31 de dez. de 2012

Equipe Missionária apresenta a foto e a programação para 2013

Equipe Missionária 2013

 
Para saber mais sbre os freis da equipe clic aqui: ww.capuchinhosrs.org.br/index.php

01
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Data: 09/02 a 10/03/2013
Diocese de Lages
Pe. Nivaldo Campos Rodeigues
Bom Retiro - SC

02 Reanimação: Paróquia Nossa Senhora da Saúde 
- Data: 13/03 a 17/03/2013
Diocese de Caxias do Sul
Pe.
Cotiporã - RS

03 Reanimação: Paróquia Santo Antônio - Data: 19/03 a 24/03/2013
Diocese de Caxias do Sul
Frei Antoninho Pascoalon
Vila Flores - RS

04 Paróquia São Miguem Arcanjo - Data: 07/04 a 20/04/2013
Arquidiocese de Passo Fundo
Frei Camilo Bordignon
Itapuca - RS

05 Paróquia Nossa Senhora de Lourdes
- Data: 07/04 a 21/04/2013
Aquidiocese de Passo Fundo
Frei Adair José Cenci
Nova Alvorada - RS

06 Paróquia Santa Terezinha
- Data: 22/04 a 05/05/2013
Arquidiocese de Passo Fundo
Frei Agenor Bortolon
Nicolau Vergueiro - RS

07 Paróquia Santo Antônio
- Data: 07/05 a 19/05/2013
Arquidiocese de Passo Fundo
Frei Jadir Scortegagna
Camargo - RS

08  Paróquia Nossa Senhora da Saúde
- Data: 20/05 a 02/06/2013
Arquidiocese de Passo Fundo
Pe. Aldino Barth
Vila Maria - RS

09 Paróquia São José
- Data 08/06 a 23/06/2013
Arquidiocese de Passo Fundo
Pe. Adroaldo Ciapparini
Monturi - RS

10 Paróquia Santo Antônio
- Data: 24/06 a 06/07/2013
Aquidiocese de Passo Fundo
Pe. Dalci Debastiani
Evangelista - Destrito de Casca

11 Paróquia São Roque Gonzáles
- Data: 14/07 a 04/08/2013
Diocese de Santo Ângelo
Pe. Luiz Jerônimo Schtz
Roque Gonzáles - RS

12 Paróquia Santa Tereza D'Avila
- Data: 21/08 a 22/09/2013
Diocese de Santo Ângelo
Pe. Nelson Loro
Guarani das Missões - RS

13 Paróquia Cristo Rei
- Data:28/09 a 17/11/2013
Arquidiocese de Passo Fundo
Frei Carlos Rockenbach
Marau - RS

14 Paróquia São Jorge
- Data: 30/11 a 15/12/2013
Diocese de Caxias do Sul
Pe. Benício Tamanini
São Jorge - RS

29 de dez. de 2012

Jesus no Templo

                                  Júlio Lázaro Torma*
                                    " Maria guardava estas coisas no seu coração"
                                                                                      ( Lc 2,51)
   Neste último final de semana de 2012, no Ciclo do Natal, estamos celebrando a " Sagrada Família de Nazaré".Festividade esta instituída no final do século 19, pelo Papa Leão XIII e  espraiada para a toda Igreja universal pelo Papa Bento XV em 1921, como modelo para toda a família cristã.
  O Evangelho de Lucas, lido,meditado e rezado em nossas comunidades cristãs, nos fala de " Jesus entre os doutores da Lei",faz parte do Evangelho da Infância ( Mt 1-2; Lc 1-2).
  Onde nos narra a Romaria de Jesus a Festa da Páscoa, aos 12 anos de idade.Jesus o novo Moisés após o seu exílio no Egito( Mt 2,13-23), retorna a sua terra como havia anunciado o Profeta Oséias ( 734-723 a.C),durante o reinado de Jeroboão II (  II Rs 14, 23-29), na qual diz: " E do Egito chamei o meu Filho "( Os 11, 1).
  Jesus é apresentado no Templo pela segunda vez.A primeira vez após o seu nascimento ( Lc 2, 22-23), na qual segundo a Lei de Moisés, "Todo o primogênito do sexo masculino  é consagrado ao Senhor "( Êx 13,2) e a segunda vez é apresentado no Templo aos 12 anos ( Bar-mitzvah), onde o adolescente torna filho da Lei de Moisés.
  Assim como Jesus, foi o jovem Samuel apresentado ao Senhor na idade de 12 anos( I Sm 1, 26); ao qual ficou se dedicando ao serviço de Deus ( I Sm 3,1).
  A Festa da Páscoa era uma festa famíliar que cada família celebrava.Até o reinado do Rei Josias ( 640-609 a.C), onde Josias decreta que a Páscoa deverá ser celebrada pelo povo em Jerusalém ( II Rs 23,21-27).
  O povo vai em romaria, a Sagrada Familia participava da religiosidade popular de seu povo.Jesus fala aos discípulos " Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa" ( Lc 22,8).
  Ao olharmos o Evangelho, vemos o Mistério da Páscoa. Jesus o " doce cordeiro", está no Templo entre os teólogos oficiais dialogando com eles.
  O Templo a religião oficial, legalista, onde eram oferecidos animais em sacrifícios, ele o doce cordeiro que será imolado no alto do Calvário, está ali no meio dos mestres.Ele não se isola vai dialogar com os doutores, assim como povo que estava sedento de suas palavras e que ficavam admirados pelas suas pregações.
  Maria e José estão afritos pela fuga de Jesus do meio deles e o encontram três dias depois, assim como foi a sua ressurreição, após três dias ter sido imolado na cruz ( Lc 24,21).
  Jesus ao ouvir Maria e responder: " Não sabeis que devo ocupar das coisas de meu Pai"( Lc 2, 49), assim como fez o Profeta Samuel ( I Sm 3,1).
  Ele não desrespeita e nem despreza a autoridade de seus pais, criando uma ruptura com os seus, como havia declarado Simeão ( Lc 2, 35).Mas declara que deve fazer cumprir a sua missão.
  Se nas orações judaicas o fiel reza " Pai Nosso, que estás nos céus", quem teria a coragem de dizer " meu Pai" a não ser Jesus? Assim como foi a primeira e última palavra de Jesus ( Lc 23, 46;24,49). Assim como foi para os seus foi para os discípulos que não entendiam em " fazer a vontade do PAI"no Terceiro anúncio da Paixão ( Lc 18,34).
  Maria conservava tudo em seu coração( Lc 2, 19.51)., aqui podemos ver toda a síntese do Evangelho.Durante a vida pública de Jesus e os trágicos acontecimentos de sua Paixão, não vemos uma palavra sua. Ela a " doce cordeira", a alma contemplativa se põe a escutar, seguir o seu Filho quando pregava sem parada, esteve do seu lado da concepção até a cruz ( Jo 19,25).
  Maria a humilde camponesa de Nazaré que " nem os seus vizinhos a conheciam" é o modelo do verdadeiro discípulo e missionário.
  Devemos como escreve Santo Agostinho de Hipona, " Todas as nossas vidas, devemos buscar a Deus e quando for encontrado, temos que olhar de novo".
   Vamos a exemplo de José e Maria, buscar a Deus e deixar que a sua Palavra e o seu Amor nos envolva e transforme as nossas vidas e a de nossas famílias, comunidades, como daquela humilde família de Nazaré, onde o próprio Deus por seu amor se fez carne e "habitou entre nós" ( Jo 1, 14).
    Que o Deus de Amor, por interseção de São José e de Nossa Senhora, abençoe todas as nossas famílias e que tenhamos um abençoado e prospero  2013.
             Bom Final de Semana ,Boas Festas, Bom Ano Novo e boas meditações
                       Lc 2, 41-52
   * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas /RS

27 de dez. de 2012

Jesuítas pedem libertação de religioso preso durante protesto Ilha Jeju

Seul, 27 dez - Os jesuítas da Coréia do Sul escreveram uma carta aberta, por ocasião deste Natal, pedindo a libertação de um irmão preso por defender a justiça. O padre jesuíta Lee Young-chan e cinco ativistas foram detidos pela polícia a 24 de outubro último. Ele estava protestando contra o uso excessivo da força por parte da polícia na detenção de uma mulher pacifista; a polícia se defende alegando que o religioso usou de resistência violenta à voz de prisão.
A 26 de outubro, o tribunal confirmou a sua prisão e negou-lhe a fiança. Seu julgamento está em curso. O padre Lee é o segundo jesuíta a ser preso este ano por participarem de manifestações pacíficas contra a construção de uma base naval em Gangjeong Village, na Ilha de Jeju. Em abril, o padre Joseph Kim Chong-uk SJ foi preso por se opor e tentar impedir a construção. Pe. Kim já foi liberado.

A Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Católica da Coréia e a Província coreana da Companhia de Jesus publicaram declarações pedindo a libertação imediata do Pe. Lee e os outros ativistas da paz, e o fim do uso da violência pelas autoridades em Jeju. Em sua declaração a Província coreana da Companhia de Jesus prometeu a divulgação constante de material e apoio aos jesuítas empenhados em sua atividade pacífica em Jeju, destacando: "Com a consciência que este problema é de âmbito internacional, vamos divulgar o problema e juntar nossas forças com os jesuítas da América do Norte e também da região, com os restantes jesuítas da Ásia-Pacífico".

Numa carta que Pe. Lee conseguiu enviar da prisão a 4 de novembro, ele cita São Paulo dizendo: "Porque a vós foi concedido por causa de Cristo, não somente crer nele, mas também de sofrer por ele (Fl1, 27-29), dou graças que pelo menos de certa forma me foi concedida a felicidade e o favor especial para experimentar diretamente o que estas palavras expressam."

E continua: "Os EUA e a China, em defesa de seus interesses querem fazer da Ásia um barril de pólvora. Se deixaram cegar pela própria hegemonia e pelo nacionalismo e estão tentando derrubar um ao outro. Em resposta, Coréia e outras nações devem se unir em solidariedade, não se preparando para a guerra, mas melhorando a situação e levando a uma diminuição de armas”. "Rezo para que Jeju evite se tornar um camarão alvo da estratégia de sobrevivência da baleia; rezo para evitar a luta de baleias e que a Ilha de Jeju se torne um lugar cheio de vida e de paz, uma ilha espalhando a paz de Deus para todos os povos e o mundo todo."
Fonte: www.domtotal.org.br

15 de dez. de 2012

“Miséria cercada de riqueza por todos os lados”

MPF acompanha Comissão do Congresso Nacional em visita a área indígena de MS. Integrantes falam em etnocídio dos guarani-kaiowá.

Equipe do Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul acompanhou os representantes da comissão externa do Congresso Nacional, em visita à área indígena Pyelito Kue, na fazenda Cambará, em Iguatemi, sul do estado. Os 8 congressistas visitaram o acampamento que se tornou mundialmente famoso após uma carta dos indígenas explicando a sua luta pela terra ser interpretada como ameaça de suicídio coletivo.

Eles conheceram as condições de vida dos cerca de 170 habitantes do local, um acampamento à beira do Rio Hovy, estabelecido em novembro de 2011. As informações levantadas, assim como aquelas repassadas pelo Ministério Público Federal, irão subsidiar relatório da Comissão, que será entregue à Presidência da República, e será discutido  internamente pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.

Os representantes do MPF informaram os congressistas sobre a possibilidade jurídica para a indenização dos proprietários de terras que forem consideradas indígenas, desde que possuam títulos emitidos pelo governo federal. 

Vieram a Mato Grosso do Sul os deputados federais Janete Capiberibe, Penna, Ricardo Tripoli, Sarney Filho, Erika Kokay e Geraldo Rezende, além dos senadores João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Delcídio do Amaral (PT-MS) e Waldemir Moka (PMDB-MS) inicialmente participariam mas desistiram. 

Os integrantes da comissão descreveram a condição dos indígenas como “desumana, inadmissível, e absurda situação de confinamento”. Clique nos nomes dos parlamentares para ouvir o depoimento deles sobre a situação dos indígenas em MS: deputado Sarney Filho, deputada Erika Kokay, senador João Capiberibe e senador Randolfe Rodrigues.
 
Pyelito Kue

Os índios se refugiaram no local que atualmente ocupam depois de ataque de pistoleiros em agosto do mesmo ano (clique aqui para conferir notícia e fotos). Crianças e idosos ficaram feridos e o acampamento, montado à beira de estrada vicinal, foi destruído. Eles permanecem na área por decisão judicial, até que os trabalhos de identificação da terra indígena sejam concluídos pela Funai.

Mato Grosso do Sul possui a 2ª maior população indígena do Brasil, cerca de 70 mil pessoas. São cerca de 40 mil indígenas da etnia guarani-kaiowá. Confinados em pequenas reservas e acampamentos de beira de estrada, eles enfrentam o maior índice de homicídios do país, 140 mortes por 100 mil habitantes.

Os indígenas foram expulsos de suas áreas de origem entre o fim do século XIX e meados do século XX, para a colonização do estado, e confinados em pequenas áreas que não permitiam sua organização social. A partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, que garantiu a posse indígena sobre as áreas tradicionais, houve um fortalecimento do movimento indígena no estado. A Constituição também determinou que o Ministério Público Federal é o defensor dos direitos dos povos indígenas.

Para saber mais sobre a questão indígena em MS, acesse a Revista Tekohá 2. Clique aqui para conferir a Revista Tekohá 3.

 
Único acesso ao acampamento é pelo rio

Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
(67) 3312-7265 / 9297-1903
(67) 3312-7283 / 9142-3976
www.prms.mpf.gov.br
ascom@prms.mpf.gov.br
www.twitter.com/mpf_ms

Pedro Casaldàliga

Vanildo Luiz Zugno
Fonte: www.zugno.blogspot.com
Madrid, 13 de diciembre de 2012 (IVICON/Masdecerca.com).-  El obispo claretiano Pedro Casaldàliga, de 84 años, se ha visto obligado a dejar su casa en São Félix do Araguaia e irse a más de 1.000 kilómetros por indicación de la policía federal de Brasil. La causa ha sido la intensificación en los últimos días de las amenazas de muerte que recibe por su labor durante más de 40 años en defensa de los derechos de los indios Xavante.
La productora Minoria Absoluta, que trabaja en una ‘mini serie’ sobre el religioso, ha sido uno de los denunciantes. El hecho de que el gobierno de Brasil haya decidido tomar las tierras a los “fazendeiros” para devolver a los indígenas, legítimos propietarios, ha agravado el conflicto.
De hecho, la productora señaló que el equipo de rodaje tuvo que modificar su plan de trabajo. En concreto, y por recomendación del gobierno brasileño, el equipo tuvo que cruzar el bosque y hacer una ruta de 48 horas de duración para evitar la zona de conflicto.
Casaldàliga se ha convertido en objetivo de los llamados ‘invasores’ que fraudulentamente se apropiaron de las tierras en Marâiwatsédé de los Xavantes. El obispo claretiano, de 84 años y afectado de Parkinson, trabaja desde hace años a favor de los indígenas y de sus derechos fundamentales a la prelatura de São Félix y se ha convertido a nivel internacional en cara visible de la causa.
Los terratenientes y los colonos que ocuparon fraudulentamente y con violencia las tierras, serán desalojados próximamente por la orden ministerial que desde hace 20 años está pendiente de cumplimiento.
Según informó en un escrito la Asociación Araguaia con Casaldáliga , el obispo ha tenido que coger una avión escoltado por la policía y actualmente se encuentra en casa de un amigo suyo del que se ha ocultado identidad y la localización por temas de seguridad.
“Nos sentimos plenamente identificados con la defensa que desde siempre ha hecho el Obispo Pere y la Prelazia de Sâo Félix de la causa indígena”, dice el escrito de la asociación, que emplaza a la comunidad internacional a velar por la seguridad de Casaldàliga y los derechos de los indios de Xavantes.
También a través de Twitter ha circulado el comunicado de apoyo del Conselho Indigenista Missionário-organismo vinculado a la Conferencia Nacional de Obispos de Brasil-, firmado por asociaciones y entidades vinculadas con la lucha indígena y con los derechos humanos.
Este vídeo que mostramos, ha sido grabado hace tan solo un mes. Pedro Casaldáliga, atacado por el temblor del Parkinsons, con la cabeza despierta… sigue, erre que erre, hablando de lo importante que es para todo cristiano que quiera serlo de verdad estar del lado de los pobres.
 
Ma. del Socorro, ctsj
Ante todo buscar y amar a Dios, que nos amó primero.
1 Jn. 4, 10

14 de dez. de 2012

Pão


"Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne." (João 6:51)
Eu amo aprender com homens de Deus que sabem o que eu não sei. Estive num evento, alguns meses atrás, e o palestrante da vez (eram vários) usou esta expressão "se você está comendo o pão que o diabo amassou, precisa conhecer o pão que amassou o diabo". Eu nunca tinha ouvido essa expressão e fiquei com aquilo na mente até voltar a este versículo onde Jesus se apresenta como pão vivo.
Imaginando pão como algo que alimenta, o diabo realmente só daria pão a alguém para prolongar seu sofrimento. Jesus é o pão enviado pelo Pai para nos dar vida e vida eterna. Entendendo pão como produto do trabalho (sustento) novamente vemos o diabo investimento somente em roubar, matar ou destruir. Jesus é o pão vivo que nos sustenta e nos permite prosseguir.
Mas eu gosto de pensar em pão como simbolo de unidade, pois não se consegue mais separar os ingredientes da massa. Penso também numa mescla ou fusão, pois a água é absorvida pela farinha e se incorpora na massa do pão. Vejo ainda transformação pois o fermento leveda toda massa. Vejo participação, pois uma pitada de sal tempera todo pão uniformemente. Com um pouco de atenção se percebe detalhes como cor e cheiro agradáveis, textura de uma casca crocante, etc. Um pão é uma obra de arte, é um trabalho esmerado. Só consigo ver Jesus neste papel como modelo de perfeição, de algo que não poderia ser melhor, não tinha como ser mais bem feito, impossível de ser melhorado.
O fato é que se você se sente mal tratado, humilhado, pesado, machucado, prejudicado - pode ser que realmente esteja comendo da mão de alguém que quer seu mal e não te ama. Pois neste caso quero te apresentar um pão vivo vindo do céu, que na descida amassou o seu inimigo e tirou dele o direito de mexer contigo. As lutas virão, mas a forma de encarar muda. Encare com otimismo e bom ânimo, pois a vitória já foi conquistada, mesmo que ainda não tenha chegado. Mas virá. A luta pode ser dura, mas a vitória virá no final de tudo, com toda certeza. Ele é o Senhor dos Senhores.
"Pai, permita-me ver o que representa ser alimentado pelo pão vivo que vem de Ti, entender como isso muda minha disposição de alma e principalmente como devo ser grato por isso."
Mário Fernandez

10 de dez. de 2012

Que Queres


"Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja." (Lucas 18:41)
Eu sou fã do tal do Bartimeu, nem tanto por ele ser cego ou por ter gritado em busca do seu milagre, mas porque ele sabia claramente o que queria. Isso com toda certeza pouparia muitos de nós de muita encrenca e incomodação. O povo parece que não sabe mais para onde ir nem o que fazer, daí quando chega o momento do Encontro com Jesus fica gaguejando e não sabe o que quer. O milagre ali em sua frente, mas não consegue nem dizer o que quer.
Meu querido, é preciso saber o que se quer para saber quando se consegue. Aquele cego poderia ter pedido uma esmola gorda, poderia ter pedido tanta coisa mas ele queria realmente era ver. Tenho visto e convivido com tantos cegos que não sabem o que querem. É triste mas é real.
Mas, se prestarmos atenção nesta história, vemos um detalhe tão importante e tão negligenciado: Jesus perguntou ao cego o que ele queria, por óbvio que fosse a resposta. As vezes eu fico indignado quando alguém me trata como criança ou me faz perguntas que não tem sentido para mim. O cego Bartimeu não, ele respondeu aquela pergunta com toda seriedade de sua vida, não poderia ser diferente, não poderia ser em outra hora, seu milagre estava ali.
Será que nós não temos deixado de ser abençoados por Deus algumas vezes (ou muitas) simplesmente por não entender a pergunta? Por vir pela boca de alguém que não consideramos ser o 'ideal'? Ou porque, para nós, ela nem mereça ser respondida?
Trata-se de humildade sim, mas principalmente de foco, e não foco no problema mas foco na solução. Jesus perguntou e Bartimeu sem gaguejar respondeu, pois estava claro para ele o que ele queria, o que ele precisava, o que ele buscava. Se você busca por um milagre, não desista, não pare de gritar pelo Filho de Deus, mas esteja preparado para que, quando a resposta vier, você saiba exata e claramente o que quer.
Não se trata de saber como, mas de saber o quê.
"Pai, ajuda-me a ter pensamentos claros, saber o que eu quero, livrar-me da confusão. Eu poderia pedir tanta coisa, mas não seria realmente importante. Me ajuda."
Mário Fernandez

7 de dez. de 2012

Abrir novos Caminhos

                                           Júlio Lázaro Torma*
                                     " Preparai o caminho do Senhor,endireitai suas veredas"
                                                                                               ( Lc 3,4)
    Neste Segundo Domingo do Advento,tempo de Esperá da chegada de Nosso Senhor Jesus Cristo, celebramos a Paz e a Conversão,onde lembramos São João Batista,o último dos grandes profetas do Primeiro Testamento.
  João Batista é o elo do movimento profético e Jesus de Nazaré,entre a Primeira Aliança feita entre Deus e o povo hebreu e a Nova e Eterna Aliança entre Deus e a humanidade feita através de Jesus de Belém ou Jesus de Nazaré.
  Lucas nos situa no tempo histórico do povo de Israel e a História da humanidade.No 15º ano do reinado do imperador Tibério,aparece um certo João Batista.
  As hostes romanas invadem a Palestina no ano 63 a.C,com a queda do império grego e o desgastes dos governos dos Macabeus Asmoneus.
  O Imperador romano Tibério ( 14 a.C-37 d.C), durante a dominação romana, a Palestina havia vários movimentos proféticos,messiânicos e revolucionários principalmente na Galiléia.
  Na Judéia era governada por Arquelau( 4 a.C-6d.C) o sangüinário filho de Herodes o Grande,que é derrubado pelas hostes romanas no ano de 6 d.C, José e Maria por causa de Arquelau vão para Nazaré ( Mt 2,22-23).
  A Judéia se converte numa província romana e Pôncio Pilatos é governador( 26-36 d.C),durante este período ocorre levantes populares,como a de Barrabás ( Mc 15,7) e a rebelião dos judeus que é violentamente reprimida nos próprios átrios do Templo ( Lc 13,1-5).
  Como escreve São Paulo, " quando veio a plenitude dos tempos"( Gl 4,4;Ef 1,10), isto significa que Deus preparou a humanidade para receber Jesus e cuidou de seu povo,de Jerusalém e do Templo,conservando a unidade nacional e religiosa.,para não ser destruída.
  Lucas nos mostra que Jesus e a sua mensagem não está alienada, alheia e desintegrada da caminhada e da história dos homens,mas faz parte do espaço e do tempo.
  As primeiras comunidades cristãs" viam no Batista,o profeta que preparou o caminho de Jesus.Por isso ao longo dos séculos, o Batista se há convertido em uma chamada que segue urgentemente a preparar caminhos que nos permitem a acolher Jesus entre nós"( José Antonio Pagola).
  Somos como Igreja," Povo de Deus",ao arrependimento( metonoia), a fazer uma mudança.Mudança está de atitudes e gestos,que não devem ser só de palavras, como falamos", " eu vou mudar", " neste novo ano tudo vai ser diferente".
  Pintamos e arrumamos a nossa casa, enfeitamos a nossa casa material,compramos roupas nova, mudamos de visual,estética, mas praticamos as velhas ações e trilhamos velhos caminhos.
  Vivemos num " deserto" ou " mundo do irreal", em que falamos de mudança, mas não fazemos nada para mudarmos,pode ser eu com eu, eu com a minha familia, eu com a comunidade.
  Para recebermos jesus a nossa PAZ,devemos mudar a nossa atitude, para com o próximo e principalmente para comigo mesmo.Não adianta mudar meu visual, o corte de cabelo, pintar o cabelo,colocar as melhores roupas e dar lindos presentes,fazer lindas ações assistencialistas motivadas pelo espírito natalino que contagia a todos.
  Se eu me fecho ao irmão, despresso o Cristo que vejo no outro que sofre e bate em minha porta e julgo mau o outro.
  Devo preparar o caminho, mudar as minhas atitudes,minha vida e ver no outro como um irmão e irmão, o outro eu, que tem sentimentos e só assim ao me abrir a realidade que me cerca estarei de fato me abrindo ao CRISTO QUE QUER NASCER NO MEU CORAÇÃO E NA MINHA VIDA.
  Para Cristo não há distinção todos somos chamados a conversão, mudar de vida,todos somos vocacionados a salvação e a viver o seu Amor para conosco.
                       Bom final de semana e boa meditação
                            Lc 3, 1-6
________________________
  * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

30 de nov. de 2012

Literatura e Experiência de Deus

Frei Betto*

Pela literatura, o verbo se faz carne. Embora a música seja, na minha opinião, a mais sublime das artes, a literatura é a mais sagrada. Deus a escolheu para, através dela, se revelar a nós. Escolheu uma escrita, a semítica, e um gênero próximo da ficção, pois em toda a Bíblia não há uma única aula de teologia, um ensaio doutrinário, um texto conceitual. É toda ela uma narrativa pictórica – vê-se o que se lê.
Os livros bíblicos reúnem uma sucessão de fatos históricos e alegóricos (parábolas, metáforas, aforismos), entremeados de genealogias, axiomas, provérbios, poemas (Cântico dos Cânticos e Salmos) e detalhes técnicos e ornamentais (a construção do Templo cf. 2 Crônicas). leia mais em:

28 de nov. de 2012

Quem é o meu Próximo

                                          Júlio Lázaro Torma*
                                                  " E quem é o meu próximo?"
                                                                  ( Lc 10,29)
  " E quem é o meu próximo?", é a pergunta que um doutor da Lei ( teólogo),faz a Jesus em tom de embaraça-lo.
  Mas quantas vezes nós também não nos perguntamos sobre " quem é o meu próximo?".
   Hoje nós vivemos numa época do medo,da desconfiança em relação ao outro, aquilo que Thomás Hobbes no século XVII,havia cunhado do escritor Tito Mácio Plauco( 230-180 a.C), "Homo homini lupus" ou " O Homem é o lobo do homem".
  Onde cada vez mais imperá em nosso meio o individualismo,com ele os falsos valores da sociedade de consumo e neoliberal.Onde o que impera é o eu e as realizações dos meus objetivos.
  " Se eu estou bem", não me importa o outro e para conseguir as minhas ambições pessoais devo competir de forma feroz e agressiva,para a minha superação,êxito individual no " salve se quem puder".
  E onde nesta concorrência desleal só vence quem for mais esperto,o bom e o melhor,a livre concorrência,os outros estão fada dos ao fracasso e ficarem caídos pelo caminho.
  Se de um lado hoje vivemos num mundo globalizado,sem barreiras, fronteiras, muros e aduanas,para o capital especulativo internacional e o deus mamon,o dinheiro que é volátil de um canto a outro do planeta.Ai se coloca barreiras, muros nas pessoas e entre as pessoas.
  Onde tenho medo de me relacionar e conversar com o outro, incentivando um individualismo desenfreado e uma brutalização das nossas relações humanas e afetivas,nos fechamos numa cultura do gueto.
 Quando falamos em meu próximo,logo remetemos para aqueles na qual convivo,meu parentes,amigos e aquelas pessoas na qual gosto e convivo,mesmo que não tenho nenhuma relação direta de convivência diária.
  O próprio Jesus fala que " até os pagãos, ou os nossos inimigos também amam os seus amigos".
  Nós seres humanos temos compaixão pelo outro, eu tenho compaixão por quem está próximo de mim,pois a compaixão nasce pela simpatia que tenho pelo outro,como escreve Santo Agostinho de Hipona," Nós só podemos amar quem conhecemos".
  Para o núcleo semita ou judeu-cristão," Amarás o teu próximo como a ti mesmo" ( Lv 19,18), o meu próximo o meu irmão, minha irmã não é só aquele que pertence ao meu clã, mora na mesma localidade em que resido, do mesmo nível social do que eu ou professa a mesma religião ou ideologia. Mas é todo o ser humano sem distinção.
  Quando amo o próximo, eu me esvazio de mim,me abro ao outro e me coloco no lugar do outro.
   O cristianismo nasceu como uma revolução no mundo, com uma nova ética,nas relações humanas entre as pessoas,como forma de humanizar o homem,quando Jesus fala;" Este é o meu mandamento:Amai -vos uns aos outros,como eu vos amo".
  Quando eu amo o outro ou a outra,me coloco no seu lugar.Se me coloco no lugar do outro,eu na minha forma de agir e de me comunicar,com o outro.Procuro fazer ao outro aquilo que desejo que o outro me faça.
  Desejo ser tratado bem?, então vou tratar bem o outro, se trato o outro mal e machuco o outro firo os seus sentimentos é certo que vou ser ferido também,ai vem a famosa regra de ouro:" TUDO O QUE VOCÊS DESEJAM QUE OS OUTROS FAÇAM A VOCÊS,FAÇAM VOCÊS A ELES"( Mt 7,12),todas as religiões e culturas tem o mesmo principio ético.
  Eis que devemos ter para com o outro a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos.Não se trata de nenhuma visão calculista-dar para receber.Para o cristão é a compreensão do que é o amor de Deus PAI.
  No núcleo ético-mítico dos semitas,na qual os cristãos e islãmicos somos herdeiros,a ' posição primogênia é o face a face( cara a cara) de um beduíno que na imensidão do deserto,divisa outro homem e espera que se aproxime para poder reconhecê-lo;será preciso esperar que a distância se faça proximidade para poder perguntar ao recém-chegado: " Quem és?" Seu rosto,curtido pelo sol,pelo vento,pela areia,pelas noites frias e pela áspera vida de pastor nômade,é a epifania não " do outro eu", mas do " outro homem", sem similitude comum a tudo o que foi vivido pelo eu até este instante do face a face.
  O outro e outro de mim.A lógica que me vincula a ele não é a " lógica da totalidade", mas a "lógica da alteridade", da '' outridade".A resposta que vem do outro vem de onde eu não tenho acesso,onde minha mão não alcança,onde eu não tenho domínio: vem da liberdade.
  O outro é o meu próximo, como escreve Ernesto Che Guevara," sejam sempre capazes de sentir, no mais profundo,qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo".Está é a qualidade mais bela de um revolucionário,de um cristão e principalmente do ser humano.
  Toda a pessoa é o meu próximo, pode ser aquele que conheço que mora do lado da minha casa,como aquele que mora em Cabul.Aquela pessoa que eu sei que nunca vou ve-la,vou ter contato é o meu próximo.
  Quando alguém não tem acesso a uma vida digna.Quando uma mulher é espancada, quando morre uma criança de fome na África, um índio é morto em qualquer canto da América,algum palestino,iraquiano, afegã é morto em algum bombardeio.Alguma vitima de catástrofe climática em qualquer parte da orbe, isso me atinge.
  No Brasil temos 16 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza e 10 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 39 por mês. 10% das pessoas que vivem no Brasil detem 75% da riqueza que o país produz e 5 mil famílias (1%) controlam 45% da riqueza.
  No mundo 0,16% da população dispõe de 66% dos recursos do planeta.
   Alguém vai me dizer " que isso é normal", E desde que o mundo é mundo sempre foi assim e sempre será assim.Entra Chico e sai Maneco,sai Renato e entra Lázaro e continuará assim.
  Será que é assim a onde está o sentimento humano de ser humano?, não nos comportamos, nem como os animais,mais parecemos robôs, máquinas,pois estamos embrutecidos diante da dor do outro, nos deshumanizemos.
  Quando alguém sofre eu também sofro, sou atingido,se alguém é atingida pela violência, fome em qualquer lugar,também me atinge onde estou.
  Qualquer ser humano que sofre,tem necessidade ou é morto,quem é atingido é toda a humanidade, não importa o lugar em que vivo na orbe.
  O Amor ao próximo, ele não tem barreiras, está além da dimensão pessoal, familiar ( núcleo), rompe todas as barreiras.É uma questão política, ética e religiosa.
  Pois sou intercalado a ter compaixão e ser solidário pelo desconhecido,o distante é o meu próximo.Aquele que eu não conheço,não sei o nome,sentimento ou identidade,ele é um ser humano, meu irmão.Como ser humano merce o meu respeito e também sou responsável por ele.
  Como pergunta Caim, " sou por acaso guarda do meu irmão?", sou responsável por ele.
  Podemos dizer que sim.
  Todos nós sem distinção somo s irmãos, não somos seres isolados no mundo e ninguém está imune.
  quando alguém sofre toda a humanidade sofre, alguém é agredido toda humanidade é agredida.Como fala os movimentos sociais, devemos globalizar a luta e João Paulo II,globalizar a solidariedade,onde todos possamos de fato viver com dignidade,isto é sef cristão e ser humano de fato.
              Bibliografia
 Bíblia Sagrada
 Sidekum, Antonio:Interpelação Ética, Ed Nova Harmonia, São Leopoldo (RS),2003
 Zanotelli, Jandir: América Latina: Raízes Sócio-Político-Culturais, EDUCAT, Pelotas, 1998
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  * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

20 de nov. de 2012

Ascese Cristã

Carregamos o tesouro da vida nova em vasos de barro (I) 

Fonte:http://www.franciscanos.org.br/?p=27102

 ....Vamos nos deter num tema espinhoso: a ascese. Ascese  vem ascender, subir. Toda subida custa, é penosa. Quem hoje fala de ascese parece falar de alguma coisa completamente fora de moda. Nossa reflexão começa neste número de novembro e será concluída na edição de dezembro. Toda a ascese tem como finalidade dilatar o amor a Deus e aos irmãos, de tal sorte que tenhamos o domínio da barca da vida na travessia do tempo, vigiando cuidadosamente o tesouro que carregamos em vasos de barro.
1. Na verdade, quando se decide abordar as fontes da espiritualidade convém também refletir sobre os meios e modos de alimentar a vida nova de Cristo em nós que, no dizer do Apóstolo, “carregamos em vasos de barro”. Cada forma de vida tem sua modalidade de treinamento, de ascese, de terapia preventiva. Vivemos fazendo esforços para servir a pequenos deuses exigentes. Ascese e esforço para perder peso, para ter um corpo “sarado”, esforço de economizar nosso dinheiro para poder comprar um carro, uma casa, renúncias de lazer para ter sucesso num concurso público, privação do chocolate para não engordar, exercícios sem conta para vencer nos esportes. Sem esforço não se caminha. A impressão que se tem, em muitos ambientes cristãos, é que se duvida da necessidade e da importância da ascese. Esta soa como algo de um passado que já deixamos há algum tempo: cilícios, disciplina, jejum e abstinência, silêncio, regularidade na oração. “A mentalidade corrente parece banir os valores da ascese como se eles se opusessem à alegria do Evangelho e ao primado da Graça, portanto não condizentes com a vida espiritual. Dá-se a entender que basta o desejo e a espontaneidade dos indivíduos para atingir uma meta tão elevada como a de uma intensa vida espiritual. O caminho  espiritual, no entanto, precisa de cuidados, de atenções porque é uma trilha exigente e dura. Não esqueçamos: a finalidade é ser verdadeiro discípulo de Jesus, autêntico amigo do Esposo. Trata-se de um caminho fascinante, mas exigente.  A ascese cristã nada tem a ver com afirmação de si, não é uma forma de voluntarismo fechado e orgulhoso  que faria depender o progresso espiritual diretamente do esforço individual segundo uma visão pelagiana. Também  não é uma espécie de “quietismo” que considera inútil e incoerente o esforço espiritual do discípulo” (Angelo Bagnasco,  arcebispo de Gênova,  Camminare nelle vie dello Spirito, Carta Pastoral de 2009-2010).
2. Ser filho de Deus é uma graça, mas viver na qualidade de filhos é uma responsabilidade. O principal e primeiro protagonista da vida espiritual é o Espírito Santo. Ele é a fonte de todas as fontes. Mesmo nosso pecado não extingue a vida interior. Temos confiança que ele, o Espírito, é o artífice de nossa vida interior. Não nos esquecemos da palavra de Paulo:  “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4, 13). Será preciso, no entanto, deixá-lo agir. Ora, a ascese tem como finalidade facilitar o caminho para ação do Espírito: renúncia ao supérfluo, vigilância dos sentidos, cuidar de que a consciência seja delicada.
3. A vida cristã, como qualquer empreendimento humano, necessita de método, atenção, exame, exercícios, hábitos…  Precisa de ascese. Necessário cuidar das disposições para a conversão, para a vida espiritual, para o seguimento de Cristo ou para a entrega ao trabalho em prol dos outros. Vemos pessoas que foram personalizando uma forma de oração e fazendo cotidianamente esse “exercício” da oração, preparando bem a celebração da Missa, adotando um estilo generoso de entrega aos outros, tendo disciplina no trabalho e no estudo, exercitando numa maneira serena de enfrentar as dificuldades. Com esses expedientes foram se fortalecendo e  fazendo viável a ação do Espírito.
4. Enzo Bianchi lembra que o cristianismo em nossos dias tem a tendência de desconsiderar a dimensão do “combate da fé”. Sabemos que o ensinamento dos primeiros cristãos que dava grande importância ao conjunto dos expedientes que permitiam a  fidelidade à vocação. “Não vigiamos suficientemente costumes que adotamos e que, por vezes, desfiguram nossa vocação humana e cristã. A luta espiritual é elemento essencial em vista da construção de uma pessoa madura e sólida” (In  Panorama Chrétien,   março de 2005, p. 44). Trata-se de uma luta interior contra o que existe em nós e nos leva a realizar o mal. Há ações concretas que precisam ser neutralizadas: vanglória, inveja, cólera, tristeza, avareza, desmandos sexuais. E. Bianchi afirma, dirigindo-se a um correspondente: “Esta luta deverá fazer de sorte que  passes do regime do consumo para o da comunhão com Deus e com os outros”.
5. Haverá de se descobrir novas formas de ascese. Os tempos são outros. O ser humano, no entanto, é feito de um desejo de atingir as estrelas e, ao mesmo tempo, sente-se atraído pelo que é de baixo. O tempo da vida é longo e o esposo custa a voltar. Pode ser que o Senhor, em seu retorno, surpreenda alguns  sem óleo nas lâmpadas! Não existe, no entanto, uma ascese  totalmente nova. Karl Rahner escrevia: “Há que se evitar de considerar o novo e o antigo como compartimentos estanques dentro da espiritualidade cristã: o novo só é autêntico quando conserva o antigo. O antigo só tem viço quando vivido de forma nova”.
6. Há que se cuidar de não se repetir os exageros e erros do passado. As práticas ascéticas do passado eram marcadas pelo dualismo entre corpo e espírito. O corpo era sempre visto como inimigo do espírito. Conhecida a expressão “salva a tua alma”, como se a espiritualidade não tivesse que levar em conta o fato de que Deus  assumiu um corpo. A cultura dominante era que o corpo se constituía como inimigo da alma, sede das faculdades inferiores que deveriam ser submetidas ao espírito. No fim de sua vida, Francisco de Assis pediu desculpas ao “irmão corpo” por tê-lo tantas vezes maltrado… Havia a convicção de que a salvação se faria sempre pela fuga do mundo.  Assim, os religiosos eram os fadados à santidade. Vivemos um tempo de  graça quando, depois do Concílio do Vaticano II, compreendemos essa visão unificada da vida, da humanidade, do caminho espiritual. Hoje, compreendemos melhor a bondade do mundo criado. No passado se exaltou uma certa espiritualidade ‘dolorista’, exaltando o sacrifício e a mortificação. Esta é uma página definitivamente virada.
7. De outro lado  vemos a perspectiva da espontaneidade que caracteriza a cultura difusa na atual sociedade. Hoje é sempre mais difundida a ideia de que tudo é válido. “O elogio da ‘espontaneidade’  e da ‘naturalidade’ numa cultura em que a espontaneidade está colonizada e a naturalidade segue padrões de comportamento socialmente induzidos, é ingênuo. Aquilo com o que se pretende nos fazer livres e nos abrir à graça, ao contrário, nos fecha em nós mesmos e ficamos à mercê dos ventos que sopram. O fruto da falta de ascese, do imediatismo, da indefinição e da anemia de uma vida cristã sem estrutura, continuidade, nem esqueleto  também inunda  as clínicas psicológicas e favorece  os negócios da indústria farmacêutica”  (Juan Antonio Guerrero Alves, SJ,   Desintoxicarse, situarse en la paz y caminar en el bien, in  Sal Terrae 93,  p. 790).
8. A ascese faz parte da vida humana. Algumas modalidades de ascese são encontradas  nas sabedorias do mundo pagão, nas filosofias antigas e nas religiões. Vejamos algumas expressões que descrevem ou apontam para a ascese: abnegação,  humildade, renúncia, pureza de coração, despojamento, mortificação, sacrifício, privação, continência, domínio de si, combate espiritual, retidão de intenção, luta contra os instintos. Muitas destas formas de ascese podem parecer absurdas quando desconectadas de seu sentido. Quando bem situadas, todas elas e muitas outras podem  facilitar o relacionamento do homem com Deus e com os outros. Somente a partir desta dupla relação é que as práticas ascéticas ganham sentido. Os exercícios ascéticos constituem um meio para o fim. Os Padres do deserto afirmavam que uma ascese privada de amor não aproxima de Deus. A ascese é treinamento para o amor.  Não é fim, mas meio.
9. Praticam a ascese aqueles que experimentaram alguma coisa acima das coisas do presente mundo. O empenho ascético brota de alguém ter atingido uma vida nova em Cristo, ter pregustado o sabor do Reino! Viver em união com Cristo supõe encontro com a cruz. A ascese cristã não perde a referência ao Reino, nem à cruz. Os escritores espirituais e os místicos nunca dão a entender que a ascese quer como que  arrancar a graça de Deus. Não fazem uma aritmética  entre o esforço pessoal e a graça. “Podemos distinguir os movimentos  internos na ascese cristã: o primeiro nos ensina que é necessário experimentar a libertação, a saída da escravidão do Egito. Esta libertação nos predispõe para o relacionamento com Deus e acolhida de seus dons. É o tempo da conversão. A travessia do deserto pode ser vista como o tempo das dificuldades e do estresse, ou também o tempo em que Deus fala ao coração e educa seu povo. Talvez esta seja a essência da ascese: dispor-se em estar diante de Deus em adoração e pura disponibilidade, para serem levados e guiados por ele. Permanece ainda um segundo movimento não menos delicado: tomar posse da terra prometida, sempre a  partir da fé, da esperança e do amor porque continuamos vivendo nesta história. Nesse momento procuramos tornar “real” o dom recebido nesta história. Por isso, Jesus Cristo não é só modelo, como também seu Espírito  guia esse processo, nos ensina a experimentar, educa a sensibilidade  e nos leva à sintonia com a encarnação”  (Juan Antonio Guerrero Alves,SJ  p. 792-793).
10. Em seus Escritos de Teologia, VII, ed. de Madri  1967, p. 30-31,  no seu famoso  artigo Espiritualidade antiga e atual  falava de uma nova espiritualidade emergente  e assinalava algumas de suas notas:  mais mística, com mais experiência  pessoal de Deus, mais presente no mundo, de maior compromisso com as realidades temporais. Para essa espiritualidade via surgir uma nova ascética que prescinde do heroico, do espetacular que não terá o caráter do adicional e do extraordinário  mas da liberdade responsável perante o dever e dos limites que cada um precisa impor  a si mesmo. Paul Evdokimov escreveu na mesma linha  dizendo que em nossos dias as práticas espetaculares de antigamente  são interiorizadas. O heroico se oculta sob o manto do cotidiano. Afirma ainda:  “A ascese cristã outra coisa não é de um método a serviço da vida e procurará estar em sintonia com as novas necessidades. A ascese consistiria mais num descanso que se impõe, a disciplina do sossego e do silêncio, períodos em que o homem se organiza para fazer uma pausa para a oração e contemplação, mesmo no âmago dos ruídos do mundo e, sobretudo, de ouvir a presença dos outros. O jejum, em vez da maceração que alguém com ele se inflige, seria a renúncia do supérfluo, o partilhar o bem com os pobres, busca de um equilíbrio saudável” (Citado  por Juan Antonio Guerrero Alves, p. 793).
11. Ascese significa exercitar, praticar e apontar para uma aplicação disciplinada, exercício repetido, esforço para adquirir uma habilidade e uma capacidade. Os exercícios ascéticos existem para que o projeto de vida cristão não venha a fracassar  por culpa de nossa inércia. Se alguém dissesse que em nossos dias não se faz necessária a ascese significa o mesmo que dizer que não há mais lugar para a educação. Ascese e educação consistem num trabalho que alguém faz sobre si mesmo ao longo da vida. Nos primeiros anos até o começo da juventude se faz com o auxílio  de adultos e na maturidade depende de uma opção pessoal, sob a orientação da própria consciência, da coerência com o próprio projeto de vida, muitas vezes sob a orientação de um diretor espiritual.
12. Terminamos as reflexões desta primeira parte do tema com palavras do Cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo de Gênova, em sua Carta Pastoral sobre a vida espiritual: “O asceta cristão não é aquele que desafia a si mesmo para afirmar-se aos próprios olhos e aos olhos dos outros. Está em busca de um progresso espiritual, de sua unificação interior em Cristo. Tem confiança, sem ser ingênuo: sabe que em seu coração há o desejo do bem e as inclinações desordenadas. Tem consciência de seus instintos e da fragilidade de sua vontade. Faz a experiência do pecado. Está em busca da liberdade porque sabe que, em certo sentido, não nascemos livres, mas livres nos tornamos. Por este motivo se faz necessário um longo e penoso exercício”.
Carregamos o tesouro da vida nova  em vasos de barro…
Duas grandes referências:
● Paola Bignardi, Per una grammatica dell’ascesi, in La  Rivista del Clero Italiano  4/2012,  p. 269-283
● Juan Antonio Guerrero  Alves,  SJ,  Desintoxicar-se, situar-se en la paz y caminar en el bien.  Notas para una nueva ascética, in Sal Terrae 93 (2005), p.  789-803
Obs.: Resta-nos ainda a delicada tarefa de examinar formas concretas  de ascese para nossos tempos. Fá-lo-emos  em nosso próximo número.
Questões:
Por que nossos contemporâneos são avessos ao tema da ascese?
De maneira muito simples e clara tentar definir o que seria uma vida cristã vigilante?
O que mais chamou sua atenção neste texto de reflexão?