8 de jun. de 2013

Juventude chamada a viver

                       Júlio Lázaro Torma*
                       " Jovem, eu te ordeno, levanta-te!"
                                                     ( Lc 7,14)
  Neste final de semana em nossas comunidades cristãs, somos chamados a ler, escutar, meditar e rezar o Evangelho de Lucas sobre o Filho da Viúva de Naim.
  O episódio do filho de uma viúva de Naim é um fato inédito só encontrado no evangelho de Lucas.
  A ressurreição do jovem acontece no povoado de Naim, próximo a Nazaré,onde Jesus estando caminhando entra no povoado. No caminho se encontram dois cortejos, duas procissões, a de Jesus ( vida),seguido pelos seus discípulos e o povo.
  Do outro lado um fúnebre que seguia para fora da cidade,para enterrar um jovem filho único de uma viúva,neste cortejo dos sem esperança, sem vida;seguia a mãe,parentes e vizinhos.
  A viúva era marginalizada na sociedade de seu tempo, morto o marido, era responsabilidade dos filhos cuidar da mãe.A mulher de Naim após passar por duras penas e sofrimento de carácter sócio-econômico, como ser excluída por ser mulher e viúva, agora tem o seu único filho morto em seus braços e terá que leva-lo a sepultura.
  A pobre mulher agora está abandonada a própria sorte, sem ter ninguém que á cuide.Ela está condenada a marginalização e á viver mendigando,dependendo da boa vontade de seus vizinhos.
  Jesus vê o cortejo e o sofrimento da pobre mãe do rapaz e a socorre como fez o outrora profeta Elias em casa da viúva de Serepta de Sidon ( IRs 17,7-24).Onde o profeta dá vida ao filho da pobre viúva.
  Onde o gesto de Jesus, nos lembra que Deus " escuta o clamor e vê o sofrimento do povo"( Ex 3,7) e que é " o pai dos órfãos e o protetor das viúvas"( Sl 68,6).
  Jesus quebra as regras ao tocar no rapaz morto, pois ao tocar num cadáver era considerado impuro ( Nm 19,11.16).
  Jesus vai ao encontro do cortejo dos sem esperança e dos sem vida, se envolve nos dramas humanos e dá vida aquele jovem e aquela mãe que sofre diante da morte prematura de seu único rebento.
  Estamos vivendo em nossa época um extermínio diário da nossa juventude que é vitima dos planos sinistros de morte dos dragões da sociedade e do sistema capitalista mundial.
  Sistema esse que mata milhares de jovens através do consumismo desenfreado, da drogadição, da precarização do mundo do trabalho.
  Da falta de perspectiva de vida em que leva muitos jovens a caminho sem volta, como a criminalidade, onde eles são usados como máquinas para matar e serem mortos.
  Se fala em redução da idade penal, discurso perigoso, na qual nada é do que jogar menores no precário sistema prisional que não ressocializa ninguém e que fara com que aumente cada fez mais os soldados do exercito de reserva do narcotráfico internacional.
  Redução da idade penal é a desculpa das elites para acobertar e desviar a atenção popular diante de sua irresponsabilidade,pela execução de um modelo fracassado de sociedade que não incluí os milhares de condenados a exclusão social,que é em sua maioria negros e pobres de nossas periferias.
  Hoje vemos mães que " gritando qual loucas/ Antes que fiquem tão roucas/digam aonde acharão seus filhos mortos,levados na noite da tirania" , condenados a uma não vida,choram qual roucas e não são escutadas em sua dor ( Lm 1,12.16).
  Jesus manda o jovem " levantar", " ressuscitar", dar a vida.Ele a fonte de vida,da vida e esperança,vai ao encontro daquele que sofre e que não tem mais esperanças.
  Como cristãos e cristãs, discípulo/as e missionários/as, devemos ir ao encontro daqueles que sofrem,da juventude que está como ossos secos ( Ez 37,1-14), sem perspectiva de vida e que nos grita a dura realidade de sua dor e de suas famílias, devemos exigir dos poderes públicos serviçais dos interesses do capital financeiro internacional, políticas públicas para a juventude,para que esta tenha de fato uma vida digna.
  Pois só assim nós cristãos e cristãs seremos de fato sinais da presença viva e amorosa de Deus em nosso meio.
      Bom Final de semana e Boas meditações
                      Lc 7,11-17
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   * Membro do Colegiado Nacional da Pastoral Operária

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