30 de nov. de 2012

Literatura e Experiência de Deus

Frei Betto*

Pela literatura, o verbo se faz carne. Embora a música seja, na minha opinião, a mais sublime das artes, a literatura é a mais sagrada. Deus a escolheu para, através dela, se revelar a nós. Escolheu uma escrita, a semítica, e um gênero próximo da ficção, pois em toda a Bíblia não há uma única aula de teologia, um ensaio doutrinário, um texto conceitual. É toda ela uma narrativa pictórica – vê-se o que se lê.
Os livros bíblicos reúnem uma sucessão de fatos históricos e alegóricos (parábolas, metáforas, aforismos), entremeados de genealogias, axiomas, provérbios, poemas (Cântico dos Cânticos e Salmos) e detalhes técnicos e ornamentais (a construção do Templo cf. 2 Crônicas). leia mais em:

28 de nov. de 2012

Quem é o meu Próximo

                                          Júlio Lázaro Torma*
                                                  " E quem é o meu próximo?"
                                                                  ( Lc 10,29)
  " E quem é o meu próximo?", é a pergunta que um doutor da Lei ( teólogo),faz a Jesus em tom de embaraça-lo.
  Mas quantas vezes nós também não nos perguntamos sobre " quem é o meu próximo?".
   Hoje nós vivemos numa época do medo,da desconfiança em relação ao outro, aquilo que Thomás Hobbes no século XVII,havia cunhado do escritor Tito Mácio Plauco( 230-180 a.C), "Homo homini lupus" ou " O Homem é o lobo do homem".
  Onde cada vez mais imperá em nosso meio o individualismo,com ele os falsos valores da sociedade de consumo e neoliberal.Onde o que impera é o eu e as realizações dos meus objetivos.
  " Se eu estou bem", não me importa o outro e para conseguir as minhas ambições pessoais devo competir de forma feroz e agressiva,para a minha superação,êxito individual no " salve se quem puder".
  E onde nesta concorrência desleal só vence quem for mais esperto,o bom e o melhor,a livre concorrência,os outros estão fada dos ao fracasso e ficarem caídos pelo caminho.
  Se de um lado hoje vivemos num mundo globalizado,sem barreiras, fronteiras, muros e aduanas,para o capital especulativo internacional e o deus mamon,o dinheiro que é volátil de um canto a outro do planeta.Ai se coloca barreiras, muros nas pessoas e entre as pessoas.
  Onde tenho medo de me relacionar e conversar com o outro, incentivando um individualismo desenfreado e uma brutalização das nossas relações humanas e afetivas,nos fechamos numa cultura do gueto.
 Quando falamos em meu próximo,logo remetemos para aqueles na qual convivo,meu parentes,amigos e aquelas pessoas na qual gosto e convivo,mesmo que não tenho nenhuma relação direta de convivência diária.
  O próprio Jesus fala que " até os pagãos, ou os nossos inimigos também amam os seus amigos".
  Nós seres humanos temos compaixão pelo outro, eu tenho compaixão por quem está próximo de mim,pois a compaixão nasce pela simpatia que tenho pelo outro,como escreve Santo Agostinho de Hipona," Nós só podemos amar quem conhecemos".
  Para o núcleo semita ou judeu-cristão," Amarás o teu próximo como a ti mesmo" ( Lv 19,18), o meu próximo o meu irmão, minha irmã não é só aquele que pertence ao meu clã, mora na mesma localidade em que resido, do mesmo nível social do que eu ou professa a mesma religião ou ideologia. Mas é todo o ser humano sem distinção.
  Quando amo o próximo, eu me esvazio de mim,me abro ao outro e me coloco no lugar do outro.
   O cristianismo nasceu como uma revolução no mundo, com uma nova ética,nas relações humanas entre as pessoas,como forma de humanizar o homem,quando Jesus fala;" Este é o meu mandamento:Amai -vos uns aos outros,como eu vos amo".
  Quando eu amo o outro ou a outra,me coloco no seu lugar.Se me coloco no lugar do outro,eu na minha forma de agir e de me comunicar,com o outro.Procuro fazer ao outro aquilo que desejo que o outro me faça.
  Desejo ser tratado bem?, então vou tratar bem o outro, se trato o outro mal e machuco o outro firo os seus sentimentos é certo que vou ser ferido também,ai vem a famosa regra de ouro:" TUDO O QUE VOCÊS DESEJAM QUE OS OUTROS FAÇAM A VOCÊS,FAÇAM VOCÊS A ELES"( Mt 7,12),todas as religiões e culturas tem o mesmo principio ético.
  Eis que devemos ter para com o outro a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos.Não se trata de nenhuma visão calculista-dar para receber.Para o cristão é a compreensão do que é o amor de Deus PAI.
  No núcleo ético-mítico dos semitas,na qual os cristãos e islãmicos somos herdeiros,a ' posição primogênia é o face a face( cara a cara) de um beduíno que na imensidão do deserto,divisa outro homem e espera que se aproxime para poder reconhecê-lo;será preciso esperar que a distância se faça proximidade para poder perguntar ao recém-chegado: " Quem és?" Seu rosto,curtido pelo sol,pelo vento,pela areia,pelas noites frias e pela áspera vida de pastor nômade,é a epifania não " do outro eu", mas do " outro homem", sem similitude comum a tudo o que foi vivido pelo eu até este instante do face a face.
  O outro e outro de mim.A lógica que me vincula a ele não é a " lógica da totalidade", mas a "lógica da alteridade", da '' outridade".A resposta que vem do outro vem de onde eu não tenho acesso,onde minha mão não alcança,onde eu não tenho domínio: vem da liberdade.
  O outro é o meu próximo, como escreve Ernesto Che Guevara," sejam sempre capazes de sentir, no mais profundo,qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo".Está é a qualidade mais bela de um revolucionário,de um cristão e principalmente do ser humano.
  Toda a pessoa é o meu próximo, pode ser aquele que conheço que mora do lado da minha casa,como aquele que mora em Cabul.Aquela pessoa que eu sei que nunca vou ve-la,vou ter contato é o meu próximo.
  Quando alguém não tem acesso a uma vida digna.Quando uma mulher é espancada, quando morre uma criança de fome na África, um índio é morto em qualquer canto da América,algum palestino,iraquiano, afegã é morto em algum bombardeio.Alguma vitima de catástrofe climática em qualquer parte da orbe, isso me atinge.
  No Brasil temos 16 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza e 10 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 39 por mês. 10% das pessoas que vivem no Brasil detem 75% da riqueza que o país produz e 5 mil famílias (1%) controlam 45% da riqueza.
  No mundo 0,16% da população dispõe de 66% dos recursos do planeta.
   Alguém vai me dizer " que isso é normal", E desde que o mundo é mundo sempre foi assim e sempre será assim.Entra Chico e sai Maneco,sai Renato e entra Lázaro e continuará assim.
  Será que é assim a onde está o sentimento humano de ser humano?, não nos comportamos, nem como os animais,mais parecemos robôs, máquinas,pois estamos embrutecidos diante da dor do outro, nos deshumanizemos.
  Quando alguém sofre eu também sofro, sou atingido,se alguém é atingida pela violência, fome em qualquer lugar,também me atinge onde estou.
  Qualquer ser humano que sofre,tem necessidade ou é morto,quem é atingido é toda a humanidade, não importa o lugar em que vivo na orbe.
  O Amor ao próximo, ele não tem barreiras, está além da dimensão pessoal, familiar ( núcleo), rompe todas as barreiras.É uma questão política, ética e religiosa.
  Pois sou intercalado a ter compaixão e ser solidário pelo desconhecido,o distante é o meu próximo.Aquele que eu não conheço,não sei o nome,sentimento ou identidade,ele é um ser humano, meu irmão.Como ser humano merce o meu respeito e também sou responsável por ele.
  Como pergunta Caim, " sou por acaso guarda do meu irmão?", sou responsável por ele.
  Podemos dizer que sim.
  Todos nós sem distinção somo s irmãos, não somos seres isolados no mundo e ninguém está imune.
  quando alguém sofre toda a humanidade sofre, alguém é agredido toda humanidade é agredida.Como fala os movimentos sociais, devemos globalizar a luta e João Paulo II,globalizar a solidariedade,onde todos possamos de fato viver com dignidade,isto é sef cristão e ser humano de fato.
              Bibliografia
 Bíblia Sagrada
 Sidekum, Antonio:Interpelação Ética, Ed Nova Harmonia, São Leopoldo (RS),2003
 Zanotelli, Jandir: América Latina: Raízes Sócio-Político-Culturais, EDUCAT, Pelotas, 1998
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  * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas/ RS

20 de nov. de 2012

Ascese Cristã

Carregamos o tesouro da vida nova em vasos de barro (I) 

Fonte:http://www.franciscanos.org.br/?p=27102

 ....Vamos nos deter num tema espinhoso: a ascese. Ascese  vem ascender, subir. Toda subida custa, é penosa. Quem hoje fala de ascese parece falar de alguma coisa completamente fora de moda. Nossa reflexão começa neste número de novembro e será concluída na edição de dezembro. Toda a ascese tem como finalidade dilatar o amor a Deus e aos irmãos, de tal sorte que tenhamos o domínio da barca da vida na travessia do tempo, vigiando cuidadosamente o tesouro que carregamos em vasos de barro.
1. Na verdade, quando se decide abordar as fontes da espiritualidade convém também refletir sobre os meios e modos de alimentar a vida nova de Cristo em nós que, no dizer do Apóstolo, “carregamos em vasos de barro”. Cada forma de vida tem sua modalidade de treinamento, de ascese, de terapia preventiva. Vivemos fazendo esforços para servir a pequenos deuses exigentes. Ascese e esforço para perder peso, para ter um corpo “sarado”, esforço de economizar nosso dinheiro para poder comprar um carro, uma casa, renúncias de lazer para ter sucesso num concurso público, privação do chocolate para não engordar, exercícios sem conta para vencer nos esportes. Sem esforço não se caminha. A impressão que se tem, em muitos ambientes cristãos, é que se duvida da necessidade e da importância da ascese. Esta soa como algo de um passado que já deixamos há algum tempo: cilícios, disciplina, jejum e abstinência, silêncio, regularidade na oração. “A mentalidade corrente parece banir os valores da ascese como se eles se opusessem à alegria do Evangelho e ao primado da Graça, portanto não condizentes com a vida espiritual. Dá-se a entender que basta o desejo e a espontaneidade dos indivíduos para atingir uma meta tão elevada como a de uma intensa vida espiritual. O caminho  espiritual, no entanto, precisa de cuidados, de atenções porque é uma trilha exigente e dura. Não esqueçamos: a finalidade é ser verdadeiro discípulo de Jesus, autêntico amigo do Esposo. Trata-se de um caminho fascinante, mas exigente.  A ascese cristã nada tem a ver com afirmação de si, não é uma forma de voluntarismo fechado e orgulhoso  que faria depender o progresso espiritual diretamente do esforço individual segundo uma visão pelagiana. Também  não é uma espécie de “quietismo” que considera inútil e incoerente o esforço espiritual do discípulo” (Angelo Bagnasco,  arcebispo de Gênova,  Camminare nelle vie dello Spirito, Carta Pastoral de 2009-2010).
2. Ser filho de Deus é uma graça, mas viver na qualidade de filhos é uma responsabilidade. O principal e primeiro protagonista da vida espiritual é o Espírito Santo. Ele é a fonte de todas as fontes. Mesmo nosso pecado não extingue a vida interior. Temos confiança que ele, o Espírito, é o artífice de nossa vida interior. Não nos esquecemos da palavra de Paulo:  “Tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4, 13). Será preciso, no entanto, deixá-lo agir. Ora, a ascese tem como finalidade facilitar o caminho para ação do Espírito: renúncia ao supérfluo, vigilância dos sentidos, cuidar de que a consciência seja delicada.
3. A vida cristã, como qualquer empreendimento humano, necessita de método, atenção, exame, exercícios, hábitos…  Precisa de ascese. Necessário cuidar das disposições para a conversão, para a vida espiritual, para o seguimento de Cristo ou para a entrega ao trabalho em prol dos outros. Vemos pessoas que foram personalizando uma forma de oração e fazendo cotidianamente esse “exercício” da oração, preparando bem a celebração da Missa, adotando um estilo generoso de entrega aos outros, tendo disciplina no trabalho e no estudo, exercitando numa maneira serena de enfrentar as dificuldades. Com esses expedientes foram se fortalecendo e  fazendo viável a ação do Espírito.
4. Enzo Bianchi lembra que o cristianismo em nossos dias tem a tendência de desconsiderar a dimensão do “combate da fé”. Sabemos que o ensinamento dos primeiros cristãos que dava grande importância ao conjunto dos expedientes que permitiam a  fidelidade à vocação. “Não vigiamos suficientemente costumes que adotamos e que, por vezes, desfiguram nossa vocação humana e cristã. A luta espiritual é elemento essencial em vista da construção de uma pessoa madura e sólida” (In  Panorama Chrétien,   março de 2005, p. 44). Trata-se de uma luta interior contra o que existe em nós e nos leva a realizar o mal. Há ações concretas que precisam ser neutralizadas: vanglória, inveja, cólera, tristeza, avareza, desmandos sexuais. E. Bianchi afirma, dirigindo-se a um correspondente: “Esta luta deverá fazer de sorte que  passes do regime do consumo para o da comunhão com Deus e com os outros”.
5. Haverá de se descobrir novas formas de ascese. Os tempos são outros. O ser humano, no entanto, é feito de um desejo de atingir as estrelas e, ao mesmo tempo, sente-se atraído pelo que é de baixo. O tempo da vida é longo e o esposo custa a voltar. Pode ser que o Senhor, em seu retorno, surpreenda alguns  sem óleo nas lâmpadas! Não existe, no entanto, uma ascese  totalmente nova. Karl Rahner escrevia: “Há que se evitar de considerar o novo e o antigo como compartimentos estanques dentro da espiritualidade cristã: o novo só é autêntico quando conserva o antigo. O antigo só tem viço quando vivido de forma nova”.
6. Há que se cuidar de não se repetir os exageros e erros do passado. As práticas ascéticas do passado eram marcadas pelo dualismo entre corpo e espírito. O corpo era sempre visto como inimigo do espírito. Conhecida a expressão “salva a tua alma”, como se a espiritualidade não tivesse que levar em conta o fato de que Deus  assumiu um corpo. A cultura dominante era que o corpo se constituía como inimigo da alma, sede das faculdades inferiores que deveriam ser submetidas ao espírito. No fim de sua vida, Francisco de Assis pediu desculpas ao “irmão corpo” por tê-lo tantas vezes maltrado… Havia a convicção de que a salvação se faria sempre pela fuga do mundo.  Assim, os religiosos eram os fadados à santidade. Vivemos um tempo de  graça quando, depois do Concílio do Vaticano II, compreendemos essa visão unificada da vida, da humanidade, do caminho espiritual. Hoje, compreendemos melhor a bondade do mundo criado. No passado se exaltou uma certa espiritualidade ‘dolorista’, exaltando o sacrifício e a mortificação. Esta é uma página definitivamente virada.
7. De outro lado  vemos a perspectiva da espontaneidade que caracteriza a cultura difusa na atual sociedade. Hoje é sempre mais difundida a ideia de que tudo é válido. “O elogio da ‘espontaneidade’  e da ‘naturalidade’ numa cultura em que a espontaneidade está colonizada e a naturalidade segue padrões de comportamento socialmente induzidos, é ingênuo. Aquilo com o que se pretende nos fazer livres e nos abrir à graça, ao contrário, nos fecha em nós mesmos e ficamos à mercê dos ventos que sopram. O fruto da falta de ascese, do imediatismo, da indefinição e da anemia de uma vida cristã sem estrutura, continuidade, nem esqueleto  também inunda  as clínicas psicológicas e favorece  os negócios da indústria farmacêutica”  (Juan Antonio Guerrero Alves, SJ,   Desintoxicarse, situarse en la paz y caminar en el bien, in  Sal Terrae 93,  p. 790).
8. A ascese faz parte da vida humana. Algumas modalidades de ascese são encontradas  nas sabedorias do mundo pagão, nas filosofias antigas e nas religiões. Vejamos algumas expressões que descrevem ou apontam para a ascese: abnegação,  humildade, renúncia, pureza de coração, despojamento, mortificação, sacrifício, privação, continência, domínio de si, combate espiritual, retidão de intenção, luta contra os instintos. Muitas destas formas de ascese podem parecer absurdas quando desconectadas de seu sentido. Quando bem situadas, todas elas e muitas outras podem  facilitar o relacionamento do homem com Deus e com os outros. Somente a partir desta dupla relação é que as práticas ascéticas ganham sentido. Os exercícios ascéticos constituem um meio para o fim. Os Padres do deserto afirmavam que uma ascese privada de amor não aproxima de Deus. A ascese é treinamento para o amor.  Não é fim, mas meio.
9. Praticam a ascese aqueles que experimentaram alguma coisa acima das coisas do presente mundo. O empenho ascético brota de alguém ter atingido uma vida nova em Cristo, ter pregustado o sabor do Reino! Viver em união com Cristo supõe encontro com a cruz. A ascese cristã não perde a referência ao Reino, nem à cruz. Os escritores espirituais e os místicos nunca dão a entender que a ascese quer como que  arrancar a graça de Deus. Não fazem uma aritmética  entre o esforço pessoal e a graça. “Podemos distinguir os movimentos  internos na ascese cristã: o primeiro nos ensina que é necessário experimentar a libertação, a saída da escravidão do Egito. Esta libertação nos predispõe para o relacionamento com Deus e acolhida de seus dons. É o tempo da conversão. A travessia do deserto pode ser vista como o tempo das dificuldades e do estresse, ou também o tempo em que Deus fala ao coração e educa seu povo. Talvez esta seja a essência da ascese: dispor-se em estar diante de Deus em adoração e pura disponibilidade, para serem levados e guiados por ele. Permanece ainda um segundo movimento não menos delicado: tomar posse da terra prometida, sempre a  partir da fé, da esperança e do amor porque continuamos vivendo nesta história. Nesse momento procuramos tornar “real” o dom recebido nesta história. Por isso, Jesus Cristo não é só modelo, como também seu Espírito  guia esse processo, nos ensina a experimentar, educa a sensibilidade  e nos leva à sintonia com a encarnação”  (Juan Antonio Guerrero Alves,SJ  p. 792-793).
10. Em seus Escritos de Teologia, VII, ed. de Madri  1967, p. 30-31,  no seu famoso  artigo Espiritualidade antiga e atual  falava de uma nova espiritualidade emergente  e assinalava algumas de suas notas:  mais mística, com mais experiência  pessoal de Deus, mais presente no mundo, de maior compromisso com as realidades temporais. Para essa espiritualidade via surgir uma nova ascética que prescinde do heroico, do espetacular que não terá o caráter do adicional e do extraordinário  mas da liberdade responsável perante o dever e dos limites que cada um precisa impor  a si mesmo. Paul Evdokimov escreveu na mesma linha  dizendo que em nossos dias as práticas espetaculares de antigamente  são interiorizadas. O heroico se oculta sob o manto do cotidiano. Afirma ainda:  “A ascese cristã outra coisa não é de um método a serviço da vida e procurará estar em sintonia com as novas necessidades. A ascese consistiria mais num descanso que se impõe, a disciplina do sossego e do silêncio, períodos em que o homem se organiza para fazer uma pausa para a oração e contemplação, mesmo no âmago dos ruídos do mundo e, sobretudo, de ouvir a presença dos outros. O jejum, em vez da maceração que alguém com ele se inflige, seria a renúncia do supérfluo, o partilhar o bem com os pobres, busca de um equilíbrio saudável” (Citado  por Juan Antonio Guerrero Alves, p. 793).
11. Ascese significa exercitar, praticar e apontar para uma aplicação disciplinada, exercício repetido, esforço para adquirir uma habilidade e uma capacidade. Os exercícios ascéticos existem para que o projeto de vida cristão não venha a fracassar  por culpa de nossa inércia. Se alguém dissesse que em nossos dias não se faz necessária a ascese significa o mesmo que dizer que não há mais lugar para a educação. Ascese e educação consistem num trabalho que alguém faz sobre si mesmo ao longo da vida. Nos primeiros anos até o começo da juventude se faz com o auxílio  de adultos e na maturidade depende de uma opção pessoal, sob a orientação da própria consciência, da coerência com o próprio projeto de vida, muitas vezes sob a orientação de um diretor espiritual.
12. Terminamos as reflexões desta primeira parte do tema com palavras do Cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo de Gênova, em sua Carta Pastoral sobre a vida espiritual: “O asceta cristão não é aquele que desafia a si mesmo para afirmar-se aos próprios olhos e aos olhos dos outros. Está em busca de um progresso espiritual, de sua unificação interior em Cristo. Tem confiança, sem ser ingênuo: sabe que em seu coração há o desejo do bem e as inclinações desordenadas. Tem consciência de seus instintos e da fragilidade de sua vontade. Faz a experiência do pecado. Está em busca da liberdade porque sabe que, em certo sentido, não nascemos livres, mas livres nos tornamos. Por este motivo se faz necessário um longo e penoso exercício”.
Carregamos o tesouro da vida nova  em vasos de barro…
Duas grandes referências:
● Paola Bignardi, Per una grammatica dell’ascesi, in La  Rivista del Clero Italiano  4/2012,  p. 269-283
● Juan Antonio Guerrero  Alves,  SJ,  Desintoxicar-se, situar-se en la paz y caminar en el bien.  Notas para una nueva ascética, in Sal Terrae 93 (2005), p.  789-803
Obs.: Resta-nos ainda a delicada tarefa de examinar formas concretas  de ascese para nossos tempos. Fá-lo-emos  em nosso próximo número.
Questões:
Por que nossos contemporâneos são avessos ao tema da ascese?
De maneira muito simples e clara tentar definir o que seria uma vida cristã vigilante?
O que mais chamou sua atenção neste texto de reflexão?

19 de nov. de 2012

No Tapajós, complexo de hidrelétricas ameaça indígenas e ribeirinhos

18 de nov. de 2012

Opção pelos pobres x opção pelos ricos

                                                             Júlio Lázaro Torma*
  Olhando a visita do Ícone e da Cruz da Jornada Mundial da Juventude ( JMJ), nos dois dias em que estiveram em Pelotas ( RS) e o número de pessoas nas atividades nos chama a reflexão junto aos dados do censo do IBGE( 2010).
  O Brasil é hoje a 6ª economia do mundo,superamos a Grã Bretanha e somos 194 milhões de habitantes.Sendo que 123 milhões se declaram católicos e 42,3 milhões se declaram evangélicos do ramo pentecostal ou neo-pentecostal.
  Fomos o maior país católico do mundo,onde em 1980 com a visita de João Paulo II, 85% se declarava católica.
  Porque está evasão de fieis nas últimas três decadas,se formos olhar ela esta ligada ao pontificado de João Paulo II ( 1978-2005) e ao atual pontificado de Bento XVI.
  Muitos tentam colocar  a culpa na Teologia da Libertação,nas reformas do Concilio Vaticano II ( 1962-1965),nas conferências de Medellin ( 1968) e Puebla ( 1979), que consagraram a " Opção preferencial pelos pobres" e as " comunidades eclesiais de base".
  Mas se olharmos o auge da Teologia da Libertação, ela ocorre nos anos de 1970-1980, quando o catolicismo era a maioria da população brasileira.
  E que tinhamos um episcopado sensível aos apelos e sofrimentos das classes populares, com valiosos,zelosos e proféticos pastores como D.Helder Câmara,D. Ivo Lorscheider,D. Luciano Mendes de Almeida,D. Paulo Evaristo Arns,D. Tomás Balduino,D. Pedro Casaldáliga.Foi a época em que surge as pastorais sociais,as CEBs se difundem por todos os quatro cantos do país.
  Com o processo de curianização mundial e desmantelamento do Concilio Vaticano II, a volta da grande disciplina e a " primavera interrompida" de João Paulo II, á nivel mundial.
  Tal processo de desmantelamento do Concilio e das Conferências de Medellin, Puebla pelo Vaticano,fez com que desse força e folego aos movimentos burgueses.
  No qual a Opus Dei que no conclave de 1978, elegeu o Cardeal polonês Karol Wojtyla, como sucessor de João Paulo I ( Cardeal Albino Luciani).
  Eis que tais movimentos como o Opus Dei, de carácter burguês, conservadores e de matizes eurocentricas e norte americana, começaram a ter força no inicio da década de 1990, com a ofensiva neoconservadora de João Paulo II, com apoio de dioceses, arquidioceses do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, onde merece destaque o papel desempenhado do Cardeal Eugênio de Araújo Salles,o programa Evangelização 2000,por via satélite.
  Com o processo de desmantelamento das pastorais sociais e as comunidades eclesiais de base, se convertendo em comunidades eclesiais burocráticas, clubes eclesiais de base.Onde agentes de pastorais comprometidos foram colocados de lado.
  Conforme acontece a burocratização das cebs e a substituição delas por movimentos conservadores e neopentecostais, a Igreja Católica perde fieis e vê seu rebanho diminuir cada vez mais.
  Do outro lado vemos a proliferação de canais de televisão católicos,com uma programção conservadora,padres cantores, seminaristas pop star, sex simbol, disputando audiência com canais de televisão e programas evangélicos.
  Movimentos exóticos, inspirados na idade média, com trajes medievais, costumes estranhos, maniqueistas e jansenistas, valam línguas estranhas, volta do latim.
  Falam mal da teologia da libertação e colocam nela todos os males, o insusseso de sua própria evangelização neopentecostal.
  Há um próverbio popular que diz:" faça o que eu digo e não faça o que eu faço" e diga com quem andas que direi quem és".
  O pregador oficial da Casa Pontifícia Frei Raniero Cantalamessa( O.F.M Cap),falou: " A Igreja vez a opção pelos pobres e os pobres fizeram a opção pelas seitas".
  Mas será que foram os pobres que mudarão de lado ou foi a Igreja que mudou?,ela fala em opção pelos pobres,mas procura se aproximar cada vez mais dos ricos,das elites econômicas.
  Se fala em opção pelos pobres, mas o que na prática vemos a hierarquia rodeada pelos ricos, nas solenidades os ricos estão do lado dos clérigos( ex Pe. Marcelo Rossi ao lado de Xuxa,Gugu, José Serra,...), que causa mal estar nas classes empobrecidas e o seu afastamento da instituição.
  Tais movimentos são burgueses e voltados para a burguesia, com uma teologia conservadora.Priorizam o individual e as concentrações de massa.
  Diferente das CEBs e pastorais, " pequenos grupos, onde as pessoas tenham contados" (E.N),onde conheço e sei a onde mora, os seus sentimentos de quem está ao meu lado.
  Os movimentos prometem igrejas lotadas,mas o que vemos é uma evasão de fieis progressivamente para outras pequenas denominações pentecostais.Onde há uma forte atuação dos movimentos ou que as lideranças das comunidades são conservadoras,podemos ver uma forte atuação e crescimento das denominações pentecostais ou neo-pentecostais,diferente á onde as Cebs,pastorais atuam.
  " Hoje em dia diante do agravamento da situação social, diante da contestação crescente que expressa no mundo inteiro contra o sistema neoliberal,a questão reaparece:" A Igreja está a favor dos ricos ou dos pobres?"Não se trata de uma mera questão de palavras.
  Pelas palavras todos estão em favor da promoção dos pobres e todos se proclamam a serviço da libertação dos pobres.Mas os discursos nada significam.É necessário ver os fatos e os resultados concretos"( José Comblin).
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  * Membro da Equipe da Pastoral Operária Arquiciocesana de Pelotas /RS

16 de nov. de 2012

O processo de frei Salvador Pinzetta foi aberto na manhao da sexta-feira 16



Frei Segio Dalmoro que acompanha  Dom Ângelo Salvador, escreve dizendo que " Dom Ângelo  continua conosco. Ele esteve toda uma semana no norte da Itália à procura das raízes históricas de sua família "Salvador". Retornou no dia de ontem feliz com os resultados. Contou, por exemplo, que ao chegar num pequeno povoado, encontrou algumas pessoas no rua com quem foi conversar. Posteriormente descobriu que um deles era parente (distante, naturalmente.

No entanto, ele continuava preocupado com o processo de beatificação do Frei Salvador Pinzetta. Hoje pela manhã recebemos a boa notícia que as caixas que contem os autos do processo serão oficialmente abertas no dia de amanhã, dia 16 de novembro, às 11 horas, na Congregação dos Santos.


Com isso, o processo fica oficialmente instalado na dita congregação e Dom Ângelo poderá retornar ao Brasil (na próximo segunda-feira) dia 19 de novembro, com a convicção de missão cumprida.


Congratulamo-nos com Dom Ângelo e com todas as pessoas que colaboraram para que esse processo fosse finalmente entregue aqui em Roma.


Frei Salvador Pinzetta em Roma

Os autos originais, em duas cópias autênticas, do inquérito diocesano sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade do Servo de Deus, Frei Salvador Pinzetta, já estão em Roma, na congregação das Causas dos Santos.

Tais documentos foram levados para Roma pelo Portador, Dom Frei Ângelo Domingos Salvador. De fato Dom frei Ângelo, que atuara como Vice-Postulador durante o inquérito diocesano, foi nomeado por Dom Alessandro Ruffinoni, bispo de Caxias do Sul, pra a função de Portador oficial e juramentado.


Dom Frei Ângelo com documentação em mãos, viajou dia 26 de outubro de 2012, de Porto Alegre até Lisboa, no voo 3016 da TAP e de Lisboa a Roma no voo 842 da mesma companhia. Chegou em Roma, no aeroproto do Fiumicino,onde foi recebido por Frei Sérgio Dal Moro, recentemente eleito Conselheiro Geral da Ordem Capuchinha, e conduzido ao Colégio Internacional São Lourenço de Brindes,onde provisoriamente funciona também a Cúria Geral dos Capuchinhos.


Dom Frei Ângelo foi Portador oficial de três caixas. Uma caixa, pequena e leve, com 03 cartas, todas endereçadas ao Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, que atualmente é o Cardeal Ângelo Amato: A Carta de D. Alessandro Ruffinoni, chamada “Instrumento de Clausura”, com informações ao Cardeal sobre o conteúdo das duas outras caixas; as cartas do Pe. Adelar Baruffi, Delegado Episcopal no Inquérito Diocesano, e a do Pe. João Roberto Masiero, Promotor de Justiça no mesmo Inquérito, com os pareceres pessoais de seus autores sobre a viabilidade de beatificação do servo de Deus, Frei Salvador Pinzetta.


As duas caixas grandes continham duas cópias autênticas dos autos originais do Inquérito Diocesano. Os referidos autos originais, chamados “arquétipo” estão conservados, em caixa lacrada, na Cúria Diocesana de Caxias do Sul.

A 1ª cópia autêntica, extraída diretamente do “arquétipo”, chamada por isso, “transunto” ou “transposição”, é endereçada e entregue ao Prefeito da Congregação das Causas dos Santos.
A 2ª cópia autêntica, extraída do “transunto”, porque nela há o carimbo: “Confere com original”, chama-se “Cópia Pública”, porque é destinada aos oficiais da Congregação para os devidos estudos da documentação ali oferecida.
As duas caixas, a do “transunto” e a da “Cópia Pública” continham, cada uma, as 1.381 páginas do Inquérito,e pesavam, cada uma, 7 quilos e meio, num total de 15 quilos.
As caixas com as cópias dos autos do Inquérito diocesano foram entregues e protocoladas na Congregação das Causas dos Santos, no dia 29 de outubro de 2012, às 11 horas, na hora de Roma.
Estavam presente na ocasião: o Postulador Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, Frei Florio Tessari; o Vice-Postulador e Portador, Dom Frei Ângelo Domingos Salvador; o Vice-Postulador Adjunto Pe. Álvaro Pinzettta: Frei Hermínio Bezerra e Fábio Pinzetta, irmão do Pe. Álvaro, acompanhantes; e um Oficial da Congregação que assinou com as iniciais J. P. o Protocolo de entrega dos Documentos, o qual recebeu o nº 0717.
O Postulador Geral, Frei Florio Tessari, requereu, através de ofício, a marcação de uma data, possivelmente antes de 15 de novembro, para a abertura oficial das caixas, iniciando assim os trâmites para o estudo da documentação oferecida pelo Inquérito diocesano. Deste modo, Frei Salvador Pinzetta entra oficialmente na lista dos mais de 3.000 processos já existentes na Congregação das Causas dos Santos.
No dia 31 de outubro, houve a costumeira Audiência Pública do Papa Bento XVI, realizada na Praça de São Pedro, não obstante o vento e a chuva. A comitiva ítalo-brasileira da Família Pinzetta, depois de muitas idas e vindas, obteve os bilhetes de ingresso. Ela era composta de 15 brasileiros e 11 italianos da Diocese de Mântua, ocupou um lugar privilegiado: No estrado superior à direita do Papa, distantes dele cerca de 25metros. Faziam parte do grupo brasileiro, o Pe. Álvaro Pinzetta, da Diocese de Caxias do Sul, o Pe. Avelino Pinzetta da Diocese de Passo Fundo, Postulador da Causa de Beatificação de Mons. Benvegnu. No grupo italiano, entre os presentes estava o Sr. Matteo Pinzetta, Prefeito de uma comuna Italiana.
Houve um contratempo frustrante. Antes da audiência, diversos locutores linguísticos anunciaram a presença das diversas delegações. O locutor de língua portuguesa não anunciou a presença da caravana ítalo-brasileira da Família Pinzetta. Em consequência, o Papa também não anunciou a presença da nossa comitiva nas mensagens finais. Dom Ângelo informou-se junto ao locutor português, o qual disse que não recebera a informação da Casa Pontifícia.
Após a Catequese do Papa, na qual ele continuou as reflexões sobre a fé, os Cardeais e Bispos, sentados logo atrás da Cadeira do Papa, foram convidados a cumprimentá-lo, a começar pelo bispos. Dom Frei Ângelo aproveitou a ocasião e disse ao Papa: “Eu sou Dom Ângelo Domingos Salvador, Bispo Emérito de Uruguaiana no Brasil. Vim a Roma como Portador do Inquérito Diocesano sobre o Servo de Deus, Frei Salvador Pinzetta. Seus familiares “Pinzetta”, do Brasil da Diocese de Mântua estão aqui ao lado”, apontando para a Comitiva. O Papa então, gentilmente olhou para a direita e cumprimentou a Comitiva com um simpático aceno de mão, sendo aplaudido efusivamente pela comitiva.
Muito satisfeita, a Comintiva Pinzetta foi almoçar num restaurante na Via Aurélia, nº 40, contando com a presença de Dom Ângelo e do Pe. Orides Belardin, que está em Roma, acompanhando o Processo de Beatificação do Pe. João Schiavo.
fonte: www.capuchinhosrs.org.br
 

Ninguém sabe a hora

                                 Júlio Lázaro Torma*
                                                             " O Fim está próximo arrependei-vós!"
                                                                            ( Cartaz num poste)
  O Evangelho de Marcos lido,meditado,rezado em nossas comunidades cristãs neste final de semana,nos fala numa linguagem escatológica,sobre o fim dos tempos.
  Estamos no termino do calendário litúrgico,próximo final de semana encerraremos o ano B( Evangelho de Marcos),iniciamos o ano C ( Evangelho de Lucas),e estamos próximos do fim do ano das festas natalinas e de revéllion.
  O Evangelho da comunidade de Marcos, usam uma linguagem apocalíptica,inspirada nos profetas Ezequiel e Daniel,o capítulo 13 é o Apocalipse de Marcos.O Evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito,foi redigido pelos anos 70 do século I e as comunidades estavam espraiadas pelo império romano.
  As comunidades estavam vivendo um tempo de crise,desesperança,atordoadas pela perseguição,repressão sofrida por parte da religião oficial judaica e do império romano.
  Elas tinham presenciado os martírios de Estêvão,Tiago Maior ( At 7,1-8,1;12,1-2);as perseguições de Nero e os assassinatos de Tiago Menor ( 61/62),Pedro ( 64) e Paulo (67).
Bem como as revoltas judaicas e aparecimentos de pretensos messias,onde Paulo chegou a ser confundido como sendo um deles( At 21,38).
  Revoltas estás que levaram a destruição do Templo de Jerusalém,pelas legiões romanas do gen. Tito,filho do Imperador Vespaciano( 69-79),em Agosto de 70 e a diáspora do povo judeu.
  Em várias partes do império havia guerras,revoluções,golpes de estado que causavam fome e mortes.Muitos acreditavam em que o fim do mundo estava próximo,pois o mundo estava de cabeça para baixo e virado do avesso.
  Diante deste quadro Paulo escreveu aos Tessalonicenses e Romanos." Quem não quiser trabalhar,não tem direto de comer( II Ts 3,10),em relação aos que esperavam o final dos tempos e " que a criação geme com dores de parto"( Rm 8,22).
  Anunciando um novo tempo que se anuncia não no futuro,mas está presente.Não se trata de destruição,mas de um nascimento e acabamento da criação.
  O Apocalipse nada mais é do que a revelação e a nossa esperança que só acontecerá com Deus em nossa vida.
  Jesus usa simbolos do movimento profético para sinalizar os últimos tempos,ele rompe com o Templo e a religião oficial ao falar da destruição de Jerusalém que muitos de seus contemporâneos e conterrâneos presenciaram.
   Jesus fala em fim do mundo, mas numa linguagem de esperança,sem cair na tentação do medo, angústia, terror.A nossa epopéia humana na terra para Jesus e bem como para a ciência atual prevê que o mundo não é eterno e que vamos acabar.Esta vida acabará.
  O que vai ser das nossas lutas,obras, conquistas,aspirações,sonhos,desejos e patrimônio que fizemos? só de pensar nisso já caímos no desespero e depressão.
  Assim como no século I,ano 1000 e nos nossos dias as previsões que anunciam o fim do mundo para tal data, horário,ano por falsos profetas,cristos e messias,que em busca da fama fácil,tem causado pânico nas pessoas.
   Jesus desargumenta e desarma os profetas do agouro, ao anunciar, que " ninguém sabe,o dia,hora mas somente o Pai", que sabe o momento.
  O céu e a terra desaparecerá,a vida de sofrimento,dor e o poder opressor que causa tudo isso acabará.Onde nós devemos estar preparados para a nova criação, que é o Senhor Ressuscitado.
  Marcos usa a palavra que Cristo ressuscitado que virá com " grande poder e glória" e cuja luz salvadora iluminará tudo.Ele será o centro de um mundo novo e de uma nova humanidade.
  Jesus sabe que viver a sua mensagem é difícil, quantas vezes não desanimamos e pensamos em desistir,cair fora.olhamos quem não a vive e põe em prática,vivendo uma vida melhor do que nós?
  Assim como a figueira, no inverno parece morrer,a nossa vida também, ela se torna na primavera a dar flores e frutos.A nossa vida é como a primavera aos poucos da frutos.
  O nosso testemunho de fé dará os seus frutos não podemos colher e nem ver agora.
   Mas são pequenos sinais da construção de um mundo novo que está em gestação.Nossa luta por um mundo novo, melhor sem dor e sofrimento não se perderá.
   A nossa fé não é posta em coisas, mas em Alguém.Fé e Amor são de fato, ligados( vê a expressão " fé conjugal").Por isso que todas as passagens apocalípticas dos evangelhos falam do retorno de Cristo ou de sua vinda, a propósito das catástrofes humanas e naturais que descrevem.Mas tudo isso no final irá acabar diferente do que anunciam os profetas do agouro.
  É certo que Jesus Cristo já veio, mas foi para fazer seus todos os nossos sofrimentos.E fazendo-os seus, Ele os realizou, suportou-os venceu-os.O que agora nos é anunciado é que tendo feito seus nossos sofrimentos,Ele vem para fazer nossa a sua própria glória.
  O Evangelho nos diz que devemos ter esperança e não medo,acreditar em Jesus Cristo cujas palavras não passam e não devemos crer nos falsos messias e profetas do agouro que causam pânico por ai.E que irão ficar apagados em algum cantinho da história.
   "O céu e a terra passarão, porem minhas palavras não passarão"( Mc 13,31)
              Bom final de semana e boas meditações
                             Mc 13,24-32
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  * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária de Pelotas / RS

15 de nov. de 2012

Manifesto reclama aposta na defesa da floresta contra os incêndios

Esta semana foi entregue na Assembleia da República e ao Governo um novo manifesto "Outra vez os incêndios florestais!", subscrito pelo mesmo grupo de 21 personalidades que, no ano passado, entregou o “Manifesto pela Floresta contra a Crise”.
O Manifesto defende uma "economia da prevenção que gere empregos no território rural".
O Manifesto defende uma "economia da prevenção que gere empregos no território rural".
Nas contas de cada campanha de incêndios, aos avultados custos de combate, deve somar-se um custo anual que ascende a mil milhões de euros – 150 milhões de euros por prejuízos diretos nas matas e florestas ardidas e 750 milhões em produtos que deixam de ser fabricados em Portugal devido à falta de madeira.
Mas também há prejuízos indiretos, nomeadamente perdas de solo, de biodiversidade e libertação de CO2 para a atmosfera, e “as enormes e mal conhecias ‘rendas’ pagas aos agentes de combate aos fogos”.
As contas foram feitas por um grupo de 21 personalidades, entre as quais se destaca o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, num grupo que reúne professores universitários e engenheiros florestais, que entregou esta semana o manifesto "Outra vez os incêndios florestais!" (disponível aqui), no parlamento e à Ministra da Agricultura, Assunção Cristas.
Em setembro de 2011, o mesmo grupo entregou o “Manifesto pela Floresta contra a Crise” (disponível aqui), apelando a uma melhor gestão do território florestal e à implementação de medidas que resolvam os problemas que estão na base da degradação da floresta portuguesa.
É preciso investir na prevenção
Neste segundo manifesto conclui-se que, por não se investir o suficiente em prevenção, Portugal acaba por pagar sempre uma fatura mais elevada nas despesas do combate aos fogos e nas consequências que daí decorrem para a economia da fileira florestal.
O manifesto recorda que só em 2012 "os incêndios provocaram sete mortos, desorganizaram vidas e empresas, destruíram casas e queimaram mais de 100 mil hectares de matas e florestas".
“Para um país pobre, o custo de uma estratégia centrada no combate aos incêndios, é pois ineficaz, ineficiente e incomportável. Hoje, mais do que nunca tem de se quebrar este ciclo vicioso, estimulando uma economia da prevenção que gere empregos no território rural (que são as regiões mais deprimidas do país!) e valorize o ambiente, criando valor na economia real. Investir na floresta, é um presente para o futuro”, lê-se no manifesto.
fonte:http://www.esquerda.net/artigo/manifesto-reclama-aposta-na-defesa-da-floresta-contra-os-inc%C3%AAndios/25410