Júlio Lázaro Torma*
" Nós vimos o Senhor"
( JO 20,25)
Estamos no Caminho da Páscoa, onde celebramos o grande Domingo da Ressurreição do Senhor.
O Evangelista João nos apresenta a aparição de Jesus aos discípulos que
ocorre no entardecer do domingo de Páscoa.Onde ele une a Páscoa com o
Pentecostes, que se dá no entardecer do domingo.
Os discípulos estão sozinhos e com medo, após a morte de Jesus, estão
desorganizados, desorientados, como escrevia o profeta Zacarias: " ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas" ( Zc 13,7).
Quando morre um ente querido, ficamos desorientados e feridos, com a
sua perda, que causa muito medo e saudade. Pois perdemos aquela pessoa
que foi o suporte para a nossa
vida.
A comunidade apostólica está desorientada e no meio da dor, das
feridas, trancados em casa quando Jesus se faz presente. Lhes declara
Shalón, a paz plena e integral para a pessoa que a recebe.
Tomé, Dídimo, não está presente, na comunidade e não acredita na alegria de ver o ressuscitado.
Ele é o protótipo do cristão que só acredita, vendo e que não
acredita na alegria e na vida, da comunidade. Na transforma,ação em que
se tem quando se começa a participar e a viver em comunidade. Muitas
vezes as nossas dores são maiores no isolamento e quando participamos e
vivemos na comunidade elas se tornam leves.
Tomé no meio da sua dor só acredita vendo e toca com os dedos nas feridas das mãos, põe a mão no lado.
Nas feridas daquele que por amor, carregou as nossas dores e as
feridas em que nós carregamos nas nossas vidas e no nosso dia a dia.
O mundo hoje carrega as suas dores da violência normativa, do tráfico
de drogas, do tráfico de pessoas, das guerras, da exclusão social, da
fome, miséria, pobreza, desigualdades sociais que faz com que vivemos
sem esperança, muitas vezes frustrados, perdidos e distantes da fé. Onde
o socorro e a paz parecem que não vem de lugar algum.
Tocamos como Tomé, nas feridas do Ressuscitado daquele que carregou
sobre si as nossas dores, não vamos ter medo. E ao tocar as suas
feridas, dizemos como canta o Pe. Antônio Maria:
" Cura Senhor, onde dói
Cura Senhor, bem aqui
Cura Senhor, onde eu não posso, eu".
Deixamos que o seu lindo olhar nos envolva e nos cure de todo o mal
que nos aflige e que faz com que ficamos com medo e carregando as
feridas
não cicatrizadas. O mundo vive sem esperança e entristecido pelas dores
e feridas e nos exige uma palavra de consolo e testemunho.
Como os discípulos outrora entristecidos pela dor da morte corporal de
Jesus, não tenhamos medo de fazer a experiência do Ressuscitado. Vamos
deixar o Ressuscitado, tocar com o seu amor e em nossas vidas e vamos
levar ao mundo a alegria da Ressurreição, da Vida Nova e dizermos
alegremente como os discípulos á Tomé:
" Nós vimos o Senhor" ( Jo 20,25) e como Tomé dizemos " Meu Senhor e meu Deus" ( Jo 20,28);Porque somos felizes por crer sem ter visto o Senhor, com os nossos olhos
físicos.
São João 20,19-31
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* Membro do Colégiado Nacional da Pastoral Operária
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