14 de jul. de 2012

Descoberta abre novas perspectivas, afirma jesuíta astrônomo

A descoberta de uma nova partícula subatômica – o chamado bóson de Higgs – pode ajudar os cientistas a descobrir como a estrutura oculta de toda a matéria do universo funciona, disse um astrônomo do Vaticano. "Isso indica que a realidade é mais profunda e mais rica e estranha do que a nossa vida cotidiana", disse o irmão jesuíta norte-americano Guy Consolmagno.
Quando as pessoas fazem seus trabalhos diários ou relaxam, elas não pensam sobre os menores blocos constituintes da matéria física, mas, "sem essas pequenas coisas subjacentes, nós não estaríamos aqui", afirmou.
Os físicos que trabalham com o Grande Colisor de Hádrons do CERN, o laboratório da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear em Genebra, anunciaram no dia 4 de julho que estavam 99,999% certos de terem encontrado evidências de uma nova partícula que pode ser a chave para a estrutura do universo e para compreender a natureza.
O físico britânico Peter Higgs hipotetizou pela primeira vez a existência da partícula nos anos 1960 como o último elemento faltante de um quadro chamado Modelo Padrão, que explica como as partículas e as forças subatômicas interagem.
Ao longo das décadas, com a ajuda de aceleradores de partículas de alta energia cada vez mais poderosos e sofisticados, os cientistas procuram pela composição dos átomos, pela composição dos menores componentes dos átomos, pela natureza desses menores componentes, e assim por diante, disse o Ir. Consolmagno.
Mas não está claro por que alguns materiais, como os prótons e os elétrons, têm massa e, portanto, são atraídos uns aos outros pela gravidade, enquanto outros materiais, como os fótons, não têm massa, explicou.
"Higgs, há 50 anos, elaborou um modelo chamado de Modelo Padrão, que forneceria razões para a atração e para explicar por que há massa", disse o jesuíta.
Higgs previu que, se existe uma partícula que produz o efeito da massa, ela deveria ser "visível" depois que dois átomos fossem esmagados juntos em velocidades suficientemente altas.
Os experimentos no CERN revelaram que "há algo que parece ser o bóson de Higgs", comentou o Ir. Consolmagno. Os novos dados "serão usados para testar o Modelo Padrão e como as partículas subatômicas funcionam", disse.
O bóson de Higgs foi apelidado de "partícula de Deus" como "uma piada" em uma tentativa de retratar a partícula como "quase um presente de Deus para ajudar a explicar como a realidade funciona no mundo subatômico", disse. Como se acredita que a partícula é o que dá massa à matéria, foi-lhe atribuído o status divino de ser capaz de criar algo do nada.
Mas essas conjeturas sobre um "Deus das lacunas" não são apenas más razões para acreditar em Deus, mas também são má ciência, disse o Ir. Consolmagno. "Você vai parecer tolo em 2050, digamos, quando descobrirem a verdadeira razão" para um fenômeno que foi explicado anteriormente como a mão de Deus, disse.
No entanto, outro tipo de fé e de esperança realmente existem na comunidade científica, afirmou o jesuíta. "Ninguém teria construído essa enorme experiência", unindo o tempo e o talento de milhares de cientistas de todo o mundo, "sem fé de que iriam encontrar algo", disse.
"Minha crença em Deus me dá a coragem de olhar para o universo físico e esperar encontrar ordem e beleza", afirmou. "É a minha fé que me inspira a fazer ciência".
A reportagem é de Carol Glatz, publicada no sítio Catholic News Service, 08-07-2012.
fonte: Dom Total

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