Júlio Lázaro Torma*
" O que é que
vocês andam conversando pelo caminho."
( Lc 24,17)
Estamos, fazendo o " Caminho da Páscoa", onde neste final de semana somos chamados a meditar sobre os " Discípulos de
Emaús".
A Páscoa celebramos todo o ano. Mas temos uma época especial para
celebrarmos a Páscoa da Ressurreição que é este tempo que nos separa o
domingo da Páscoa de Pentecostes.
As comunidades lucanas nos apresentam um fato inédito na qual só elas
narram, no seu evangelho que é a caminhada de Jesus Ressuscitado, com
dois discípulos para a aldeia de Emaús.
Os discípulos após os trágicos episódios envolvendo Jesus,
onde acontece a derrota final de sua vida e de seu programa, retornam
para o seu lar e a sua vida cotidiana. Onde tudo agora acabou e que
Jesus foi um eterno fracasso, que eles haviam sido enganados.
Os dois caminham desolados pelo caminho,segundo alguns exegetas,
poderiam ser um casal, Cléofas e Maria ( Jo 19,25), o discípulo anônimo
que caminha pela estrada em destino a Emaús.
Jesus se faz presente no meio deles como um simples peregrino e caminha com eles, um pouco
recordando um dos nomes do movimento de Jesus que era o " Caminho" ( At 9,2).
No caminho Jesus faz uma pequena celebração da Palavra, Homília, onde
ele fala do seu sofrimento, retomando tudo o que havia sido dito sobre
ele nas Escrituras, na Thorá e nos Profetas. E com eles reparte o pão
fazendo o grande gesto da partilha da última ceia pascal( Lc 22,19).
Assim como nos mostra a pintura do pintor Rembrandt Harmenzoon van Rijn ( 1606-1669), onde nos apresenta na obra " Estrada
para Emaús" ( 1640), Jesus caminhando ladeado por dois discípulos um do seu tempo e outro do século XVI.
Na qual quer nos dizer que ele caminha conosco, com a Igreja até o fim dos tempos.
Os discípulos estavam como cegos, não percebiam a presença do
Ressuscitado que se faz peregrino no meio deles, uma das exigências das
comunidades cristãs eram e é acolhida a quem chega, principalmente do
migrante, estrangeiro ( Mt 25,31-46).
Aqui a comunidade encontra e faz a experiência do Cristo Ressuscitado,
que está presente no nosso meio. Quando escuta a Palavra de Deus ( Lc
24,25-27) e quando Reparte o Pão ( Lc 24,30), e a sua presença anima a
comunidade e faz após se reanimar, fortalecer na mesa da Palavra e da
Eucaristia, ser uma Igreja Missionária.
Assim como em forma física Jesus, enviou os discípulos de dois a dois a
evangelizar( Lc 10,1-20), agora os discípulos de Emaús vão reanimar a
comunidade de Jerusalém.Toda a comunidade após fazer a sua experiência
do Ressuscitado é chamada a dar o seu testemunho ir ao encontro do
outro, da periferia, daqueles que a desesperança se
abateu.
Nós não devemos esconder, privatizar a Boa Nova da Ressurreição, mas
anunciar a alegria da vida Nova do ressuscitado a toda a humanidade sem
fazer distinção de pessoa, credo, cultura ou nacionalidade.
Jesus se revela na comunidade, e como comunidade devemos seguir
caminhando até a sua volta; Emaús não é a última parada, mas sim a
continuação da caminhada e ela se torna mais fácil quando fazemos juntos
e em comunidade.
Lc 24,13-35
_________________________________
* Membro do Colégiado Nacional da Pastoral Operária
Nenhum comentário:
Postar um comentário