24 de set. de 2013

Luís Leiria lança livro de contos em São Paulo

Luís Leiria, editor do esquerda.net, lançou ontem o seu primeiro livro em São Paulo, Brasil. O inferno de outro mundo foi publicado pela editora Sundermann e reúne nove contos sobre vários temas. O historiador Valério Arcary frisou, na apresentação, que Luís “sempre acreditou que podemos construir um mundo que não seja um inferno”.
Num emocionado reencontro com velhos amigos da Convergência Socialista (atual PSTU), Luís Leiria lançou ontem o seu primeiro livro em São Paulo, Brasil. O inferno de outro mundo foi publicado pela editora Sundermann e reúne nove contos sobre vários temas. “Sempre tive dúvidas se a minha primeira coletânea de contos deveria ou não ser temática. Os editores normalmente preferem que os contos sigam um fio de continuidade. Os editores deste livro queriam que incluísse contos sobre a Revolução dos Cravos de Portugal, a mais incrível experiência que vivi quando tinha 17 anos”, contou Luís durante a apresentação do livro.
Luís aceitou a sugestão dos editores e incluiu dois contos que falam de Portugal no período pré-revolução e no período revolucionário. Além desses, outros do género fantástico, algumas distopias ou narrativas relacionadas com o período que viveu em São Paulo. Como não podia faltar, um conto maior, quase uma novela, a refletir a sua paixão pelo jazz. “Eu pensava fazer uma recolha só de contos fantásticos e distópicos. Mas acabei por ceder ao pedido dos editores que tão generosamente aceitavam correr o risco de publicar um autor iniciante.”
O lançamento aconteceu na Livraria Cortez, em Perdizes, e contou com a presença de 50 pessoas, em sua maioria antigos amigos – da Convergência Socialista, mas também do Departamento de Documentação da Editora Abril (Dedoc), onde Luís trabalhou por sete anos. Havia também alguns jovens e crianças, filhos e netos desses amigos. “É o nosso abraço ao Luís”, resumiu o historiador Valério Arcary, ao apresentar o autor.
Durante a sua apresentação, Valério, amigo de Luís desde antes da Revolução dos Cravos, relembrou alguns episódios da vida política comum em Portugal. “Luís foi um dos primeiros jovens a ter um direcionamento político que nos aproximou da IV Internacional”, referiu, citando a passagem do revolucionário peruano Hugo Blanco em Lisboa, em 1974, dois meses após a queda do regime salazarista. Hugo Blanco queria ver a revolução e fazer contactos em Portugal, e acabou por encontrar-se com vários estudantes do secundário, como Valério e Luís, e apresentar-lhes uma das correntes da IV Internacional.
Apesar do título do livro ser O inferno de outro mundo, Valério frisou que Luís “sempre acreditou que podemos construir um mundo que não seja um inferno”. “É um orgulho para nós que esse livro saia no Brasil”, concluiu. “Dizia Roberto Bolaño [escritor chileno]” - falou Luís durante a sua intervenção - “que para escrever romances não é preciso imaginação. Apenas memória. Os contos que estão nesta coletânea de uma forma ou de outra combinam lembranças. É a vantagem de começar a escrever depois dos 50 anos. Hoje arrependo-me de tê-lo feito tão tarde. Mas talvez esse defeito se transforme numa vantagem: tenho mais recordações para combinar.”

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