11 de mar. de 2014

Fraternidade e o Tráfico Humano


                         Júlio Lázaro Torma*
                        " É para a Liberdade que Cristo nos libertou"
                                                             ( Gl 5,1)
  A CNBB  neste ano escolheu o Enfrentamento do Tráfico Humano como tema da Campanha da Fraternidade, e o lema:" É para a Liberdade que Cristo nos libertou"( Gl 5,1). No irmão traficado, na irmã escravizada, é a nossa própria filiação divina que é negada e destruída.
  Pois todos nós direta ou indiretamente somos atingidos por esta chaga, como a pergunta de Deus a Caim: " Onde está o teu irmão?" ( Gn 3,9). É a pergunta que Deus nós faz diante da dor, do sofrimento e do clamor de milhões de vítimas do tráfico humano.
  O tráfico humano, não é algo distante de nós é algo que ocorre próximo de nós e que nenhum de nós está livre de cair nesta armadilha e ser vítima dos agenciadores, aliciadores que oferecem um paraíso as vítimas.  
  O tráfico humano atinge todas as camadas sociais desde as populações pobres até as classes médias e alta.
  Ao lutar contra o tráfico humano, estamos lutando para destruir pela raiz um sistema que transforma seres humanos em coisas, mercadorias, tirando lhe a sua própria dignidade e filiação divina. O sistema capitalista transformou pessoas em mercadorias e lhes tirou a sua humanidade.
  Muitas pessoas caem nas armadilhas dos aliciadores em busca de uma vida melhor, oferecida pela sociedade de consumo, que fala que o ser humano só é " feliz" e " livre", se ele consumir e viver segundo os padrões da sociedade de consumo.
  Nós inconscientemente acabamos justificando o tráfico ao dizer" melhor ter qualquer tipo de emprego do que nenhum". Ai a pessoa em situação de vulnerabilidade social acaba aceitando estas propostas.
  Segundo a Organização Internacional do Trabalho ( OIT), o tráfico humano envolve no mundo de hoje cerca de 21,7 milhões de vítimas como homens e mulheres em exploração sexual e no trabalho forçado.
  Onde as vítimas ao serem aliciadas vão trabalhar em locais insalubres, devendo para o aliciador que lhes tira os documentos. As vítimas são aliciadas através das redes sociais, agencias de emprego, de modelo, escolinhas de futebol, bem como através de bares e boates. Que lhes oferece um emprego melhor em outros locais.
  As vítimas são homens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos, usados na prostituição, pornografia, tráfico de orgãos. Como em trabalhos precários na construção civil, indústria textel, agronegócio.Os adolescentes e crianças aliciados para trabalho infantil, doméstico,pedofilia, prostituição,adoção ilegal e retirada de órgãos. Idosos aliciados para a retirada de órgãos e indústria pornográfica.
  O Brasil é um dos países que mais tem rotas de tráfico humano, de redes internacionais, pelas suas dimensões continentais e em algumas regiões ele chega ser camuflado.
  As redes de tráfico humano estão enraizadas na sociedade brasileira, como no caso da rede hoteleira que chega a promover o turismo sexual,empresários, latifundiários, bem como de políticos e partidos políticos que se beneficiam com o tráfico humano, que beneficia as suas campanhas eleitorais.
  O tráfico humano que tira a liberdade e a dignidade das pessoas, submetidas em situação degradante ou trabalho forçados, vêm sendo negadas, em beneficio do lucro de traficantes: os exploradores e seus intermediários.
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    * Membro do Colegiado  Nacional da Pastoral Operária

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