Países europeus e americanos com territórios na
zona Ártica estão a multiplicar exercícios militares conjuntos,
antecipando as alterações climáticas e preparando a proteção das rotas
navais que serão abertas até 2030 e rentabilizarão a exploração de
petróleo e gás natural já em curso.

Segundo os dados da US Geological Survey, cerca de 13 por cento das
reservas de petróleo e 30 por cento das reservas de gás natural ainda
desconhecidas no mundo estarão na zona Ártica, até agora difícieis de
pesquisar e explorar devido às condições naturais.
O aquecimento global abre uma "janela de oportunidade", segundo
militares e técnicos da indústria petrolífera norte-americana citados
pelas agências internacionais, porque vai tornar mais benignas as
condições de investigação e trabalho e permitirá abrir rotas regulares à
navegação.
A Noruega acolheu em Março os exercícios militares "Resposta Fria" que
envolveram mais de 16 mil operacionais de 14 países e respectivo
equipamento terrestre, naval e aéreo numa acção de "elevada
intensidade". Tratou-se, segundo os organizadores, de fazer face a
"ameaças terroristas".
Dois meses antes a Dinamarca, os Estados Unidos e o Canadá tinham feito
exercícios conjuntos e debatido com altos comandos dos países de toda a
zona Ártica, incluindo a Rússia, as questões de segurança na região. A
reunião decorreu numa base militar canadiana.
A abertura de rotas do petróleo, agora em direcção ao Norte profundo,
beneficiando das novas condições de acesso proporcionadas pelo degelo
contínuo decorrente do aquecimento global ajuda a explicar, segundo
analistas citados pelas agências internacionais, muita da falta de
empenho das grandes potências no combate às alterações climáticas e os
sucessivos fracassos das cimeiras da ONU. Para a indústria petrolífera e
a indústria militar que a sustenta, o aquecimento global é uma questão
irreversível. E as actividades industriais e militares em zonas
sensíveis aceleram-no.
Artigo originalmente publicado originalmente no site do grupo parlamentar europeu.
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