23 de abr. de 2012

Indústrias do petróleo e da guerra tomam o Ártico aproveitando o aquecimento global

Países europeus e americanos com territórios na zona Ártica estão a multiplicar exercícios militares conjuntos, antecipando as alterações climáticas e preparando a proteção das rotas navais que serão abertas até 2030 e rentabilizarão a exploração de petróleo e gás natural já em curso.
Indústrias do petróleo e da guerra tomam o Árctico aproveitando o aquecimento global
Segundo os dados da US Geological Survey, cerca de 13 por cento das reservas de petróleo e 30 por cento das reservas de gás natural ainda desconhecidas no mundo estarão na zona Ártica, até agora difícieis de pesquisar e explorar devido às condições naturais.
O aquecimento global abre uma "janela de oportunidade", segundo militares e técnicos da indústria petrolífera norte-americana citados pelas agências internacionais, porque vai tornar mais benignas as condições de investigação e trabalho e permitirá abrir rotas regulares à navegação.
A Noruega acolheu em Março os exercícios militares "Resposta Fria" que envolveram mais de 16 mil operacionais de 14 países e respectivo equipamento terrestre, naval e aéreo numa acção de "elevada intensidade". Tratou-se, segundo os organizadores, de fazer face a "ameaças terroristas".
Dois meses antes a Dinamarca, os Estados Unidos e o Canadá tinham feito exercícios conjuntos e debatido com altos comandos dos países de toda a zona Ártica, incluindo a Rússia, as questões de segurança na região. A reunião decorreu numa base militar canadiana.
A abertura de rotas do petróleo, agora em direcção ao Norte profundo, beneficiando das novas condições de acesso proporcionadas pelo degelo contínuo decorrente do aquecimento global ajuda a explicar, segundo analistas citados pelas agências internacionais, muita da falta de empenho das grandes potências no combate às alterações climáticas e os sucessivos fracassos das cimeiras da ONU. Para a indústria petrolífera e a indústria militar que a sustenta, o aquecimento global é uma questão irreversível. E as actividades industriais e militares em zonas sensíveis aceleram-no.
Artigo originalmente publicado originalmente no site do grupo parlamentar europeu.

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