Júlio Lázaro Torma*
" Hipócritas! Por que vocês me tentam?"
( Mt 22,18)
Neste final de semana somos chamados a meditarmos sobre a " moeda de César".
Um dos textos bíblicos mais má ou ideologicamente usados por aqueles
que querem manipular a Palavra de Deus segundo os seus interesses e
manter os seus status quo.
O presente texto se encontra em Marcos 12,15-22; Lucas 20,20-26 e as comunidades Mateus a melhoraram.
A Palestina no século I, vivia sob o domínio romano e tinham que
pagar impostos, pedágios nas estradas para Roma, o que causava o
empobrecimento e a miséria no povo e um crescente descontentamento
popular. A população pagava dois impostos um pró Templo e o outro a Roma
que era o denário.
No denário havia uma efíge
de Tibério César e a inscrição:" TIBERIUS CAESAR, DIVINI FILIUS AUGUSTUS". No reverso podia se ler: " PONTIFEX MAXIMUS'.
Na qual Cesar era divinificado e declarado como " Senhor do céu e da terra".
Após Jesus calar a boca das autoridades político- religiosa do Templo,
sobre a sua autoridade ( Mt 21,23-27), os fariseus e os herodianos (
partidários de Herodes Antipas e defensores de Roma), armam uma
armadilha para Jesus e mandam os seus discípulos confronta-lo.
Se ele declara que não deve pagar imposto a César, ele é acusado de
incentivar uma revolução, se declara que deve pagar, a sua palavra é
usada pelos políticos para desacredita-lo perante as massas empobrecidas
que o segue.
Jesus como sem terra, sem trabalho fixo, sem
casa, andarilho não é obrigado a pagar imposto e nem está sob o domínio de uma autoridade.
Ele mostra que eles estão submetidos e escravizados a autoridade do
imperador que se declara deus, no lugar do verdadeiro Deus, que liberta.
" Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém, a órbita terrestre e todos os que nela habitam" ( Sl 24,1).
Na qual Deus que tudo pertence e a ele que devemos optar e escolher a
servir. Quando Jesus fala:" dá a César o que é de César e a Deus o que é
de Deus" e que o " meu reino não é deste mundo" ( Jo 18,36), ele não
está desprezando o mundo na qual vivemos e nem com a política.
Jesus não está preocupado com impostos, mas sim com o povo, com o ser
humano,pois o povo pertence a Deus. O imposto só é justo quando reverte
em beneficio do bem comum. Jesus condena a
transformação do povo em mercadoria que enriquece e fortalece tanto a
dominação interna como estrangeira, assim como a política que não é
praticada em beneficio do bem comum ,mas em proveito próprio.
Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, exige de nós
escolhermos o caminho, se queremos ser coniventes com práticas injustas e
corruptas.
Dar a Deus que é de Deus é ter os mesmos
sentimento de Deus de acolher os migrantes, defender os mais
empobrecidos os amados por Deus. Não ser conivente e nem praticar ou
justificar a corrupção este câncer que está impregnado e corrói a nossa
sociedade desde nós até as altas esferas da sociedade.
Se
sou político não devo aceitar a corrupção, nem pactuar ou usar a
política em meu beneficio próprio ou influenciar a sociedade com os
interesses da minha igreja, religião, desrespeitando a pluralidade, ou
impondo a sua fé sobre os outros, se achando que ele é o melhor.
Ser cristão é dar testemunho da fé e da esperança aos outros e estar a
serviço dos outros,principalmente dos mais pobres e necessitados; está é
a única maneira de dar-lhe um gosto de acreditar e esperar.
Quanto o Evangelho de hoje, Santo Agostinho de Hipona disse:
" Como César procura a sua imagem em uma moeda, Deus procura a sua
imagem em sua alma. Dai a César, diz o Salvador, que é devido. Requer de
que César? Sua imagem. Que o Senhor pede de ti? Sua imagem. Mas a
imagem de César em uma moeda, á imagem de Deus está dentro de você".
Mt 22,15-21
_____________________
* Membro do Colegiado Nacional da Pastoral Operária
Nenhum comentário:
Postar um comentário