31 de ago. de 2013

Dom Odilo fala sobre 'a vocação de todos' [Dom Odilo explicou que o chamado de Deus 'só pode ser percebido quando se está atento' (Foto: Divulgação )] Dom Odilo explicou que o chamado de Deus 'só pode ser percebido quando se está atento' Em artigo publicado recentemente, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, afirmou que a primeira e essencial vocação de todos "é o chamado à vida e para alcançar a salvação", alegando que "a compreensão cristã sobre a vida nos leva a afirmar que ninguém nasceu, sem que isso fosse também do conhecimento de Deus", que "já os conhecia até mesmo antes que fôssemos formados no seio da mãe (Sl 139, 15-16)". Dom Odilo disse que a pessoa, quando chamada por Deus, alcança a plenitude da vida, a "salvação eterna". "O homem não é capaz de dar a si mesmo a salvação: em última análise, recebe-a de Deus quando a busca e acolhe de coração sedento e aberto", frisou. Ao recordar-se da Festa de Santo Agostinho, celebrada pela Igreja no mundo no dia 28 de agosto, o Cardeal resumiu as palavras do Bispo de Hipona ao enfatizar que "o homem tenta dar a si mesmo a satisfação plena de sua existência; é compreensível que o faça e não poderia deixar de fazê-lo, sem frustrar o sentido de sua existência", mas que "cedo ou tarde, percebe que é incapaz de resolver essa questão existencial". O Arcebispo de São Paulo explicou que o chamado de Deus "só pode ser percebido quando se está atento", pois "muitas coisas nos distraem e desviam nossa atenção, não deixando perceber o chamado de Deus e a silenciosa e forte atração que ele exerce sobre a existência humana." Para reforçar seu pensamento, Dom Odilo argumentou que desde os tempos de Adão e Eva, "o homem foi sempre a de dar ouvidos e de seguir a voz de ´alguém outro´, que se propõe no lugar de Deus em nossa vida". O Cardeal ainda referiu-se à Encíclica sobre a Esperança (Spe salvi), publicada pelo Papa Emérito Bento XVI, que falava sobre a falta de esperança entre os homens. O Arcebispo, então, propõe um questionamento aos seus leitores acerca do assunto. "O homem ainda espera algo mais da existência, que vá além do que ele se pode dar aqui na terra?" Logo em seguida, Dom Odilo respondeu que "muitos não esperam nada de Deus, nem mesmo a ´salvação eterna´", sendo assim, "uma existência sem esperança acaba não tendo um motivo alto para viver, lutar e aprimorar a vida e a convivência." Finalizando seu artigo, o Arcebispo concluiu que "o homem é chamado a se lançar para além dos próprios limites", usando as exortações feita pelo Papa Francisco aos seus fiéis "a não perderem a esperança e a não deixarem que lhes fosse roubada a esperança." "O homem só pode ter esperança verdadeira quando se abre para Deus. Então, sim, será capaz de olhar para além dos próprios limites", finalizou Dom Odilo. SIR




Dom Odilo explicou que o chamado de Deus 'só pode ser percebido quando se está atento'

Dom Odilo fala sobre 'a vocação de todos'


Em artigo publicado recentemente, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, afirmou que a primeira e essencial vocação de todos "é o chamado à vida e para alcançar a salvação", alegando que "a compreensão cristã sobre a vida nos leva a afirmar que ninguém nasceu, sem que isso fosse também do conhecimento de Deus", que "já os conhecia até mesmo antes que fôssemos formados no seio da mãe (Sl 139, 15-16)".
Dom Odilo disse que a pessoa, quando chamada por Deus, alcança a plenitude da vida, a "salvação eterna". "O homem não é capaz de dar a si mesmo a salvação: em última análise, recebe-a de Deus quando a busca e acolhe de coração sedento e aberto", frisou. Ao recordar-se da Festa de Santo Agostinho, celebrada pela Igreja no mundo no dia 28 de agosto, o Cardeal resumiu as palavras do Bispo de Hipona ao enfatizar que "o homem tenta dar a si mesmo a satisfação plena de sua existência; é compreensível que o faça e não poderia deixar de fazê-lo, sem frustrar o sentido de sua existência", mas que "cedo ou tarde, percebe que é incapaz de resolver essa questão existencial".
O Arcebispo de São Paulo explicou que o chamado de Deus "só pode ser percebido quando se está atento", pois "muitas coisas nos distraem e desviam nossa atenção, não deixando perceber o chamado de Deus e a silenciosa e forte atração que ele exerce sobre a existência humana." Para reforçar seu pensamento, Dom Odilo argumentou que desde os tempos de Adão e Eva, "o homem foi sempre a de dar ouvidos e de seguir a voz de ´alguém outro´, que se propõe no lugar de Deus em nossa vida".
O Cardeal ainda referiu-se à Encíclica sobre a Esperança (Spe salvi), publicada pelo Papa Emérito Bento XVI, que falava sobre a falta de esperança entre os homens. O Arcebispo, então, propõe um questionamento aos seus leitores acerca do assunto. "O homem ainda espera algo mais da existência, que vá além do que ele se pode dar aqui na terra?" Logo em seguida, Dom Odilo respondeu que "muitos não esperam nada de Deus, nem mesmo a ´salvação eterna´", sendo assim, "uma existência sem esperança acaba não tendo um motivo alto para viver, lutar e aprimorar a vida e a convivência." Finalizando seu artigo, o Arcebispo concluiu que "o homem é chamado a se lançar para além dos próprios limites", usando as exortações feita pelo Papa Francisco aos seus fiéis "a não perderem a esperança e a não deixarem que lhes fosse roubada a esperança." "O homem só pode ter esperança verdadeira quando se abre para Deus. Então, sim, será capaz de olhar para além dos próprios limites", finalizou Dom Odilo.
SIR
 Fonte: http://www.domtotal.com/noticias/661715

29 de ago. de 2013

Patriarca do Iraque: "Intervenção militar dos EUA na Síria seria uma catástrofe"

Dez anos depois da derrocada de Saddam, nosso país continua sendo atingido pelas bombas, pela insegurança e pela crise

Roma,  

Fonte: Zenit.org

Uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos contra a Síria seria “uma catástrofe. Seria como explodir um vulcão, numa explosão destinada a arrasar o Iraque, o Líbano, a Palestina. E talvez alguém queira precisamente isto”, declarou o patriarca da Babilônia dos Caldeus, Louis Raphael I Sako, em conversa com a Agência Fides, sobre a possibilidade de um ataque exterior que já é dado como iminente contra o regime de Assad.
O líder da comunidade cristã mais importante no Iraque enxerga na intervenção ocidental na Síria a mesma experiência já sofrida pelo seu povo: “Dez anos depois da chamada 'coalizão dos voluntários', que derrocou Saddam, o nosso país continua sendo atingido pelas bombas, pelos problemas de segurança, pela instabilidade da crise econômica”.
Além disso, no caso sírio, o patriarca caldeu considera as coisas ainda mais complicadas pela dificuldade de se entender a dinâmica real da guerra civil, que dilacera aquela nação há anos: “A oposição a Assad está dividida, os diversos grupos lutam entre si, há uma proliferação de milícias jihadistas... O que vai acontecer com esse país depois?”.
Para o patriarca, as fórmulas utilizadas pelos países ocidentais para justificar qualquer intervenção parecem instrumentalizadas e confusas: “Todos falam de democracia e liberdade, mas, para chegar a esses objetivos, é preciso passar por processos históricos. Não é possível pensar em impô-los de forma mecânica e muito menos pela força. A única via, na Síria, como em qualquer parte, é a busca de soluções políticas. Empurrar os combatentes a um pacto, imaginar um governo provisório que inclua tanto os do regime quanto as forças da oposição, escutar o que o povo sírio realmente quer, na sua maioria”.
O patriarca caldeu mostra cautela também quanto à opção de justificar a intervenção como uma represália inevitável pelo uso de armas químicas por parte do exército de Assad: “Os ocidentais”, diz Sako, “também justificaram a intervenção contra Saddam com a acusação de que o regime do Iraque tinha armas de destruição massiva. Mas essas armas não foram encontradas nunca”.

19 de ago. de 2013

O que é mariologia?

Certa vez, um estudante de teologia entrou numa grande livraria católica em busca de bibliografia atualizada sobre Maria. Perguntou ao atendente: “Onde estão os livros de mariologia?”. O funcionário da loja ficou um pouco assustado com a pergunta. Imediatamente se refez da surpresa, e disse: “Ah, livros sobre Nossa Senhora... Temos vários!”. E apresentou uma estante repleta de caderninhos, livretos e livros nos quais estavam expostos novenas, ladainhas, terço em família e tantas outras devoções. O cliente insistiu: “Mas eu quero livros de mariologia!”. “Eles estão aí e lhe garanto que são muito bons! Todo dia tem gente que vem comprar!”. leia mais em:

15 de ago. de 2013

Super-Herois e a Filosofia

por Breno Lucano
Cada cultura com seus dogmas. Cada tempo, suas interpretações sobre teologia, antropologia e suas relações. E a Antiguidade possuia uma colocação que, para nós, cristãos, parece estranha e herética. Estóicos e epicuristas são unânimes ao igualar a vida do sábio aos dos deuses. Para eles, o sábio é o próprio deus que anda por entre os homens, se relaciona, se articula com as instituições, faz-se presente na história. Ele é alguém especial que possui em razão de seus atributos o legítimo dever de governar.

O papa Francisco e as três tentações da Igreja


Francisco, em econtro com os bispos do Celam: orientações.

Em seu discurso ao Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), o papa Francisco expôs as tentações que se encontram diante da Igreja e como ela deve responder a elas.

Por Thomas J. Reese

A Igreja enfrenta três tentações, de acordo com o papa Francisco: a tentação de transformar a mensagem do Evangelho em uma ideologia; a tentação de gerir a Igreja como um negócio; e a tentação do clericalismo.

Em um discurso no dia 28 de julho ao Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), o papa Francisco expôs essas tentações e como a Igreja deveria responder a elas.

Tornar a mensagem do Evangelho uma ideologia

Essa tentação, afirma o papa, esteve presente na Igreja desde o início. Ela tenta interpretar o Evangelho separado da Igreja ou do próprio Evangelho. Francisco diz que é preciso olhar para o Evangelho com os olhos de um discípulo. Não existe uma hermenêutica "antisséptica".

Outras formas da tentação ideológica incluem o reducionismo sociológico e psicologizante. O primeiro interpreta a mensagem do Evangelho através da lente da ciência social, seja a partir de uma perspectiva marxista ou libertária. Aqui, o Evangelho é manipulado por razões políticas. É uma tentação tanto da direita quanto da esquerda usar o Evangelho para servir a objetivos políticos. O medo dessa tentação provavelmente levou Francisco a ser cauteloso com relação à teologia da libertação e, ao mesmo tempo, muito negativo com relação ao capitalismo libertário.

A tentação de psicologizar a fé, por outro lado, é individualista. "Trata-se de uma hermenêutica elitista que, em última análise, reduz o ´encontro com Jesus Cristo´ e seu sucessivo desenvolvimento a uma dinâmica de autoconhecimento". Essa é uma espiritualidade egocêntrica que "não tem sabor de transcendência, nem portanto de missionariedade".

Embora ele não o tenha mencionado, outro perigo dessa tentação é que ela fomenta uma espiritualidade passivo, de "sentir-se bem", ao invés de uma espiritualidade ativa, que trabalha para tornar o mundo um lugar melhor. Ele acredita que esse tipo de espiritualidade egocêntrica pode ser encontrada até mesmo em cursos de espiritualidade e retiros espirituais.

Relacionada com essa espiritualidade egocêntrica está a tentação da solução gnóstica. "Costuma ocorrer em grupos de elites com uma proposta de espiritualidade superior, bastante desencarnada", diz ele. O gnosticismo apareceu pela primeira vez entre os primeiros cristãos e reaparece ao longo da história da Igreja em versões novas e revisadas. "Vulgarmente são denominados “católicos iluminados” (por serem atualmente herdeiros da cultura iluminista)".

A referência ao Iluminismo torna claro que ele acredita que essa é a tentação dos católicos liberais. Eles acabam desembocando "em posições pastorais de quaestiones disputatae" (questões disputadas), as quais ele não lista. Será que essas questões controversas incluem coisas como mulheres padres e controle de natalidade?

A tentação ideológica final é a solução pelagiana. Os pelagianos acreditavam que a santidade era o resultado do esforço humano, sem a ajuda de Deus. Essa é a tentação dos católicos conservadores como "uma forma de restauracionismo". Eles buscam uma "solução apenas disciplinar" para os problemas da Igreja "na restauração de condutas e formas superadas que, inclusive culturalmente, não têm capacidade significativa". Pode-se ver por que Francisco rejeitou o grandioso vestuário papal.

Na América Latina, ele diz que esse restauracionismo se encontra "tendências exageradas para a ´segurança´ doutrinal ou disciplinar", em pequenos grupos e até mesmo em algumas novas comunidades religiosas. Mas ele vê essa abordagem como um processo "estático" e regressivo que "busca ´recuperar´ o passado perdido". Como arcebispo de Buenos Aires, Argentina, Jorge Bergoglio não era fã da missa tridentina e não a permitiu até que ela foi mandada pelo papa Bento XVI para toda a Igreja.

Funcionalismo

A segunda tentação da Igreja é ao funcionalismo, que o papa Francisco acredita ter o efeito de paralisar a Igreja. "Mais do que com a rota, se entusiasma com o ´mapa da rota´". Ela "não tolera o mistério, aposta na eficácia". Essa é a tentação dos burocratas da Igreja. "Reduz a realidade da Igreja à estrutura de uma ONG. O que vale é o resultado constatável e as estatísticas". Francisco não quer que a Igreja acabe tendo "modalidades empresariais".

Clericalismo

A última tentação da Igreja é ao clericalismo, que, como o próprio nome indica, é uma tentação particular para bispos e padres, mas Francisco argumenta que, muitas vezes, os leigos também são cúmplices. "O padre clericaliza, e o leigo lhe pede por favor que o clericalize, porque, no fundo, lhe resulta mais cômodo". Ele acredita que "o fenômeno do clericalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade e de liberdade cristã em parte do laicato latino-americano".

A liberdade dos leigos, argumenta ele, encontra sua expressão "através de experiências de povo: o católico como povo". Uma maior autonomia, que, em geral, ele acredita ser uma coisa "sadia", se expressa através da piedade popular. "A proposta dos grupos bíblicos, das comunidades eclesiais de base e dos Conselhos pastorais", diz ele, de fato, "vai na linha de superação do clericalismo e de um crescimento da responsabilidade laical". O clericalismo liberal pode desprezar a piedade popular, enquanto o clericalismo conservador teme o fato de dar aos leigos um papel maior na Igreja.

Embora estas tenham sido apresentados como tentações para a Igreja latino-americana, é óbvio que elas são universais. Elas estão vivas e com boa saúde em Roma e nos Estados Unidos.
Fonte:http://www.domtotal.com/noticias/653710
National Catholic Reporter, 13-08-2013.

14 de ago. de 2013

"Temos que integrar o caminho da fé com o respeito pelo meio ambiente"

A economia verde pode ajudar a recuperar os valores morais

Roma,  

Fonte: Zenit.org

O projeto Chiesaecologica [Igreja ecológica], que estuda a difusão dos conceitos de sustentabilidade ambiental nas paróquias italianas, já está em andamento em Roma.
Zenit entrevistou Maurizio Molinari, presidente da Metaenergia, empresa com foco no desenvolvimento sustentável e patrocinadora do projeto Cesab (Centro Interuniversitário de Pesquisa em Ciências Ambientais e Biotecnologia), organizado em parceria com o Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, a Universidade Lumsa e a Pastoral Universitária do Vicariato de Roma.
Por que vocês decidiram apoiar este projeto?Maurizio Molinari: O projeto Chiesaecologica combina um caminho de fé com o respeito pelo meio ambiente e pelos outros. Depois da criação, nós fomos colocados num jardim paradisíaco e cabe a nós, homens, preservá-lo de forma sustentável. A Metaenergia apoia o projeto Chiesaecologica porque faz parte dos seus valores éticos apoiar a Igreja e o mundo da pesquisa. Nós acreditamos que a crise deve ser respondida necessariamente com os valores, com um olhar para nós mesmos e para as nossas comunidades.
A economia verde pode ajudar o mundo eclesial?Maurizio Molinari: Sim, sem dúvida. A economia verde, a sua concepção de respeito pela criação, pode ajudar na recuperação dos valores morais. O princípio da sustentabilidade é crucial.
Por que partir de um projeto de pesquisa universitário?Maurizio Molinari: O projeto Chiesaecologica é essencial. Temos que começar pelo conhecimento, dar ferramentas úteis ao mundo eclesial para cuidar do desenvolvimento sustentável. É o componente humanista e de valores o que deve transparecer, para o bem da comunidade. Acreditamos muito no projeto. A Metaenergia acredita firmemente na pesquisa, na universidade, nos jovens. Basta dizer que 70% dos nossos funcionários têm menos de 35 anos de idade e são todos os jovens de qualidade.
Você pretendem levar esse projeto de pesquisa para fora de Roma?Maurizio Molinari: Com certeza. Os nossos parceiros vão permitir um desenvolvimento mais amplo dos estudos.

5 de ago. de 2013

Francisco fala da pobreza com autoridade

O programa pastoral do Papa nos convida a considerar os mais necessitados como eles realmente são, nossos irmãos, filhos de um mesmo Pai amoroso.

São Paulo,  

Fonte: Zenit.org

Publicamos a seguir o testemunho enviado a ZENIT por José Caetano, fotógrafo que trabalhou como guia no grupo dos Vaticanistas que viajaram no avião do Papa nessa viagem ao Brasil, os chamados VAMP (Vatican Accredited Media Personal):
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Uma das maiores mensagens deixadas pelo Papa Francisco em sua primeira grande viagem fora da Itália, para a Jornada Mundial da Juventude no Brasil não foi somente dirigida aos jovens, mas a todos os homens, e não fez parte dos discurso, mas sim de suas ações.
Particularmente trabalhei como guia no grupo dos Vaticanistas que viajaram no avião do Papa nessa viagem, os chamados VAMP (Vatican Accredited Media Personal), e durante a viagem, logo antes do encontro do Pontífice com os representantes da Sociedade Civil no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos jornalistas brasileiros que estavam ali me perguntou o que eu achava que o Papa iria falar para os empresários e políticos ali reunidos.
Não respondi imediatamente porque prever o que o Papa Francisco vai falar ou fazer é uma atividade digna de profetas altamente ungidos por Deus, e eu só sei fazer uma análise da conjuntura e tentar prever algo.
Mas uma constante no que se refere ao pontificado de Bergoglio é seu cuidado para com os pobres. Cuidado esse que não nasce de uma pseudo-teologia latina, como poderia se pensar de um Papa vindo da Argentina. Também não nasce simplesmente do fato de ter ele escolhido ao “pobrezinho” de Assis para homenagear ao se tornar Papa. Esse cuidado com os pobres, essa dedicação pela pobreza nasce de um método quase científico. Francisco experimenta a pobreza.
Em suas incansáveis visitas aos bairros pobres da capital portenha e sua visita à favela de Varginha, na comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro, lhe conferem autoridade para tratar do tema da pobreza. Ele toca os pobres com seu coração e com suas mãos. Ele conhece e escuta os problemas das pessoas “descartadas” da sociedade. E identifica o que chama de “cultura do descartável”.
Em Manguinhos foi claro em dizer que “Nenhum esforço de ‘pacificação’ será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Não deixemos, não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável! Não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável, porque nós somos irmãos. Ninguém é descartável!
O Pontífice identifica a causa do problema das sociedades modernas e dá a solução: compreender os outros como nossos irmãos. E por esse mesmo motivo, coloca a Fraternidade como tema da próxima Jornada Mundial da Paz, que sera celebrada no primeiro dia de 2014.
“A fraternidade, fundamento e caminho para a paz” é justamente o tema que Francisco nos coloca para meditar, imediatamente concordante com o que propõe em Manguinhos.
Por outro lado, se podemos identificar uma preocupação constante em todos os discursos e homilias do Papa nessa viagem ao Brasil e em outras ocasiões de seu pontificado, é seu desejo de que deixemos nossa zona de conforto e que saiamos de casa ao encontro dos mais pobres. Não simplesmente para torná-los alvo de qualquer programa assistencialista ou de uma pastoral desprovida de alma, de espiritualidade. O Papa nos manda colocar Cristo no centro de nossas vidas, e a partir daí, a partir da vivência do encontro com Cristo, ir ao encontro dos pobres como nossos irmãos.
A mensagem pastoral do Papa Francisco é exigente, pois não somente nos convida a sermos agentes de qualquer programa paliativo, que simplesmente alivie o sofrimento de algumas pessoas, mas o programa pastoral do Papa nos convida a considerar os mais necessitados como eles realmente são, nossos irmãos, filhos de um mesmo Pai amoroso, e como nossos irmãos, o nosso compromisso deve ser mais profundo, mais duradouro, e só consiguerimos atingir esse nível de autoridade para ajudar o próximo quando nos dedicarmos a tomar uma xícara de café com eles, como disse o próprio Francisco em seu discurso em Varginha.