18 de mar. de 2012

Olhar o Crucificado

Júlio Lázaro Torma*
  Neste final de semana, celebramos o IV Domingo da Quaresma, o " domingo da alegria", segundo o Padre Raymond Gravel.
  Onde neste final de semana, damos uma parada diante da cruz, cruz está sinal de dor,sofrimento, tortura e morte, se converte em sinal de Ressurreição, Vitória e Vida Nova.
  O Evangelista João, após relatar a expulsão dos vendedores do Templo por Jesus.Nos fala de Nicodemos um fariseu, membro do Sinédrio, homem importante que ocupava um dos 71 assentos do conselho político e religioso de Israel.
  A comunidade joanina, nos relata que Nicodemos vai conversar com Jesus á noite.O Evangelho de João foi escrito em fins do século I,pelos anos de 90-100 d.C.
  Período este marcado por grandes perseguições as comunidades cristãs, onde havia cristãos que abraçavam radicalmente a causa e o projeto de Jesus Cristo e viviam até as últimas conseqüências, sofrendo o martírio.E havia aqueles que aderiam a causa e o projeto de Jesus Cristo, mas não se expunham as claras.
  Como o caso de Nicodemos que era um homem influente na sociedade judaica ( Jo 3,1-21;7,50;19,39), segundo a tradição fez-se cristão e foi expulso do Sinédrio e de Jerusalém.
  Nicodemos vai á noite, momento em que toda a cidade dorme, escondido para que ninguém saiba,o encontre ou veja.
  Ele tem fé em Jesus, vai a noite de modo privativo, para não correr o risco de ser ridicularizado, desprezado, excluído pelos seus pares e nem pela classe social na qual pertence.Não quer perder o seu status na sociedade, principalmente sabendo que seus pares desprezam Jesus e o povo que o escuta:
  "Essa gentalha, que não conhece a Lei, é maldita" ( Jo 7, 49).
   Nicodemos representa aquele cristão que adere a fé, mas que a cultiva no intimo, que não se expõe em público, com medo de ser escarnecido nos ambientes sociais em que freqüenta.
  Assim como nas classes abastadas, encontramos pessoas que são contra e desprezam a causa de Cristo e a luta dos pobres, como aqueles que as escondidas abraçam a causa de Cristo e a luta do povo pobre e excluído.
  Nicodemos inicia a conversa com Jesus e ele deixa Jesus falar como nos mostra os fragmentos de 14-21.
  Jesus fala que o " Filho do Homem vai ser levantado",como aconteceu com a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto, num poste, após a rebelião do povo e este ser picado pelas cobras, olhava a serpente e ficava curado" ( Nm 21,8-9).
  " Do mesmo modo aquele que olhar para Cristo crucificado curar-se da culpa" ( Santo Agostinho).
  Assim acontecerá com a humanidade envolta no pecado pessoal e social, que ao olhar para Cristo crucificado no " lenho da cruz na qual pendeu a Salvação do mundo".
  A Cruz se torna árvore da vida, diferente da outrora árvore da " ciência do bem e do mal" do Éden ( Gn 2, 17;3,1-23), que se converteu em árvore da morte e do pecado.
  Ao olharmos o crucificado nú, nos lembramos que ele para nos salvar, se humilhou, se esvaziou por nós, das mãos que acariciavam as crianças, levantou os doentes, mortos, tocou nos leprosos, curou os cegos, surdo-mudo, esta estendida e pregadas na cruz.
  Aqueles pés que caminharam pelos campos, caminhos,desertos, montes, cidades, aldeias, mar,entrou nas casas, sinagogas,no Templo, foram lavados e beija dos pela pecadora, está pregado na cruz para nos libertar e toda a criação do pecado.
  "  Deus não enviou o seu Único Filho ao mundo para o  condena-lo, mas para que o mundo seja,salvo por ele".
  Ao mesmo tempo que Deus nos ama e nós dá a graça de sermos salvos, por Amor nós da a liberdade de escolha, de participarmos ou não da  salvação, da nova criação, como nos escreve Paulo, " quando estávamos mortos em conseqüência de nossos pecados, deu nos a vida juntamente com Cristo-é por graça que fostes salvo!" ( Ef 2,5).
  Como nos diz a bela canção de Martin Valverde, cantada em nossas comunidades:
  " Ninguém te ama como eu/ Olhe pra cruz esta é a minha grande prova/Ninguém te ama como eu/ Olhe pra cruz, foi por ti, Porque te amo/ Ninguém te ama como eu."
   Ou terminando, como nos escrevia o filósofo Braise Pascal:'' Tu não me encontrarias,se tu não me tivesses encontrado".
Jo 3, 14-21
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 * Membro da Equipe da Pastoral Operária ( Arquidiocese de Pelotas /RS)

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