza em minoridade, oração e freqüência às igrejas. Nos primeiros frades há um caráter profundamente desarmado, expresso na saudação “O Senhor te dê a paz”. Quem quiser pode se tornar frade menor, independentemente da idade, da condição social e da cultura. Lenta e inexoravelmente a chegada de indivíduos provenientes das fileiras clericais e magisteriais condicionam de forma diferente a primitiva fraternidade.......leia mais:

10 de mai. de 2014

Os caminhos da Amazônia Oriental em debate

Projetos de desenvolvimento, resistências e mobilizações na Amazônia Oriental são temas do seminário Carajás 30 anos, que acontece essa semana no Maranhão
Por Horácio Antunes de Sant'Ana Júnior*
Após 30 anos de mineração, siderurgia e projetos de “desenvolvimento regional”, implementados a partir do Programa Grande Carajás, faz-se necessária e urgente uma avaliação crítica dos processos sociais, ambientais, econômicos e culturais desencadeados por esse grande investimento.
Ferrovia de Carajás. Fotos: Daniel SantiniO Programa Grande Carajás (PGC) foi um desdobramento do Projeto Ferro Carajás, da então estatal Companhia Vale do Rio Doce (hoje privatizada e autodenominada apenas “Vale”), que visava, principalmente, garantir as condições infraestruturais para a exploração e transporte das gigantescas jazidas de minério de ferro do sudeste do Pará. O PGC foi institucionalizado pelo Presidente da República, João Figueiredo, através Decreto Lei 1813, de 24 de novembro de 1980.
Segundo esse decreto, os empreendimentos integrantes do Programa compreendiam: “I – serviços de infra-estrutura, com prioridade para: a) o projeto da Ferrovia Serra de Carajás – São Luís; b) a instalação ou ampliação do sistema portuário e de outros investimentos necessários à criação e utilização dos corredores de exportação de Carajás; c) as obras e instalações para a criação e utilização de hidrovias com capacidade para transporte de grandes massas; d) outros projetos concernentes a infra-estrutura e equipamentos de transporte que se façam necessários à implementação e ao desenvolvimento do Programa Grande Carajás; e) o aproveitamento hidrelétrico das bacias hidrográficas; II – projetos que tenham por objetivo atividades de: a) pesquisa, prospecção, extração, beneficiamento, elaboração primária ou industrialização de minerais; b) agricultura, pecuária, pesca e agroindústria; c) florestamento, reflorestamento, beneficiamento e industrialização de madeira; aproveitamento de fontes energéticas; III – outras atividades econômicas consideradas de importância para o desenvolvimento da região”.Área atingida pelo Programa Grande Carajás (clique na imagem para ver a área no OpenStreetMap). Como se pode perceber pelos termos do Decreto Lei de criação, o PGC visava ser um programa de ação que ia muito além da exploração do minério do ferro. O Programa era conduzido por um Conselho Interministerial (também instituído no Decreto Lei) e foi pensado e realizado como um programa centrado na mineração e siderurgia, mas que atuasse como catalisador de “desenvolvimento regional”, cujo raio de ação compreenderia boa parte da Amazônia oriental, envolvendo o sudeste do Pará, o norte do Tocantins (à época, ainda, Goiás) e o sudoeste do Maranhão. As atividades a ele relacionadas compreendiam as mais variadas formas produtivas, a serem implantadas a partir de uma ampla rede de infraestrutura, com destaque para a Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 28 de fevereiro de 1985, e o complexo portuário de São Luís, constituindo um sistema mina-ferrovia-porto. Além desse sistema, compondo as condições de garantia de efetivação do Programa, foi criada, também, uma extensa malha de rodovias, vários aeroportos, grandes hidrelétricas, em especial, a Hidrelétrica de Tucuruí.
Apesar de ter sido oficialmente extinto em 1991, o Programa Grande Carajás alterou profundamente a história, a geografia e o ambiente da Amazônia oriental e suas consequências continuam presentes na vida cotidiana das cidades, dos povoados rurais, dos povos indígenas, dos quilombolas, dos ribeirinhos, das grupos sociais tradicionais, além de ter provocado intensas alterações nos biomas e paisagens.
Conflitos socioambientais
A Amazônia oriental, desde a década de 1960, tem sido alvo de políticas desenvolvimentistas promovidas pelos governos federal e estaduais, contando com a participação ativa de grandes grupos econômicos privados e com o financiamento de agências multilaterais de desenvolvimento, levando à implantação de grandes projetos industriais, de extração mineral, pesqueiros, turísticos, agropecuários e à expansão do desmatamento de áreas florestais e manguezais. São múltiplas as consequências (políticas, sociais, culturais, ambientais, religiosas e étnico/raciais) destas políticas e a presença de conflitos socioambientais, associados ao domínio e uso de territórios e de seus recursos naturais apresenta-se como um processo cada vez mais recorrente, despertando a necessidade de tomá-los como objeto de estudo e de articulação de movimentos de resistência e de reação a suas mais variadas consequências.
Procurando dar continuidade e reavaliar os resultados obtidos no “Seminário Consulta Carajás”, que foi realizado por movimentos sociais na região entre 1992 e 1995, uma parceria que envolve movimentos sociais e comunitários, sindicatos, pastorais, programas de pós-graduação e grupos de pesquisa universitários propõe, hoje, a realização do Seminário Internacional “Carajás 30 anos: projetos de desenvolvimento, resistências e mobilizações na Amazônia oriental”.
Banner Seminário Internacional Carajás 30 Anos
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O Seminário é concebido a partir da busca de oferecer um testemunho concreto e inegável das contradições do ciclo de mineração e siderurgia e, para tanto, contará com uma significativa participação dos atingido por mineração em outras regiões do Brasil e do mundo. É um processo que culminará em um evento com duração de quatro dias, a ser realizado na Universidade Federal do Maranhão, entre 5 e 9 maio de 2014, e contará com a participação de assessores e experts no setor, bem como o testemunho de lideranças comunitárias e dos movimentos socioambientais. Durante o ano de 2013 e início de 2014, será precedido de Seminários Preparatórios Locais, que envolverão regiões e territórios e serão realizados em Imperatriz (16 a 18 de outubro de 2013), Marabá (21 a 23 de março de 2014); Santa Inês (21 e 22 de março de 2014) e Belém (9 a 11 de março de 2014). Os Seminários Locais levantarão perguntas e temas que deverão ser debatidos no Seminário Internacional, visando motivar a participação dos movimentos sociais e das comunidades e viabilizar a interação com a pesquisa acadêmica.
Seminário internacional O Seminário internacional “Carajás 30 anos: projetos de desenvolvimento, resistências e mobilizações na Amazônia oriental” tem como objetivo geral avaliar criticamente os 30 anos do Programa Grande Carajás e, a partir do tema central do ‘desenvolvimento’, discutir suas consequências sociais, ambientais, econômicas, culturais na Amazônia oriental, envolvendo movimentos sociais, pastorais e grupos afetados, em diálogo permanente com grupos de estudos e pesquisadores acadêmicos. Buscará, portanto, ser um espaço transdisciplinar e que contemple múltiplos saberes. aminhões gigantes trabalham sem parar na mina de Carajás. Só a roda dos veículos fabricados para levar toneladas tem três metros de altura.
Como objetivos específicos, podem se apontar: reunir, sistematizar e socializar estudos acadêmicos produzidos sobre a temática geral do Seminário, em diferentes áreas de saber e práticas, e estimular a pesquisa sobre esses assuntos; constituir em espaço de reflexão e articulação de movimentos sociais; envolver estudantes e professores universitários, trabalhadores de empresas, agentes estatais, sujeitos de movimentos sindicais e populares; redefinir a noção de ‘atingidos’ pelo desenvolvimento (ampliando-a); redefinir e fortalecer estratégias de resistência e alternativas; evidenciar uma pauta de reivindicações que apontem para caminhos e ações a serem assumidos pelos movimentos sociais; avaliar possibilidades de diálogo entre agentes envolvidos referidos ao Grande Carajás (comunidades, movimentos sociais, acadêmicos, empresas, agentes políticos).
Pretende-se que o seminário aconteça como um processo de mobilização de sujeitos de grupos sociais, militantes de movimentos sociais e sindicais, pesquisadores, professores, estudantes, trabalhadores. Para tanto, deverá ser realizado um amplo trabalho de base nas comunidades, escolas, universidades, sindicatos, visando envolver ampla participação na organização e realização de seminários preparatórios locais, que estão a acontecer desde outubro de 2013, quando Imperatriz, no Maranhão, recebeu a primeira Etapa Local. Depois vieram Marabá (PA) e Santa Inês, em março de 2014 e, no mês seguinte, Belém (PA). Agora as atenções se voltam para a Etapa Final, em São Luís, entre os dias 5 a 9 de maio de 2014. Nesse momento, estarão juntos os movimentos sociais e comunidades de todas as regiões que receberam as Etapas anteriores, preparatórias.
Em toda a Amazônia e no Brasil, pesquisas estão sendo realizadas buscando compreender melhor esta realidade e movimentos locais, nacionais e internacionais estão relacionados com essa realidade. Desta forma, o evento assume a responsabilidade de ampliar as possibilidades de divulgação da pesquisa e do debate público dessas questões, de forma a contribuir para sua discussão e para a construção de caminhos para seu enfrentamento, bem como para tornar acessíveis aos mais variados movimentos a produção acadêmica que lhes interessa.
O evento será composto por 1) exposição de painéis com trabalhos resultantes de pesquisa de experiências sociais, organizações não-governamentais, estudantes, professores, pesquisadores; 2) Grupos de Trabalhos envolvendo participantes de movimentos sociais e ONGs, membros de órgãos estatais estudantes, pesquisadores, professores; 3) atividades de articulação de grupos envolvidos, incluindo fóruns de debates e reuniões; 4) feiras e exposições de experiências com o fim de expor e/ou comercializar produtos e experiências realizadas por grupos sociais; 5) Sessões de vídeos com apresentação de documentários e filmes relacionados à temática do evento; 6) exposição de fotografias e artes plásticas relacionadas à temática do evento; 7) atividades artístico-culturais com shows, apresentação de peças teatrais, apresentação de grupos de cultura popular; 8) Mesas Redondas compostas por estudiosos, lideranças de movimentos sociais, agentes empresariais e estatais; 9) Plenárias reunindo os participantes com o fim de sistematizar os debates realizados e apresentar documentos representativos do evento.
Espera-se que o Seminário se constitua, assim, em um momento de publicização dos desdobramentos decorrentes de 30 anos de grandes projetos de desenvolvimento na Amazônia oriental, explicitando que não há um consenso a respeito do modelo de desenvolvimento imposto. Assim, como resultados, deverá produzir a articulação da produção acadêmica existente e o estímulo para novas pesquisas integradas; articulação dos movimentos e lutas setoriais, rumo a convergências; troca de experiência entre produção acadêmica e movimentos e lutas sociais, com socialização dos estudos realizados e oportunidade de expressão dos saberes populares.
 Fonte:http://reporterbrasil.org.br/2014/05/carajas-30-anos-projetos...
*Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior é professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCSoc) e em Políticas Públicas (PGPP) da Universidade Federal do Maranhão.
Fotos: Ferrovia de Carajás. Fotos: Daniel Santini