Júlio Lázaro Torma*
* Membro da Equipe da Pastoral Operária Arquidiocesana, Pelotas /RS
Estamos no estado do Rio Grande do Sul, passando por um período de estiagem que dura sete meses.
Mesmo em regiões ricas em
águas,como o município de Pelotas os efeitos da estiagem se fazem
presente, como o racionamento de água no perímetro urbano,bem como o uso
de caminhões pipas na área rural do município.
Se de um lado vemos
o
racionamento de água em domicílios das áreas da periferia da cidade,
encontramos o desperdício de água na lavagem de automoveis nos lava
jatos,postos de gasolina,tubulações quebradas,bem como nas áreas
centrais e nobres do município e adjacências.
A seca é um fenômeno
natural que esta presente desde os primórdios, com os avanços
tecnológicos na meteorologia,podemos até nos previnir, algo em que não
tem acontecido.
As freqüêntes secas que a cada ano tem atingido o
estado do Rio Grande do Sul um dos principais estados agrícolas do país,
onde grande parte dos municípios tem a raiz econômica na agricultura e
pecuária.
A seca não é apenas um fenômeno natural, mas está ligado
ao modelo agrícola que vem dominando o Brasil e mundo há décadas.Este
modelo capitalista, machista e patriarcal que se sustenta através do
latifúndio,da monocultura de exportação,da priorização financeira as
multinacionais e grandes empresas que detém o controle das
sementes,das máquinas, dos agrotóxicos, da alta tecnologia e
inclusive,do processamento dos alimentos e da produção de medicamento.
Além do hidronegócio que tem se adonado dos mananciais e do mar expulsando as comunidades ribeirinhas e pesqueiras.
Temos visto o avanço descontrolado do agronegócio sobre o pampa,através
das empresas de florestamento( pinus,acasias,eucalipto), como a
fruticultura,monocultura de soja que tem causado sérios desequilíbrios
sócio-ambientais, como a expulsão de camponeses de seus locais de
moradia.
Bem como o assoreamento de rios,arroios e a destruição de
nascentes,que tem causado a fome, miséria e pobreza,bem como o
aparecimento de doenças.O atual modelo de desenvolvimento tem causado o
desaparecimento também de espécies de animais e plantas,causando sérios
desequilíbrios ecológicos que tem afetado a
população rural dos pequenos, médios municípios, como dos municipios
pólos e metropolitanos.
O modelo econômico de desenvolvimento da
região tão defendido pelas autoridades políticas, setores empresariais e
ruralistas é o responsavel pela crescente seca.
Ao mesmo tempo em
que vemos o descaso dos políticos perante as situações de emergências no
campo, como a seca, onde recorrem a medidas paliativas, para resolver a
problemática em beneficio da monocultura e salvar os bancos e as
empresas transnacionais, grandes proprietários rurais para que não
tenham prejuisos.
Vemos que tais benefícios não ajudam os
camponeses,pois tais projetos,autoridades e entidades desconhecem a
realidade camponesa, como a perda da produção agrícola,falta de água, a
perda das sementes e a biodiversidade.
Que faz com que os camponeses/as ficam mais empobrecidos e tendo que migrar para as cidades pólos enchendo os
bolsões de miséria e o desemprego.
A questão da seca podemos
resolver mudando o atual modelo ecônomico, como garantindo o acesso a
terra, água e a preservação da biodiversidade( sementes, mananciais de
água,animais e plantas nativas), pelas populações camponesas.
A questão da seca é política e só resolveremos quando mudarmos o modelo econômico e tivermos um outro mundo possível e necessario.
____* Membro da Equipe da Pastoral Operária Arquidiocesana, Pelotas /RS
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