17 de out. de 2014

As Duas faces

                                 Júlio Lázaro Torma*
                                              " Hipócritas! Por que vocês me tentam?"
                                                                                          ( Mt 22,18)
     Neste final de semana somos chamados a meditarmos sobre a " moeda de César". Um dos textos bíblicos mais má ou ideologicamente usados por aqueles que querem manipular a Palavra de Deus segundo os seus interesses e manter os seus status quo.
   O presente texto se encontra em Marcos 12,15-22; Lucas 20,20-26 e as comunidades Mateus a melhoraram.
    A Palestina no século I, vivia sob o domínio romano e tinham que pagar impostos, pedágios nas estradas para Roma, o que causava o empobrecimento e a miséria no povo e um crescente descontentamento popular. A população pagava dois impostos um pró Templo e o outro a Roma que era o denário.
     No denário havia uma efíge de Tibério César e a inscrição:" TIBERIUS CAESAR, DIVINI FILIUS AUGUSTUS". No reverso podia se ler: " PONTIFEX MAXIMUS'.
    Na qual Cesar era divinificado e declarado como " Senhor do céu e da terra".
   Após Jesus calar a boca das autoridades político- religiosa do Templo, sobre a sua autoridade ( Mt 21,23-27), os fariseus e os herodianos ( partidários de Herodes Antipas e defensores de Roma), armam uma armadilha para Jesus e mandam os seus discípulos confronta-lo.
   Se ele declara que não deve pagar imposto a César, ele é acusado de incentivar uma revolução, se declara que deve pagar, a sua palavra é usada pelos políticos para desacredita-lo perante as massas empobrecidas que o segue.
    Jesus como sem terra, sem trabalho fixo, sem casa, andarilho não é obrigado a pagar imposto e nem está sob o domínio de uma autoridade.
    Ele mostra que eles estão submetidos e escravizados a autoridade do imperador que se declara deus, no lugar do verdadeiro Deus, que liberta.
    " Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém, a órbita terrestre e todos os que nela habitam" ( Sl 24,1).
     Na qual Deus que tudo pertence e a ele que devemos optar e escolher a servir. Quando Jesus fala:" dá a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" e que o " meu reino não é deste mundo" ( Jo 18,36), ele não está desprezando o mundo na qual vivemos e nem com a política.
    Jesus não está preocupado com impostos, mas sim com o povo, com o ser humano,pois o povo pertence a Deus. O imposto só é justo quando reverte em beneficio do bem comum. Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece e fortalece tanto a dominação interna como estrangeira, assim como a política que não é praticada em beneficio do bem comum ,mas em proveito próprio.
    Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, exige de nós escolhermos o caminho, se queremos ser coniventes com práticas injustas e corruptas.
     Dar a Deus que é de Deus é ter os mesmos sentimento de Deus de acolher os migrantes, defender os mais empobrecidos os amados por Deus. Não ser conivente e nem praticar ou justificar a corrupção este câncer que está impregnado e corrói a nossa sociedade desde nós até as altas esferas da sociedade.
   Se sou político não devo aceitar a corrupção, nem pactuar ou usar a política em meu beneficio próprio ou influenciar a sociedade com os interesses da minha igreja, religião, desrespeitando a pluralidade, ou impondo a sua fé sobre os outros, se achando que ele é o melhor.
    Ser cristão é dar testemunho da fé e da esperança aos outros e estar a serviço dos outros,principalmente dos mais pobres e necessitados; está é a única maneira de dar-lhe um gosto de acreditar e esperar.
    Quanto o Evangelho de hoje, Santo Agostinho de Hipona disse:
    " Como César procura a sua imagem em uma moeda, Deus procura a sua imagem em sua alma. Dai a César, diz o Salvador, que é devido. Requer de que César? Sua imagem. Que o Senhor pede de ti? Sua imagem. Mas a imagem de César em uma moeda, á imagem de Deus está dentro de você".               
Mt  22,15-21
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   * Membro do Colegiado Nacional da Pastoral Operária

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