25 de out. de 2013

Deus não faz distinções

                                          Júlio Lázaro Torma*
                                                " Pois todo o que se exaltar será humilhado,
                                                  e quem se humilhar será exaltado" ( Lc 18,14)
   O Evangelista Lucas, nos fala nos critérios para acolher o Reino de Deus, em nossa vida. Pois o Reino é algo invisível.Mas o nosso ingresso se dá mediante a nossa prática.
    Jesus nos conta uma Parábola do " FARISEU E DO PUBLICANO" ( Lc 18,10-14), para  '' alguns que se vangloriavam como se fossem os justos e desprezavam os outros" ( Lc 18,9).
   A prática da justiça não é o dever de alguns, mas é um dever de todos.No mundo semita antigo,o rei devia governar o povo com justiça e defender os mais necessitados entre o povo.
   Jesus Ben Sirac ( 190-124 a.C), escreve para a juventude burguesa de Jerusalém, como eles deveriam se comportar e acolher os mais pobres.
    Não se deve manipular Deus, colocando de seu lado para justificar a injustiça.Pois o grito do pobre chega até Deus e Deus se coloca ao  lado dele e restabelece a justiça( Eclo 35, 15b-17.20-22a).
   Na parábola não sabemos se  Lucas, crítica os fariseus de seu tempo ou se eram da época de Jesus. Os fariseus eram pessoas religiosas, que práticavam todos os rituais sagrados e viviam no templo rezando.
   E se consideravam os puros,os honestos, melhores do que os outros, se separavam do povo e criticavam os outros por não seguirem a forma de vida deles.
   Os publicanos eram colaboradores das tropas de ocupação romana, eram mau visto pelo povo por causa da desonestidade,sonegação, corrupção e extorquíam o povo na cobrança de taxas de impostos e enriqueciam rapidamente, como fala Zaqueu.
    " Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e,se tiver de fraudado alguém, restituirei o quádruplo" ( Lc 19,8).
      Os fariseus se declaravam uma seita ( secta= separados) e desprezavam os outros por não cumprir a Pureza ritual e as mais de 600 leis com aplicação minuciosa.
      Jesus olha o homem além das aparências, ele olha com olhos de oração,pois sua vida era uma constante oração. Elee práticava o que falava e ao mesmo tempo o que ele rezava ao Pai.
    Não basta ser perseverante e insistente.É preciso reconhecer e confessar a própria pequenez, recorrendo a misericórdia de Deus. De nada adianta o homem justificar a si mesmo,pois a justificação é dom de Deus.
    Julgamos a pessoa pela aparência, se for uma pessoa bonita, bem vestida, de dinheiro ou por que é fulano ou ciclano, lhe tratamos bem. E desprezamos aquele que está mau vestido, sem dinheiro e até temos medo dele.
    Muitas pessoas porque tem poses, cargos ou é  parente de autoridades( primos, tios), se acham que são melhores do que os outros e se dão o direto de humilhar e desprezar os outros.
 E falam " sabe com quem você esta falando?", como se isso fosse critério, algo bom e que dá status.
   Exercer função pública na política ou eclesial não é algo de exaltação, mas é um serviço,onde eu me torno o menor para bem poder servir o outro.
    Não devemos condenar o outro por não praticar os rituais sagrados em que praticamos ou por não participar da comunidade, não ter a mesma orientação sexual em que temos.
    Pois nós não somos melhores do que aqueles que nós criticamos e condenamos. Nos achando que por vivermos dentro da igreja somos melhores do que os outros, por que tenho dinheiro, cargo sou melhor do que os outros, sou melhor do que um ateu, agnóstico.
    Diante de uma pergunta de um jornalista,o Papa Francisco respondeu:" Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julga-la?"
    Sua resposta suprende a todos. Ao parecer nada se esperava de uma resposta tão sensivel e evangélica de um Papa Católico. Sem embargo essa é a atitude de quem vive em verdade diante de Deus.
   Pois ele olha com os olhos da fé, quem tem fé não faz distinção de pessoa vê no outro,como outro eu, como um irmão, filho de um mesmo Pai.Lc  18,9-14
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  * Membro do Colegiado da Pastoral Operária Nacional

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