28 de mar. de 2012

Coletivo pelo Direito à Moradia denuncia incêndios em acampamentos e pede iniciativa das autoridade

Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Fonte: WWW. Adital.com.br
Não bastasse o sofrimento enfrentado pela população haitiana em 12 de janeiro de 2010, quando terremotos estremeceram e destruíram parte do Haiti, os milhares de desabrigados e desabrigadas estão tendo que enfrentar os incêndios criminosos nos acampamentos coletivos da capital, Porto Príncipe. Desde fevereiro, estes incêndios estão amedrontando e vitimando fatalmente adultos e crianças.
O Coletivo pela Defesa do Direito à Moradia no Haiti, formado por sete organizações locais, está tomando a frente desta luta e reivindicando que o Governo Nacional e o local, de Porto Príncipe, se manifestem no sentido de tomar providências imediatas para amparar as vítimas e investigar os crimes. O Coletivo pede que as autoridades velem pela vida e pela segurança da população desabrigada e não fique de braços cruzados enquanto acontecem novos incêndios.
Em comunicado publicado pelo Grupo de Apoio a Repatriados e Refugiados (Garr), organização integrante do Coletivo pela Defesa do Direito à Moradia, de fevereiro até 18 de março já foram registrados, pelos menos, cinco incêndios suspeitos, que vitimaram fatalmente seis pessoas, entre crianças e adultos, e destruíram mais de 160 barracas, deixando dezenas de famílias novamente desabrigadas.
Os integrantes do Coletivo criticam a indiferença e o silêncio das autoridades, que até o momento não se manifestaram para dar assistência às vítimas em perigo ou até mesmo para informar o que está acontecendo e o que vai ser feito para acabar com os episódios de incêndios criminosos. As suspeitas são de que os crimes estão sendo praticados para obrigar os desabrigados a desocuparem os imóveis onde os acampamentos estão montados.
"Nenhuma medida foi tomada pelo comissário do Governo, que frequentemente gosta de recordar sua intenção de estabelecer a ordem, o Comissionado apenas passou instruções para o juiz sobre uma descoberta que poderia ajudar na busca das mãos criminosas que seriam a origem destes incêndios”, criticaram.
O Coletivo assinala a necessidade de brigadas da polícia para reforçar a segurança ao redor dos acampamentos e prevenir outros incêndios, mas aponta que até o momento esta segurança não chegou. Também está pendente o serviço de retirada de novos documentos essenciais como certidão de nascimento e documento de identidade, que viraram cinzas após os incêndios. A obrigação é do Ministério da Justiça, mas este ainda não se manifestou.
"Como membro das Nações Unidas, Haiti tem a ver com as diretrizes que regem as pessoas deslocadas e vítimas de desastres para os quais deve ser garantido direito à vida e à segurança cidadã. As autoridades haitianas têm a responsabilidade de assumir, portanto, suas responsabilidades a respeito”, diz comunicado do Garr.
De imediato, o Coletivo pede que as autoridades de Porto Príncipe coloquem em andamento um plano para deter quaisquer atos criminosos contra os moradores e moradoras dos acampamentos e pede ainda que tomem providências para garantir a segurança das vítimas. Um primeiro passo para resolver os problemas seria conhecer a situação a que os desabrigados e desabrigadas estão expostos.
A população do país, grupos, instituições e organizações de dentro e fora do Haiti também estão sendo chamadas a prestar solidariedade às famílias desabrigadas que desde o 12 de janeiro de 2010 não conseguem ver seu sofrimento ter um fim.

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