Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Fonte: WWW. Adital.com.br
Não bastasse o sofrimento enfrentado pela população haitiana em 12 de
janeiro de 2010, quando terremotos estremeceram e destruíram parte do Haiti, os
milhares de desabrigados e desabrigadas estão tendo que enfrentar os incêndios
criminosos nos acampamentos coletivos da capital, Porto Príncipe. Desde
fevereiro, estes incêndios estão amedrontando e vitimando fatalmente adultos e
crianças.
O Coletivo pela Defesa do Direito à Moradia no Haiti, formado por sete
organizações locais, está tomando a frente desta luta e reivindicando que o
Governo Nacional e o local, de Porto Príncipe, se manifestem no sentido de
tomar providências imediatas para amparar as vítimas e investigar os crimes. O
Coletivo pede que as autoridades velem pela vida e pela segurança da população
desabrigada e não fique de braços cruzados enquanto acontecem novos incêndios.
Em comunicado publicado pelo Grupo de Apoio a Repatriados e Refugiados
(Garr), organização integrante do Coletivo pela Defesa do Direito à Moradia, de
fevereiro até 18 de março já foram registrados, pelos menos, cinco incêndios
suspeitos, que vitimaram fatalmente seis pessoas, entre crianças e adultos, e
destruíram mais de 160 barracas, deixando dezenas de famílias novamente
desabrigadas.
Os integrantes do Coletivo criticam a indiferença e o silêncio das
autoridades, que até o momento não se manifestaram para dar assistência às
vítimas em perigo ou até mesmo para informar o que está acontecendo e o que vai
ser feito para acabar com os episódios de incêndios criminosos. As suspeitas
são de que os crimes estão sendo praticados para obrigar os desabrigados a
desocuparem os imóveis onde os acampamentos estão montados.
"Nenhuma medida foi tomada pelo comissário do Governo, que
frequentemente gosta de recordar sua intenção de estabelecer a ordem, o
Comissionado apenas passou instruções para o juiz sobre uma descoberta que
poderia ajudar na busca das mãos criminosas que seriam a origem destes
incêndios”, criticaram.
O Coletivo assinala a necessidade de brigadas da polícia para reforçar a
segurança ao redor dos acampamentos e prevenir outros incêndios, mas aponta que
até o momento esta segurança não chegou. Também está pendente o serviço de
retirada de novos documentos essenciais como certidão de nascimento e documento
de identidade, que viraram cinzas após os incêndios. A obrigação é do
Ministério da Justiça, mas este ainda não se manifestou.
"Como membro das Nações Unidas, Haiti tem a ver com as diretrizes que
regem as pessoas deslocadas e vítimas de desastres para os quais deve ser
garantido direito à vida e à segurança cidadã. As autoridades haitianas têm a responsabilidade
de assumir, portanto, suas responsabilidades a respeito”, diz comunicado do
Garr.
De imediato, o Coletivo pede que as autoridades de Porto Príncipe
coloquem em andamento um plano para deter quaisquer atos criminosos contra os
moradores e moradoras dos acampamentos e pede ainda que tomem providências para
garantir a segurança das vítimas. Um primeiro passo para resolver os problemas
seria conhecer a situação a que os desabrigados e desabrigadas estão expostos.
A população do país, grupos, instituições e organizações de dentro e
fora do Haiti também estão sendo chamadas a prestar solidariedade às famílias
desabrigadas que desde o 12 de janeiro de 2010 não conseguem ver seu sofrimento
ter um fim.
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