22 de fev. de 2012

Como as reservas de combustíveis fósseis estão ligadas a negociações climáticas

O editor Duncan Clark do “The Guardian” utilizou dados da Revisão Estatística da Energia Mundial da BP para calcular quanto CO2 cada país tem a possibilidade de emitir e como isso influencia na posição das nações sobre um acordo climático. 
Artigo Jéssica Lipinski do Instituto CarbonoBrasil
Fonte: Esquerda.net
Campo de extração de petróleo na Califórnia, Estados Unidos - Foto de Storm Crypt / Flickr
Campo de extração de petróleo na Califórnia, Estados Unidos - Foto de Storm Crypt / Flickr

Muitas vezes, a demora no progresso das negociações climáticas faz-nos perguntar por que as lideranças mundiais estão a demorar tanto para combater as emissões de gases do efeito estufa (GEEs), que contribuem para as mudanças climáticas.


Pensando nessa relação, o editor de meio ambiente do jornal The Guardian, Duncan Clark, utilizou os dados da Revisão Estatística da Energia Mundial da BP para calcular quanto de GEEs cada país pode emitir, e traçou uma relação entre as reservas de combustíveis fósseis das nações e suas posições a respeito de acordos climáticos.
Clark exemplificou a sua análise com o caso das negociações climáticas da 17ª Conferência das Partes (COP17), que ocorreu no final de 2011 em Durban, na África do Sul: quem defendeu mais fortemente a extensão do Protocolo de Quioto e criação de um novo acordo mundial foram a União Europeia, a África e a Aliança de Pequenos Estados Insulares (AOSIS), que, segundo o editor, têm juntas menos de 14% das reservas de combustíveis fósseis mundiais.
Analisando a posição oposta, Clark também chegou a resultados semelhantes: a Arábia Saudita, o Canadá, a China, os EUA, a Índia e a Rússia, que juntos detêm quase 60% de todas as reservas mundiais de combustíveis fósseis, frequentemente se posicionam, em maior ou menor grau, contra acordos climáticos globais.
O Canadá, por exemplo, anunciou recentemente a sua retirada do Protocolo de Quioto, enquanto a China e os EUA, os maiores emissões de GEEs do mundo, nunca fizeram parte do tratado.
Mesmo em escala regional, parece haver ligação entre as duas situações: enquanto a maioria dos países da América Latina se mostra favorável a um pacto climático mundial, a Venezuela, que detém grandes reservas de petróleo e areia betuminosa, se posicionou contra um acordo e entrou em confronto com a presidência da ONU, alegando que os países emergentes estavam a ser ‘negociados’ nos debates climáticos.
O editor do The Guardian ressaltou que a sua análise não é científica e que há casos em que a relação entre reservas de combustíveis fósseis e posicionamento climático não se concretiza, mas lembrou que é interessante ponderar a questão sobre esse ponto de vista, para que talvez se possa entender melhor o andamento das negociações climáticas.
Leia a íntegra da análise (inglês)

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