Autor: Alex Kirby -
Fonte: http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=735473
Fonte: Climate News Network
Parte da floresta tropical amazônica pode ser mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas do que se pensava anteriormente, afirma estudo

A equipe de pesquisa, liderada pela professora Rong Fu, da
Universidade do Texas, afirma que isso é porque a floresta está
‘secando’ muito mais rapidamente do que o previsto.
O grupo usou medições de precipitação terrestre das últimas três
décadas. Os resultados mostraram que, desde 1979, a estação seca no sul
da Amazônia durou cerca de uma semana a mais em cada década.
Ao mesmo tempo, a estação anual de incêndios se tornou maior. Os
pesquisadores colocam que a explicação mais provável para as estações
secas cada vez mais longas é o aquecimento global.
“A estação seca no sul da Amazônia já restringe a manutenção da
floresta”, observou a professora Fu. “Em algum momento, se ela se tornar
longa demais, a floresta tropical atingirá um ponto crítico.”
Ela comentou que a duração da estação seca é o fator climático mais
importante que controla o sul da floresta tropical amazônica. Se a
estação for muito longa, a floresta não sobreviverá.
Se o dano for suficientemente severo, os pesquisadores declaram que a perda da
floresta tropical pode emitir um grande volume de dióxido de carbono
para a atmosfera, e pode também prejudicar comunidades de plantas e
animais em uma das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo. O
estudo foi divulgado no Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os novos resultados também contrastam com as previsões feitas pelos
modelos usados pelo IPCC: mesmo sob cenários futuros em que os gases do
efeito estufa aumentem dramaticamente, esses modelos preveem que a
estação seca do sul da Amazônia será no máximo dez dias mais longa até o
final do século, e que o risco de perecimento da floresta tropical
induzido pelas mudanças climáticas deve, portanto, ser relativamente
baixo.
Chuva limitada
A professora Fu e seus colegas dizem que a água armazenada no solo
florestal ao final de cada estação úmida é o que as árvores têm para
sobreviver nos meses secos. Quanto mais durarem os meses secos –
independentemente de quão úmida foi a estação das chuvas – mais
estressadas as árvores se tornam e mais suscetíveis elas ficam a
incêndios florestais.
Eles afirmam que a explicação mais provável para a extensão da
estação seca nas últimas décadas é o aquecimento global causado pelo
homem, que inibe as chuvas de duas formas: Torna mais difícil para o ar
quente e seco perto da superfície subir e se misturar com o frio e úmido
acima; e bloqueia as incursões de frentes de clima frio de fora dos
trópicos que poderiam desencadear a precipitação.
A equipe declara que os modelos climáticos do IPCC representam mal
esses processos, o que pode explicar por que eles preveem uma estação
seca amazônica apenas um pouco mais longa.
A floresta tropical amazônica normalmente age como um sumidouro de
carbono, capturando CO2 atmosférico e armazenando-o. Mas, durante uma
severa seca em 2005, isso se inverteu, liberando um petagrama de carbono
(um bilhão de toneladas – cerca de um decimo das emissões humanas
anuais) para a atmosfera.
Fu e seus colegas estimam que se as estações secas continuarem a se
alongar a apenas metade da taxa vista nas últimas décadas, a seca de
2005 na Amazônia pode se tornar a norma em vez da exceção até o final
deste século.
Alguns cientistas acreditam que a combinação de estações secas mais
longas, temperaturas superficiais mais altas e florestas mais
fragmentadas causadas pelo desmatamento pode eventualmente converter
muito do sul da Amazônia de floresta tropical em savana.
Já que a Amazônia norte-ocidental tem muito mais precipitação e uma
estação seca mais curta do que a sul, os pesquisadores acreditam que
essa região é muito menos vulnerável às mudanças climáticas.
Traduzido por Jéssica LipinskiLeia o original no Climate News Network (inglês)
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