Um grupo de investigadores destaca que há cada
vez mais dados que comprovam que as emissões de gases do efeito de
estufa resultantes das atividades humanas são uma das causas das
mudanças climáticas.
Investigadores
do Grupo Earth League, que reúne alguns dos mais renomados
climatologistas do planeta, atestam que as mudanças climáticas são
antropogénicas.
A poucos dias de o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC) publicar o seu novo relatório, investigadores do Grupo Earth
League, que reúne alguns dos mais renomados climatologistas do planeta,
atestam que as mudanças climáticas são antropogénicas.
Segundo a declaração
dos estudiosos, as evidências de que o aquecimento global é causado ou
influenciado pelo homem são “esmagadoras”: dos quase 14 mil artigos
climáticos publicados sobre o aquecimento global, apenas 24 negavam o
fenómeno ou que as suas causas eram provenientes da ação humana.

Para o Earth League, mesmo um aquecimento de 2ºC, ou seja, aquele
delimitado internacionalmente como "seguro", pode trazer consequências
mais sérias do que as previstas anteriormente: até 2300, o aumento do
nível do mar poderia chegar a 2,7 metros em relação à altura atual –
entre outras consequências.
O grupo afirma que, se os seres humanos continuarem a não agir, usando
combustíveis fósseis e não limitando as emissões de gases do efeito de
estufa, o mundo pode chegar a um aquecimento de 4ºC até o final do
século ou até antes.
E esse aquecimento médio de 4ºC poderia significar consequências ainda
mais graves para algumas regiões como, por exemplo, os polos, que
costumam concentrar o calor absorvido pelo planeta. De acordo com os
pesquisadores, nessas regiões o aquecimento poderia chegar a 8ºC, tendo
grandes impactos nas massas continentais da América do Norte e Eurásia.
A declaração do grupo continua, afirmando que esse aquecimento de 4ºC
mudaria dramaticamente a Terra, e alguns litorais e ilhas inteiras
submergiriam devido ao aumento do nível do mar, e mais ondas de calor
causariam a diminuição de colheitas e até a perda de vidas.
“Apesar da afirmação errónea de que o aquecimento global já parou,
evidências mostram que uma vez que os conhecidos impactos do El Niño,
aerossóis vulcânicos e variabilidade solar são retirados das
observações, a tendência de aquecimento do sistema oceânico-atmosférico é
ininterrupta; e que isso continuará [potencialmente até 4ºC] a menos
que sérias ações de mitigação sejam tomadas”, diz o grupo.
“Que o aquecimento global continua inabalável na última década é
confirmado pelas medições oceânicas. Noventa por cento do calor
adicional que a Terra absorve é devido ao aumento dos gases do efeito de
estufa armazenados nos oceanos, e os milhares de robôs de mensuração
científica no oceano provam que eles continuam aquecendo a um ritmo
constante. Enquanto isso, satélites mostram que os níveis do mar também
aumentam de forma constante”, continuaram eles.
“As duas últimas décadas foram pontuadas por secas devastadoras (como o
dilúvio do Paquistão em 2010) que pode estar relacionado a uma
reestruturação da circulação atmosférica. Os sinais do clima estão
expressos pelo derretimento acelerado do gelo marinho do Ártico e pela
retração da maioria das geleiras no mundo todo para todos verem. E isso é
apenas o começo. Embora a ciência climática nos diga apenas o que pode
acontecer e não o que fazer sobre isso, sentimos que a inação é uma
perspetiva inaceitável”, acrescentaram os cientistas.
Já outros dados, do Coupled Model Intercomparison Project (CMIP5), são
ainda mais pessimistas: apontam um aumento de 6ºC nas temperaturas
planetárias até 2100 comparadas aos níveis pré-industriais caso não haja
nenhuma ação de mitigação. As consequências, nesse caso, seriam ainda
piores.
Felizmente, os investigadores indicam que pelo menos ações estão a ser tomadas por parte de algumas instituições.
“Em resposta a esses factos e números alarmantes, instituições
políticas cruciais (tais como o Conselho de Segurança da ONU), agências
internacionais (como o FMI) e associações empresariais (como o WBCSD)
concluem que a prosperidade do ser humano está a ser desafiada. O Banco
Mundial tem interesse particular na maioria das consequências evidentes
de que a natureza e a civilização teriam que enfrentar um mundo 4ºC mais
quente. E o Banco quer aprender quanto uma mudança no ambiente
planetário pode colidir com suas estratégias para o desenvolvimento
humano mundial e a redução da pobreza .”
Para isso, os cientistas afirmam que as próprias instituições estão a
pedir por uma estabilização climática agressiva, embora algumas das
consequências já não possam mais ser completamente eliminadas, e eles
acreditam que o tempo é curto para que decisões importantes sejam
tomadas.
“Instituições globais reconhecem que a ciência fala efetivamente com
uma só voz sobre a realidade das mudanças climáticas. Em 2015, a
comunidade global quer selar um acordo climático e também substituir as
Metas de Desenvolvimento do Milénio por Metas do Desenvolvimento
Sustentável. Dois anos é um período muito curto para criar a dinâmica
política necessária. Ainda assim o consenso científico cresceu
fortemente para garantir uma ação”, concluíram.
Artigo de Jéssica Lipinski do Fonte: Instituto CarbonoBrasil.
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