Júlio Lázaro Torma
Passado o período eleitoral vem o tempo de se analisar o que
aconteceu, no caso a derrota do PT e do governo Tarso no último domingo
de outubro de 2014.
O Estado do Rio Grande do Sul sempre foi considerado vanguardista, politizado em relação aos outros estados da federação.
Em primeiro lugar desde a redemocratização do país em 1985, nenhum
partido se reelegeu para ocupar o Palácio Piratini, bem como a velha
ARENA, hoje
Partido Progressista ( PP), tem ocupado a cadeira de Júlio de Castilho ( * 1860-+ 1903).
O povo gaúcho tem a cultura da alternância de governo assim foi com
Pedro Simon( PMDB) de 1987-1990; Alceu Collares ( PDT) de 1991-1994;
Antônio Britto ( PMDB) DE 1995-1998; Olívio Dutra ( PT) de 1999-2002;
Germano Rigotto ( PMDB) de 2003-2006; Yeda Cruzius ( PSDB) de 2007-2010 e
Tarso Genro ( PT) de 2011-2015.
Onde parece que continua aquela velha
rivalidade herdada da era castilhista ( 1890-1930), da eterna
rivalidade entre chimangos ( Partido Republicano Rio-grandense/ PRR) e os
maragatos do Partido Libertador ( PL), e depois PTB, PL.
O debate ideológico existente desde a revolução farroupilha (
1835-1845), entre república x monarquia, positivismo x
federalismo;trabalhismo x anti trabalhismo;defensor da ditadura x
oposição, direita x esquerda, neoliberalismo x estatismo.
Que marcou os
debates e disputas no pampa no final do século XIX e o século XX, parece que não existe mais na pampa.
Mas a disputa entre PT x PMDB, continua reinando no estado. Um dos
pontos fortes foi o antipetismo, em que as pessoas falavam " odeio o
PT", " temos que tirar o PT do poder", mas não sabiam explicar o porque
deste ódio ao PT ou a pessoa do Tarso Genro, não respondiam ou
simplesmente fugiam do assunto, usavam argumentos delirantes sem
fundamentação.
A vitória de Sartori ( PMDB) 61% sobre Tarso Genro ( PT)
38%, mostrou uma despolitização e infantilização da política sem um
debate ideológico de projetos de estado. Tal despolitização levou á um
discurso de ódio que empobrece cada vez mais a política e a democracia.
Jamais o eleitorado que votou no PP ou PDT no primeiro turno votaria
em Tarso ou no PT. Visto que o PP um partido de direita e o PDT um
partido de centro direita que não tem mais nada de brizolismo no Rio
Grande do Sul.
O povo gaúcho que
era considerado a vanguarda da politização se converteu em vanguarda da
despolitização e da falta de uma ideologização da política e dos
partidos.
Sartori além de representar está desideologização, representa uma
nova fase do capitalismo gaúcho que está se formando e tendo força no
pampa. Um capitalismo pós moderno imaterial, tecnológico e urbano,
aliado a uma sociedade do espetáculo, há onde a pessoa se identifica com
aquele que usa o humorismo, como demostrou a campanha eleitoral de
Sartori.
Do outro lado a campanha Tarso, parece que quis usar os velhos e
conhecidos métodos políticos da direita em atacar Sartori. Que em vez de
ajudar a campanha de Tarso,parece que contribuiu para a vitória de
Sartori e fortaleceu o antipetismo no estado.
Mesmo que Tarso tivesse conseguido a renegociar as dividas do estado
com a união e pago o piso do funcionalismo estadual como ele desejava
não se reelegeria.
Se Tarso tivesse ganhado de Sartori e derrubado a barreira do
antipetismo e da alternância de governo, teria realizado um grande feito
em que partido e governador algum conseguiu realizar nestas três
décadas de democratização mais longa da História Republicana do Rio
Grande do Sul e do Brasil.
Esta
é a pergunta que fica com todas as melhoras que o governo petista fez
no estado, aliado ao governo Dilma e após ter pego um estado quebrado e
sucateado deixado pelo desgoverno, goverlixo de Yeda Cruzius, e colocado
nos eixos, o que aconteceu?
Nenhum comentário:
Postar um comentário