12 de out. de 2011

Arma de esperança na Guiné-Bissau: EDUCAÇÃO PARA TODOS


759 Milhões é o número de pessoas que, em 2010, não sabiam nem ler nem escrever em todo o mundo.[1]
Na radiografia africana, o diagnóstico relativo à educação é globalmente alarmante. Em média, um em cada seis adultos no mundo não sabe ler nem escrever e dois em três são mulheres. A África Ocidental tem a taxa mais baixa de literacia a nível mundial. Apenas nesta zona regional, existem cerca de 65 milhões de jovens e adultos, o que equivale a mais de 40% da população.[2]
Uma criança na África subsaariana tem menos oportunidades educativas que em países de baixo rendimento da Ásia do Sul e do Oeste, cerca de 43% contra cerca de 27%, respectivamente.[3]
Em 2009, uma equipa composta por técnicos de diversos ministérios da Guiné-Bissau, do Banco Mundial e do Pólo da UNESCO em Dakar realizou um diagnóstico sobre o sistema educativo guineense. Neste, verificava-se que o grau de probabilidade de entrar na escola e nela permanecer aumenta se a criança é um rapaz, cujo chefe de família é uma mulher, cujo nível de instrução deste é mais elevado, que vive em Bissau e não no norte do país e que faz parte de um agregado familiar com condições económicas.[4]
Na Guiné-Bissau, a educação é encarada como um direito e um dever para todo o cidadão.[5] No entanto, 58% da população continua analfabeta e apenas 37% das crianças chegam ao ensino secundário e apenas 17% concluem-no. O direito à educação conduz 18% das crianças guineenses a andar 35 a 60 minutos diariamente para chegarem à escola. A gratuidade do ensino é negada a 7% das crianças que afirmam ser demasiado cara a escola, o que leva 32% a abandonar a escola para darem apoio à família. Na Guiné-Bissau, as crianças que vivem nas cidades capitais de região têm oferta de escolas de ciclo completo da 1ª a 11ª classe. Crianças das regiões de Tombali, Quínara e Gabú eram, em 2001, as mais penalizadas com escolas com níveis de ensino incompletos.
«A arma da esperança na Guiné-Bissau: Educação Para Todos» é um policy paper que se centra no papel da Igreja Católica na Guiné-Bissau na educação. Da responsabilidade da FEC, a recolha e analisa de dados reportam-se ao período de 2005 a 2007, cruzando com leituras de documentos nacionais e internacionais da actualidade. Para este policy paper, a autora, Catarina Lopes, contou com uma equipa multidisciplinar como seja Cipriano Santos, Sara Poças, Henrique Lopes, do Centro de Estudos e Investigação Aplicada, Luís Mah do CEsA – Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e Carlos Sangreman Proença, ligados à Guiné-Bissau, ao sector da educação ou ao contexto de desenvolvimento e cooperação. 
Até 2007, as missões católicas geriam parcial ou totalmente uma rede de 82 escolas, em oito das nove regiões do país, 43 de iniciativa comunitária - as escolas de autogestão[6] – e 39 privadas, envolvendo mais de 333 professores num universo global que ascende a mais de 13.471 alunos. Estas escolas são analisadas na perspectiva do seu contributo para uma Educação Para Todos, em termos de acesso, qualidade e igualdade de oportunidades para o sexo feminino. Este policy paper pretende promover a reflexão junto da Igreja Católica e do Governo guineenses, de doadores e de actores da sociedade civil em matéria educativa.

 Fonte: Fundação Evangelização e Culturas


[1] UNESCO 2010
[2] ANCEFA et al 2009
[3] UNESCO 2010
[4] RESEN 2009
[5] Constituição da República da Guiné-Bissau, pela Lei Constitucional 1/93, de 21 de Fevereiro, 2.º Suplemento ao B.O. n. 8 de 21 de Fevereiro de 1993.
[6] Escolas de autogestão são escolas estatais que funcionam em parceria com a comunidade local e as Dioceses de Bissau e Bafatá (anteprojecto 2001) 

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