Júlio Lázaro Torma*
" Mestre, qual é o maior mandamento da Lei ?"
( Mt 22,36)
Após o embate de Jesus com
os fariseus e herodianos sobre a " moeda de César" ( Mt 22, 15-21) e ter
silenciado o partido dos saduceus, que eram ligado ao poder financeiro (
chefes do Sinédrio), aliado dos romanos, sobre o tema da ressurreição (
Mt 22,23-33).
No tempo de jesus as pessoas eram obrigadas
a cumprir 613 mandamentos, 248 prescrições e 365 proibições. As pessoas
humildes não conseguiam cumprir e eram chamadas de" menos informados", "
ignorantes", de " quem não está com nada" e " povinho, que não conhece a
Lei é maldito" ( Jo 7,49) e que não entrariam no Reino dos céus.
Os fariseus levam o debate deles para pegar Jesus sobre o amor a Deus e amor ao próximo o que seriá mais importante?
Ele responde á um Amor, mas tem dois destinatários Deus e o
próximo. Não é um sem o outro, os dois juntos...o que dizer?
" A Palavra de Deus faz sentido: Amarás o Senhor teu Deus...Amarás teu
próximo. O segundo mandamento é como o primeiro, mas não há um único
amor.Há uma única fonte, mas dois rios diferentes", como escreve o teólogo francês Patrick Jacquemont.
Ao amar o nosso próximo estamos manifestando a nossa filiação
divina " Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus
e todo o que ama é nascido de Deus", pois " Deus é Amor" ( I Jo 4,7-8).
E como Deus nos ama, nós devemos amar nos mutuamente, e isso traz
algumas exigências preferenciais como defender aqueles que são vítimas
da exclusão social ( Ex 22,20-26) e como fala Jesus acolher" aqueles
que tem fome, sede, são
migrantes, estão nus, enfermos e presos" ( Mt 25,31-45).
Isso exige o amor a DEUS, como podemos falar que amo a Deus? e desprezo o
meu próximo que esta ao meu lado, que tem os seus direitos básicos
negados.
Um cristão, deve ser " movido por grandes sentimentos de amor",
como fala Ernesto Che Guevara, isso faz com que saímos de nós mesmos e
do nosso comodismo, individualismo. Vivemos numa sociedade a onde devo
me importa com o " eu", com o
cada um por si e deus por todos; o que importa é eu me dar bem. Não
importa o outro, os seus sentimentos, problemas e angústias.
Onde vale é a livre concorrência o mundo é dos espertos, dos bons.
A nossa sociedade se concentrou no " eu", onde importa sou eu, a fé e a
religião é aquela que me agrada, eu faço o meu mandamento e não aceito exigências.
E se critica aqueles que defendem e fazem algo para os pobres e
querem a sua dignidade como filhos e filhas de Deus. Amar a Deus que não
vejo é amar o próximo que vejo que esta ao meu lado, bem como aquele
que não conheço, que nunca vi, pois só assim estou de fato e
concretamente amando a DEUS,pois essa é a exigência do Evangelho e do
seguimento de Jesus, só assim somos discípulos de fato.
O escritor francês Eric Julien nos traz está reflexão:
"
Por que é tão difícil amar a Deus? Porque significa amar o próximo. E
por que é tão difícil amar o próximo? Porque devemos amá-lo como a si
mesmo, e que muitos sabem o amor pelo seu valor justo.E como amamos a
nós mesmos? Tentamos olhar como Cristo está assistindo. Com o
maior respeito, ternura e ... paciência"
_______________________________________
* Membro do Colegiado Nacional da Pastoral Operária
Nenhum comentário:
Postar um comentário